terça-feira, 31 de agosto de 2021

Percepção parcial sobre o pouco destaque às paraolimpíadas

Adilson Roberto Gonçalves
IPBEN Unesp Rio Claro

A Folha de S. Paulo quis saber de seus leitores a percepção sobre a valorização da paraolimpíada em relação à olimpíada. A pergunta feita foi essa:

“Por que o Brasil vai bem nas paralimpíadas [sic] mas isso tem pouco destaque?”

O jornal não informa quantos responderam à enquete. Foram publicadas somente cinco respostas na edição de 29 de agosto de 2021, na seção Painel do Leitor, página A3 do impresso. Desses comentários selecionados, um dizia sobre nossas próprias barreiras para enxergar a superação das limitações desses atletas, citando o ministro da Educação e suas falas recentes quanto a pessoas com deficiências atrapalharem o processo educacional. Outra leitora argumentou que o movimento paraolímpico é recente e que, por isso, ainda não atraiu o devido investimento e patrocínio. No entanto, cabe informar que os Jogos Paraolímpicos começaram em 1960, em Roma, ou seja, há 61 anos. Uma indignação sobre essa menor valorização compôs outro registro e a quarta manifestação afirmava que, na opinião da autora, os brasileiros estão acostumados a criar heróis, enquanto os atletas seriam deuses.

A quinta manifestação – a única de um homem – de minha autoria, sofreu uma mudança de uma palavra, além de cortes significativos no texto enviado, o que mudou o sentido da opinião. Reproduzo na íntegra o material enviado:

O menor reconhecimento aos atletas paraolímpicos, creio eu, é devido à vergonha da capacidade alheia, ou seja, como é que alguém amputado, com deficiências, consegue tal desempenho e eu reclamando da dor no joelho, de usar óculos, e de outras pequenezas? Com os atletas olímpicos, tal barreira não existe porque a comparação muda de patamar, sendo exemplos para os quais justificamos serem inatingíveis em função do alto desempenho em corpos melhores que os nossos.

As frases finais em itálico foram omitidas e o termo olímpicos, destacado em negrito, foi substituído por paralímpicos pelos editores. O trecho inicial “vergonha da capacidade alheia” foi substituído por “vergonha da nossa incapacidade”. Na intenção de simplificar, o editor alterou o significado do comentário.

Ainda que a opinião publicada não reproduza exatamente o pensamento do leitor, o recorte feito é significativo quanto ao desconhecimento que ainda se tem sobre esportes de alto rendimento praticado por pessoas com deficiências e sua importância no enredo social, cultural e econômico do país.

Anatomia de um surto da variante Delta

Uma professora retirou a máscara para ler durante a aula provocou 26 novas infecções pela variante Delta, mostra rastreamento.

Eduardo Kokubun - UNESP



A professora, não vacinada, apresentou congestão nasal e cansaço e pensou estar com alergia. Foi trabalhar normalmente. Durante a aula para seus 24 alunos do ensino fundamental, retirou a máscara para ler em voz alta. Todas as carteiras tinham o distanciamento de 1,80 m, a sala de aula estava com janelas e portas abertas, com sistema de filtragem do ar. O uso de máscaras era obrigatório pelos professores, funcionários e alunos naquela escola. Vinte dias depois, 26 pessoas tinham sido infectadas pela variante Delta, confirmadas por testes RT-PCR ou teste de antígeno e também por sequenciamento genético.

O surto relatado pelos Centros de Controle de Doenças (Centers of Disease Control - CDC) dos EUA ocorreu em maio deste ano numa escola de educação fundamental do condado de Marin de 259 mil habitantes na Califórnia. Na época, a vacinação contra a Covid-19 alcançava somente adultos, e estava com 71% da população vacinada com pelo menos uma dose e 61% com dose completa. A variante Delta representava apenas pouco mais de 2% no estado.



Marin é um condado com população um pouco maior do que Rio Claro, porém distribuída por uma área geográfica 4 vezes maior. Na época do surto, registrava 1/4  dos casos, tinha proporção de vacinados similar, porém maior de pessoas com vacinação completa em relação a Rio Claro em final de agosto.

O Departamento de Saúde Pública do Estado de Califórnia analisou amostras de 231 pessoas, entre alunos, professores, funcionários e parentes da escola. O rastreamento mostrou que um dos alunos expostos ao vírus da professora passou a noite na casa de um aluno de outra classe. Esse outro aluno infectou outros dois alunos e um irmão/irmã.  No final do rastreamento, em 20 dias, 12 dentre os 24 alunos da classe da professora foram infectados, 6 alunos de outra classe, 5 irmãos dos alunos e 3 pais. Na classe original, todos os alunos sentados na fileira mais próxima da professora foram infectados. A chance de infeção foi menor nas fileiras mais afastadas, mas nem alunos da fileira mais distante escaparam.

Esse episódio ilustra como as várias camadas de proteção precisam ser rigorosamente seguidas. O surto ocorreu num momento de baixa transmissão e óbitos, com cobertura vacinal elevada. O uso de máscara era obrigatório a todos na escola, a sala de aula estava adequadamente ventilada, carteiras com distanciamento de 1,8 m conforme normas adotadas no condado, quase o dobro de 1 m prevista no estado de São Paulo. Porém, a retirada da máscara pela professora removeu uma das camadas de proteção. A maior transmissibilidade da variante Delta potencializou a transmissão infectando crianças, que também  foram capazes de transmitir o vírus a outras crianças e adultos. 

O surto reforça a necessidade de vacinar as pessoas que mantém contato direto com alunos não elegíveis para a vacinação, sobretudo quando variantes mais transmissíveis estão em circulação. Além disso, qualquer sintoma gripal no atual contexto da pandemia deve ser tratado como suspeita de Covid-19 com o isolamento imediato da pessoa. 

Rio Claro ainda apresenta indicadores da pandemia desfavoráveis em relação ao momento em que o episódio ocorreu em Marin. Nesse contexto, as medidas não farmacológicas de proteção, como distanciamento físico, evitar aglomerações e ambientes mal ventilados, higiene e principalmente uso de máscaras continuam essenciais.  Não podem ser negligenciadas em nenhum momento.

O QUE FOI NOTÍCIA - Newsletter da Revista VEJA-Coronavírus - 31/08/2021

 Alexandre Perinotto - IGCE/Unesp

O QUE FOI NOTÍCIA

Resumo da Newsletter VEJA – Coronavírus31/08/2021

 

Até o momento, a pandemia do novo coronavírus já deixou 217.190.410 contaminados e 4.511.602 mortos no mundo. No Brasil são 20.752.281 contaminados e 579.574 mortos. Os dados são da Universidade Johns Hopkins.

O número de doses de vacina aplicadas no planeta chegou a 5,26 bilhões. No Brasil são 191.003.705 de unidades administradas. Os dados são da Bloomberg (mundial) e de VEJA (nacional).

 

DOSES ADIADAS
O Instituto Butantan não vai concluir a entrega de 54 milhões de doses da CoronaVac para o Ministério da Saúde até esta terça-feira, como estava previsto. A quantidade se refere ao total de doses do segundo contrato com o governo federal. A previsão era finalizar a entrega um mês antes do prazo, que vence em setembro. Segundo Dimas Covas, diretor do instituto, a reprogramação aconteceu por dois fatores: a manifestação da Saúde de excluir a CoronaVac para a 3ª dose e os contratos que o Butantan tem com outros estados e países. Covas ressaltou que a quantia restante será entregue "o mais rápido possível, mas dentro dessa nova realidade" devido ao fato do ministério "descaracterizar e descredenciar a vacina".

VACINAS EM SETEMBRO
De acordo com o cronograma de entregas de vacinas do Ministério da Saúde, são esperadas para o mês de setembro 62,2 milhões de doses. A quantia é cerca de 9% menor do que a cota prevista para o mês de agosto, que conta com 68,7 milhões de imunizantes. A conta da pasta considera 12 milhões de doses da vacina de Oxford-AstraZeneca, fornecidas pela Fiocruz; 6,1 milhões de doses da CoronaVac, do Instituto Butantan, e 44,5 milhões de doses da Pfizer-BioNTech, enviadas pela própria farmacêutica. Essa será a maior entrega de vacinas da Pfizer realizada até o momento. Para o próximo trimestre estão previstas mais 226,7 milhões de unidades. 

RESTRIÇÕES A VIAGENS
A União Europeia recomendou aos países do bloco a suspensão de viagens não essenciais de residentes dos Estados Unidos e de outros cinco países: Kosovo, Israel, Montenegro, Líbano e Macedônia do Norte. Agora, viajantes dessas nações precisam realizar quarentena e apresentar teste negativo para Covid-19, caso não estejam vacinados. Desde junho, turistas que saem dos EUA podiam entrar na União Europeia sem restrições, mas o aumento de casos devido à variante delta no país, especialmente entre os não imunizados, fez o conselho europeu voltar atrás. Agora, cabe a cada nação da UE decidir sobre a recomendação do bloco. 

ESTRATÉGIA NO JAPÃO
Para acelerar o ritmo da vacinação contra a Covid-19, o Japão estuda a possibilidade de misturar doses da vacina Oxford-AstraZeneca contra a Covid-19 com as fabricadas por outras empresas, como a Pfizer-BioNTech e Moderna. Os japoneses acreditam que essa poderia ser uma solução para agilizar a campanha de imunização já que encurtaria os intervalos entre a primeira e a segunda injeção. Atualmente, o Japão luta contra sua pior onda de contaminações por causa da variante delta. Em relação à imunização, o país, que havia iniciado a campanha de forma lenta, atingiu 44,9% da população totalmente protegida.

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

O QUE FOI NOTÍCIA - Newsletter da Revista VEJA-Coronavírus - 30/08/2021

 Alexandre Perinotto - IGCE/Unesp

O QUE FOI NOTÍCIA

Resumo da Newsletter VEJA – Coronavírus30/08/2021

 

Até o momento, a pandemia do novo coronavírus já deixou 216.475.602 contaminados e 4.502.294 mortos no mundo. No Brasil são 20.741.815 contaminados e 579.308 mortos. Os dados são da Universidade Johns Hopkins.

O número de doses de vacina aplicadas no planeta chegou a 5,22 bilhões. No Brasil são 189.576.824 de unidades administradas. Os dados são da Bloomberg (mundial) e de VEJA (nacional).

 

ÓBITOS EM QUEDA NO PAÍS

A média móvel de mortes por Covid-19 caiu para 683, chegando ao terceiro dia consecutivo abaixo de 700, segundo o levantamento de VEJA. Desde o dia 22 de junho a taxa não apresenta alta e, no domingo, completou sete dias em queda. Na comparação com catorze dias atrás, a redução foi de 19,06%. O índice de casos segue o mesmo padrão e não registra alta há mais de dois meses. No domingo, ficou em 24.417,7, o menor desde 12 de novembro de 2020. Estes números são resultados do avanço na campanha de vacinação – o país conta com mais de 60% da população vacinada com a primeira dose e mais de 28% com as duas.

 

DOSE DE REFORÇO

A Anvisa pediu ao Instituto Butantan dados sobre a necessidade ou não de ser aplicada uma terceira dose da CoronaVac em toda a população. O mesmo pedido foi feito pela agência aos laboratórios responsáveis pelos outros três imunizantes aplicados no país: Oxford-AstraZeneca, Janssen e Pfizer. A Anvisa quer saber desses laboratórios se há dados científicos que possam subsidiar a discussão sobre doses adicionais. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, já anunciou que aplicará doses de reforço em idosos com mais de 70 anos e pessoas com deficiência do sistema imunológico a partir de 15 de setembro. Estados e municípios também já divulgaram calendários para a injeção de reforço.

 

TERCEIRA DOSE PELO MUNDO

Se no Brasil a aplicação da dose de reforço deve começar em breve, países como Israel, Rússia e Turquia já iniciaram a administração de injeções extras nas populações. Essa necessidade passou a ser amplamente discutida devido a novos surtos de Covid-19 causados pela variante delta. Em Israel, a aplicação da terceira dose em pessoas com mais de 60 anos começou no fim de julho e já está na faixa dos 30 anos. Na Rússia, aqueles que tomaram a segunda injeção da Sputnik V há mais de seis meses já podem receber a terceira. Na Turquia, o governo decidiu aplicar uma dose da Pfizer em pessoas que receberam a CoronaVac. Chile, Uruguai, Bélgica, Emirados Árabes, EUA e Reino Unido são países que também adotaram ou vão adotar a estratégia.

 

VACINAS PARA MENORES DE 12 ANOS

As crianças são menos suscetíveis ao novo coronavírus, mas elas podem se infectar e são transmissoras. Felizmente, elas têm menos chance de ficarem gravemente doentes, mas isso não quer dizer que não corram esse risco. Por isso, muitos pais questionam quando os menores de 12 anos poderão ser vacinados.


sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Centenário do aniversário de Paulo Freire

 

Márcia Correa Bueno Degasperi

Unesp


Centenário do aniversário de Paulo Freire


A menos de um mês do centenário do aniversário de Paulo Freire, próximo 19 de setembro, vários eventos estão sendo realizados em homenagem ao patrono da educação.

Desde janeiro, a Biblioteca do câmpus de Rio Claro publica no dia 19 uma homenagem ao educador em suas redes sociais. No próximo mês, será divulgada uma exposição virtual dos livros do acervo de Paulo Freire.

No próximo mês, será divulgada uma exposição virtual dos livros do acervo de Paulo Freire.

Agradecemos à equipe da Biblioteca, em especial à bibliotecária Angela Ferraz e à nossa egressa Fabiana Ventura por todo esse trabalho.
Para ver as postagens, clique aqui.




A ciência e a situação atual da CPI da pandemia

Adilson Roberto Gonçalves
IPBEN Unesp Rio Claro

A Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado Federal para apurar ações e omissões de governos e governantes na condução da pandemia no Brasil está se aproximando de seu encerramento. Houve grande avanço na investigação de contratos suspeitos, tráfico de influência no Ministério da Saúde e outros órgãos governamentais, posições negacionistas criminosas de autoridades e foi dado um espaço para que cientistas pudessem esclarecer a população sobre epidemiologia, vacinação, higienização e a dinâmica de doenças e sua prevenção.

Dois nomes de destaque foram a bióloga Natalia Pasternak e o infectologista Pedro Hallal, os quais, de forma muito clara e objetiva, mostraram o trabalho que já vêm realizando de divulgação científica. Ambos estiveram recentemente no webinário sobre "o lugar do Brasil no mundo pós-pandemia", promovido pela revista CartaCapital, que pode ser acessado pelo link https://www.youtube.com/watch?v=NPe3kqXAi5I.

Este Boletim Anti-Covid acompanhou de perto as audiências e oitivas da CPI, fazendo resumos das reuniões, também com análise crítica de discursos, uso de termos e palavras, impactos científicos positivos e negativos e dando ênfase nas medidas de distanciamento social, imunização, higienização e uso de máscaras de proteção. A diminuição da presença dessa atividade parlamentar nas postagens não foi pela diminuição do interesse e da importância, mas, sim, porque as questões científicas - objeto principal do BAC - foram substituídas pelas de natureza contratual, política e econômica.

Como se vê nos depoimentos recentes dos doutores Hallal e Pasternak, o cientista deve ter como atividade rotineira a divulgação da ciência que ele faz, que ele presencia e da qual entende, para levar à população esclarecimentos em face de tanto obscurantismo a que se é bombardeado. Não é uma questão de missão ou vocação. Esperamos que tais atividades passem a ser mais corriqueiras no âmbito da Universidade.

Variantes, adesão insuficiente e perda de imunidade levam a mudanças na vacinação

Após oito meses, as estratégias de vacinação vem sofrendo ajustes, impulsionadas pela mutação do vírus, resistência à vacinação e perda de imunidade.

    Eduardo Kokubun - UNESP



    A vacinação contra a covid-19 vem ocorrendo há oito meses em diferentes cantos do mundo e já é possível avaliar como ela funciona no mundo real. As vacinas desenvolvidas com velocidade sem precedente conseguem proteger contra novas infecções, dimunem internações e óbitos de quem recebe a dose no braço. Quem não recebeu tem maior chance de ficar doente, mais doente do que quem se vacinou, e mais chance de morrer. Mas o prejuízo não acaba aí. Quem não se vacinou ajuda a espalhar o vírus e pode levar a doença até mesmo para quem já se vacinou, principalmente àqueles mais vulneráveis. O vírus encontra a liberdade para circular em grande número de sucetíveis e a oportunidade para mutar.
    Vacinação, portanto, não se resume a desenvolver as substâncias a serem injetadas nas pessoas. Envolve estratégias de distribuição na população, priorizando quem, quantas e quando as pessoas devem receber as doses. As últimas semanas trouxeram várias novidades que afetam profundamente a estratégia vacinal, impulsionadas pelo aparecimento da variante Delta, adesão insuficiente à vacinação por parte da população e perda de imunidade, sobretudo em idosos e outros imunosuprimidos. 

Variante Delta

Com o avanço da variante Delta muito mais transmissível que as variantes ancestrais, será necessário expandir o alcance da vacinação para proporções maiores da população. Antes das vacinas aparecerem, estimava-se que seria necessária a vacinação de 60 a 70% da população. Por essas contas, em Rio Claro, seria necessário vacinar entre 125 a 145 mil pessoas. Até 25/08/2021, 149.820 pessoas tinham recebido pelo menos a uma dose e 79.127 estavam completamente imunizados.
 
A chegada da variante Delta mudou completamente esse cenário. Com maior transmissibilidade a cobertura vacinal teria que ser ampliada para algo entre 85% e 90% da população com uma vacina 100% eficaz. Como não existe vacina perfeita, a nova meta já é considerada impossível de ser alcançada por especialistas. Portanto, o novo coronavírus chegou para ficar: teremos que conviver tomando cuidados para evitar sua proliferação. Além disso, estudos mostraram que essa variante é capaz de driblar os efeitos protetores da vacina, principalmente naqueles que tomaram apenas a primeira dose.

Adesão insuficiente e passaporte da vacinação

Há uma grande dificuldade dos diferentes países do mundo avançar na cobertura vacinal. Reino Unido, Israel e Alemanha, por exemplo após um avanço rápido da vacinação estão vendo a proporção estacionar entre 60 e 70%. O Brasil, apesar da demora inicial, vem avançando de forma mais consistente nos últimos meses e  ultrapassou os Estados Unidos, em % de pessoas que tomaram a primeira dose pelo menos. Além disso, poucos países conseguiram superar a meta de imunização completa de 60%: Israel, que conseguiu avançar rapidamente, está estacionada na faixa de 62% há semanas. No Brasil, estamos ainda na faixa de 30%.

Pessoas não vacinadas representam um risco para a população. A variante Delta também complicou a situação, pois ela infecta pessoas vacinadas. Mesmo protegendo de formas mais graves, uma pessoa infectada com a Delta continua a transmitir a doença. Assim, para proteger a população e convencer as pessoas a se vacinarem, muitas autoridades implantaram medidas que exigem a comprovação de vacina para as pessoas frequentarem diferentes locais públicos e principalmente para viajarem. A exigência do chamado passaporte da vacinação não é totalmente endossada pela Organização Mundial de Saúde, porém em muitos países onde que o adotaram servem de incentivo para a adesão. Esta semana, vários municípios anunciaram a implantação de um passaporte da vacinação, que é uma medida aceita pela maioria dos prefeitos consultados pela Confederação Nacional dos Municípios.


Terceira dose

Outra implicação da vacinação no mundo real é a constatação de que a proteção diminui com o tempo. Na semana passada, a Anvisa já havia feito a recomendação para se considerar a aplicação de uma terceira dose em idosos e imunosuprimidos. A medida já vem sendo adotada em alguns países e as autoridades brasileiras em todos os níveis aderiram rapidamente. 

A medida não é endossada pela Organização Mundial de Saúde, que considera mais importante distribuir a dose para os muitos países que ainda estão muito atrasadas na cobertura vacinal. Contudo, o monitoramento da Covid-19 no país vem mostrando o aumento no número de casos, internações e óbitos em idosos. É a parcela da população mais vulnerável do que os mais jovens e que foram imunizados há mais tempo. Em Rio Claro são cerca de 16,6 mil pessoas com 70 anos ou mais incluídos no critério do Ministério da Saúde, que representam 8% da população. Se incluirmos idosos com 60 anos ou mais, conforme o critério do Estado de São Paulo, serão 35,6 mil pessoas ou 17%. Se essas doses de reforço forem retiradas das duas doses destinadas às crianças e adolescentes de Rio Claro com 3 anos ou mais, deixariámos de vacinar aqueles entre 3 a 5 anos, sabidamente melhor protegidas contra a doença.

Ainda não existem evidências robustas de que uma dose de reforço aumente a proteção vacinal, muito menos o efeito de aplicá-la com imunizante diferente das duas doses originalmente recomendadas. Porém, tudo indica que a prática se disseminará e rapidamente saberemos o quanto ela é acertada. No momento, com a disseminação acentuada da variante Delta, e outras que poderão surgir, parece ser estratégia plausível.


O QUE FOI NOTÍCIA - Newsletter da Revista VEJA-Coronavírus - 27/08/2021

 Alexandre Perinotto - IGCE/UNESP

O QUE FOI NOTÍCIA

Resumo da Newsletter VEJA – Coronavírus27/08/2021

 

Até o momento, a pandemia do novo coronavírus já deixou 214.718.823 contaminados e 4.476.525 mortos no mundo. No Brasil são 20.676.561 contaminados e 577.565 mortos. Os dados são da Universidade Johns Hopkins.

O número de doses de vacina aplicadas no planeta chegou a 5,11 bilhões. No Brasil são 185.855.483 de unidades administradas. Os dados são da Bloomberg (mundial) e de VEJA (nacional).

 

ELE VEIO PARA FICAR

Depois de um ano e meio de pandemia, os cientistas sustentam que o coronavírus se tornará endêmico – causando a doença de forma consistente e sem ser erradicado definitivamente. “Vamos ter de conviver com ele”, afirma o geneticista Salmo Raskin. Mas, dificilmente o microrganismo provocará o prejuízo avassalador e o drama amargados atualmente. Deverá ser mais como o vírus da gripe. Ele continua entre nós, mas existem as vacinas atualizadas anualmente para protegerem contra a cepa em circulação.

 

RISCO DE INFLAMAÇÃO

Um estudo realizado em Israel constatou que a Covid-19 traz um risco de inflamação cardíaca maior do que a vacina da Pfizer. A miocardite é um dos efeitos colaterais raríssimos relacionados ao imunizante. Conforme mostrou a pesquisa, ficar sem se vacinar ainda é um risco maior. A conclusão se baseou na análise de registros médicos de cerca de duas milhões pessoas. O resultado vem em um momento importante em que há grandes esforços para aumentar o número de pessoas imunizadas em todo o mundo.

 

DIFERENÇA ENTRE OS SEXOS

Os homens podem ser os maiores transmissores do coronavírus. É o que sugere um estudo do Instituto de Biologia da USP que analisou casais brasileiros não vacinados. Na maior parte dos casos, os homens foram os primeiros ou únicos a se infectar. A pesquisa ainda precisa passar por revisão da comunidade científica. Um estudo anterior já havia apontado que a carga viral na saliva dos homens é em média dez vezes maior do que na das mulheres.


quinta-feira, 26 de agosto de 2021

O QUE FOI NOTÍCIA - Newsletter da Revista VEJA-Coronavírus - 26/08/2021

 Alexandre Perinotto - IGCE/Unesp

O QUE FOI NOTÍCIA

Resumo da Newsletter VEJA – Coronavírus26/08/2021

 

Até o momento, a pandemia do novo coronavírus já deixou 213.967.020 contaminados e 4.464.245 mortos no mundo. No Brasil são 20.645.537 contaminados e 576.645 mortos. Os dados são da Universidade Johns Hopkins.

O número de doses de vacina aplicadas no planeta chegou a 5,06 bilhões. No Brasil são 183.585.403 de unidades administradas. Os dados são da Bloomberg (mundial) e de VEJA (nacional).

 

PFIZER NO BRASIL

A Pfizer e a BioNTech firmaram um acordo com a farmacêutica Eurofarma para produzir a vacina contra a Covid-19 no Brasil a partir de 2022. A carta de intenções já foi assinada e busca expandir a capacidade de fabricação dos imunizantes e abastecer a América Latina. Agora, o laboratório brasileiro passará a integrar a cadeia de fornecimento e a rede de produção globais Pfizer-BioNTech, que já conta com mais de vinte fábricas. A previsão é que sejam feitas no país mais de 100 milhões de doses do fármaco. Segundo o CEO da Pfizer, Albert Bourla, a colaboração ajudará a empresa americana a continuar fornecendo "acesso justo e equitativo" à vacina.

 

TERCEIRA DOSE

O Ministério da Saúde confirmou que o Brasil vai começar a aplicar doses de reforço em idosos acima de 70 anos que tenham tomado a segunda dose há seis meses e em pessoas imunossuprimidas que tenham recebido a segunda injeção há pelo menos 28 dias. A aplicação terá início no dia 15 de setembro e as vacinas utilizadas devem ser da Pfizer, AstraZeneca e Janssen. Em São Paulo, o governador João Doria anunciou que a administração da terceira dose terá início no dia 6 de setembro para pessoas com mais de 60 anos que tenham sido inoculadas há pelo menos seis meses. Todos os fármacos poderão ser usados. O ministro Marcelo Queiroga pediu que os estados sigam o PNI para não faltar doses.

 

JANSSEN: SEGUNDA DOSE

Uma dose de reforço da vacina contra a Covid-19 da Janssen aumenta em cerca de nove vezes os níveis de anticorpos contra a Covid-19 quando aplicada seis meses após a injeção única. Os dados completos do estudo serão enviados pela empresa para a agência que regula medicamentos nos Estados Unidos para que a vacina possa entrar como opção de reforço entre os imunizantes que serão oferecidos pelo governo americano a partir de setembro. A injeção de reforço tem sido adotada devido à variante delta do vírus. Diversos estudos já sugerem que níveis mais elevados de anticorpos oferecem melhor proteção, especialmente contra a cepa.

 

VENENO DE COBRA

Um estudo feito pelo Instituto de Química da Unesp de Araraquara (SP) mostra que o veneno da cobra brasileira Jararacuçu possui uma molécula capaz de impedir em até 75% a capacidade de reprodução do coronavírus nas células humanas. Trata-se de um fragmento de proteína chamado peptídeo – com ação antiviral e antibacteriana – que ao se ligar à enzima responsável por processar as moléculas que fazem a reprodução viral, inibe a multiplicação das partículas do vírus, dando tempo de o organismo produzir anticorpos. A pesquisa preliminar foi publicada na revista científica Molecules e testes em humanos ainda devem ser feitos. Vale ressaltar que a picada da cobra não ajuda no combate à Covid-19.

 

DESTINOS ABERTOS

Com o avanço da vacinação, a lista de países que aceitam a turistas brasileiros totalmente imunizados contra a Covid-19 sem a necessidade de cumprir quarentena aumentou. Na Europa, por exemplo Espanha, Alemanha França, Suíça e Irlanda permitem a entrada de pessoas que saem do Brasil. Na América, países como Canadá, México, Colômbia e Costa Rica também aceitam. Já na África e na Ásia, Egito, Marrocos, África do Sul e Maldivas autorizam a entrada de brasileiros. Cada nação determina suas condições e nem todas as vacinas são permitidas. Na Europa, a CoronaVac, muito aplicada no Brasil, é aceita por Áustria, Chipre, Espanha, Finlândia, Grécia, Islândia, Holanda, Suécia, Suíça e Ucrânia.

 

DISPENSA DE LICITAÇÃO

A Câmara dos Deputados aprovou a análise da medida provisória que autoriza que a aquisição de bens e serviços relacionados ao combate à pandemia seja feita com dispensa de licitação. Entre os bens incluídos nas regras simplificadas estão vacinas, medicamentos, material hospitalar e serviços de engenharia nos hospitais. O método pode ser adotado desde que o fornecedor se responsabilize pelas condições de uso e funcionamento. O texto prevê ainda que o gestor público justifique tecnicamente a compra e o preço contratado. Agora, a matéria segue para análise do Senado.


quarta-feira, 25 de agosto de 2021

O QUE FOI NOTÍCIA - Newsletter da Revista VEJA-Coronavírus - 25/08/2021

 Alexandre Perinotto - IGCE/UNESP

O QUE FOI NOTÍCIA

Resumo da Newsletter VEJA – Coronavírus25/08/2021

 

Até o momento, a pandemia do novo coronavírus já deixou 213.301.298 contaminados e 4.454.812 mortos no mundo. No Brasil são 20.614.866 contaminados e 575.742 mortos. Os dados são da Universidade Johns Hopkins.

O número de doses de vacina aplicadas no planeta chegou a 5,02 bilhões. No Brasil são 181.709.196 de unidades administradas. Os dados são da Bloomberg (mundial) e de VEJA (nacional).

 

TERCEIRA DOSE NO BRASIL

O Ministério da Saúde deve aplicar, a partir de 15 de setembro, uma terceira dose de vacina contra o coronavírus em cerca de 35 milhões de pessoas. A injeção de reforço seria recebida por indivíduos com o sistema de defesa debilitado, como idosos acima de 80 anos e imunossuprimidos, ou seja, transplantados recentemente, com câncer, queimaduras graves, entre outras condições, que receberam a segunda dose há pelo menos seis meses. Rosana Melo, secretária extraordinária de enfrentamento à Covid-19, disse que, caso seja preciso, a pasta deve optar por imunizar esses grupos novamente antes de aplicar a vacina em adolescentes sem comorbidades.

 

VARIANTE DELTA

Um estudo realizado na Coreia do Sul indica que infectados com a variante delta apresentam carga viral inicial 300 vezes maior do que aqueles contaminados pela cepa original. Nove dias depois, a concentração viral cai cerca de 30 vezes e chega ao mesmo nível do que é geralmente encontrado em contaminações por outras mutações. O problema é que a maior taxa de concentração no início da infecção faz com que o vírus seja transmitido mais facilmente de pessoa para pessoa. No Rio de Janeiro, onde a delta predomina, houve aumento na média móvel de mortes. No estado, a subida foi de 28,5% em comparação com quinze dias atrás. Já na capital, a situação é ainda pior, com acréscimo de 55,2%.

 

POLÊMICO PASSAPORTE

O presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers, Glauco Humai, se posicionou contra o passaporte da vacinação que deve passar a ser exigido na cidade de São Paulo para que a população frequente jogos de futebol, congressos, feiras de negócios e outros eventos. Humai reclama que não foi chamado para conversar em nenhum momento e que, se a medida for adotada nos shopping centers, iria gerar custo adicional aos administradores dos estabelecimentos. "Não vejo com bons olhos, pois, nesse momento, seria mais uma medida a atrapalhar o setor", disse. Segundo a prefeitura paulistana, o documento não seria exigido, num primeiro momento, em bares, restaurantes e shoppings.

 

DOSE DE REFORÇO EM ISRAEL

Israel expandirá seu plano de vacinação de reforço contra a Covid-19 para pessoas com mais de 30 anos. Atualmente, aqueles acima de 40 anos já faziam parte da nova campanha. De acordo com o Ministério da Saúde do país, a decisão seguiu uma recomendação de especialistas integrantes da força-tarefa de contingência e do comitê de vacinas israelense. Os reforços serão administrados a pessoas que receberam a segunda dose há pelo menos cinco meses. A medida é mais uma para tentar frear o avanço da variante delta. Nos Estados Unidos, o infectologista Anthony Fauci disse que o país pode controlar a pandemia no início de 2022 se a faixa da população vacinada aumentar.


terça-feira, 24 de agosto de 2021

Quanto falta para a covid endêmica?

Em 2020 a meta era achatar a curva. Em 2021, vacinar o maior número de pessoas com as doses necessárias para controlar o coronavírus e preparar para a fase endêmica: menos grave e menos letal.

Eduardo Kokubun - UNESP


Com o avanço da vacinação, os números da pandemia em Rio Claro vem despencando. Da semana entre 19 e 25/07 à semana entre 16 a 22/08,  as taxas de hospitalizações, mortes, incidência de casos e positividade de testes despencaram 74%, 43%, 43% e 12% respectivamente. Segundo critério da Organização Mundial de Saúde (OMS), Rio Claro alcançou no final da semana passada, risco baixo de hospitalizações, moderado de mortalidade, porém alto de novos casos e positividade. 



A melhora nos indicadores da pandemia é parcialmente devido às vacinas.  Elas foram desenvolvidas para reduzir a gravidade da doença, porém, quando aplicadas em grande número de pessoas na população, ajudam a diminuir a propagação do vírus.  Até agora em Rio Claro, cerca de 40% da população está completamente imunizada, ou com as duas doses, ou com a vacina de dose única. Outros 30% ainda esperam pela segunda dose, essencial para alcançar o máximo de imunidade que a vacina pode conferir. Pena que quase 5 mil pessoas ainda não se apresentaram para receber essa dose oferecida pelo SUS sem nenhum custo.







Embora os indicadores da pandemia estejam em queda em Rio Claro,  é bom lembrar que ainda estamos com alto risco de transmissão, como pode ser visto no gráfico acima. A pandemia somente deixará de ser uma ameaça, quando o novo coronavírus deixar de infectar tanta gente pelo mundo afora. Isso só será possível quando a vacina chegar ao braço de um maior número de pessoas em todos os países do planeta. Será endêmica, e portanto controlada, quando os números alcançarem a faixa de baixo risco da OMS, ou quando a altura das barras do gráfico alcançarem valores inferiores a um. 
Em hospitalizações, com o índice de risco de 0,58 a meta já foi alcançada. Mortalidade está com valor 1,6 vezes maior do que a meta enquanto a incidência (novos casos) está 3,07 vezes acima da meta. O número de casos positivos em relação ao número de testes realizados, chamado de positividade ainda tem muito a percorrer: 8,41 vezes acima da meta. 
A comparação com a situação há 4 semanas,  representada pelas barras vermelhas, mostra que avançamos.  Porém, precisamos trazer todos os indicadores para a zona de baixo risco. Somente quanto isso ocorrer, é que podemos considerar que a transmissão do novo coronavírus está controlada. 
O caminho para chegar lá: imunização completa com duas doses, não deixar o vírus circular livremente com o uso de máscaras, manter distância, evitar aglomeração e ventilação com ar fresco.


II Semana Virtual do Livro e das Bibliotecas da Unesp 2021

 

Márcia Correa Bueno Degasperi

Unesp


II Semana Virtual do Livro e das Bibliotecas da Unesp 2021


É com imenso prazer e satisfação que informamos que a II Semana Virtual do Livro e das Bibliotecas da Unesp 2021 ocorrerá entre os dias 04 a 08 de outubro, com o tema "Biblioteca humana".


Além das palestras, atividades culturais, esse ano para a exposição queremos reforçar e ressaltar a importância da Ciência e Vacinação nas nossas vidas. Assim, você pode participar com uma FOTO DO MOMENTO DA SUA VACINAÇÃO OU COM A CARTEIRINHA DE VACINAÇÃO.


Você poderá (opcional) incluir uma frase de incentivo aos SUS, Ciência, Pesquisa e Vacinação. Use sua criatividade.

As fotos e frases serão disponibilizadas no site do evento e via mídias sociais das bibliotecas.


Formulário Fotos: 
https://forms.gle/GMisTxjinCoBvWQx6

até 27/08


Grupo da Semana Virtual do Livro e das Bibliotecas Unesp









Sérios equívocos na entrevista do governador

Adilson Roberto Gonçalves
IPBEN Unesp Rio Claro

O governador de São Paulo, João Dória Jr., foi entrevistado no programa Roda Viva da TV Cultura nesta segunda-feira, 23 de agosto. Em pelo menos três momentos ele cometeu equívocos graves nas respostas que deu aos jornalistas. Cabem reparos, uma vez que nem ele, nem sua assessoria, corrigiram as informações.

Perguntado sobre a possível precipitação havida no anúncio da eficiência da vacina CoronaVac, desenvolvida em conjunto com o Instituto Butantan, que mostrou valores aquém dos esperados, o governador disse que os testes de eficiência são conduzidos pela Anvisa, o que não corresponde à realidade. A agência emite seus pareceres técnicos de aprovação ou não de um medicamento baseando-se nas informações que os proponentes encaminham, no caso o próprio Instituto Butantan e a Sinovac, empresa chinesa produtora da vacina. A Anvisa pode sim determinar que mais ou outros testes sejam feitos, mas sempre como demanda para os proponentes. Os entrevistadores tentaram clarear a questão, mas foram atropelados pelas palavras de Dória, que reafirmou o equívoco e encerrou o assunto.

Em outro momento, ele foi questionado sobre outro equívoco que foi a tentativa de reduzir o orçamento da Fapesp no final de 2020. Nesse ponto, ele reconheceu que havia errado em função das informações que seus assessores encaminharam e que, portanto, o orçamento da Fundação foi restabelecido. Os entrevistadores deixaram claro que isso somente aconteceu devido à manifestação de toda a comunidade científica e de outros setores da sociedade. Porém, o governador informou que o orçamento foi até ampliado, dizendo que bastava confirmar tal informação com o presidente da Fapesp, o professor Marco Antonio Zago. Isso também está errado porque a dotação orçamentária é uma porcentagem do ICMS do Estado, determinada constitucionalmente, e não foi aumentada.

Por fim, em outra manifestação precipitada, devido à vontade de ser candidato a presidente nas eleições do ano que vem, o ainda governador disse que era pré-candidato por seu partido e que seria candidato apenas após as prévias, previstas para novembro deste ano. Outro equívoco, pois, segundo as normas eleitorais, o candidato somente é assim definido após as convenções partidárias que devem acontecer em meados no ano eleitoral, até para evitar que se faça propaganda antecipada.

O QUE FOI NOTÍCIA - Newsletter da Revista VEJA - 24/08/2021

Alexandre Perinotto - IGCE/UNESP

O QUE FOI NOTÍCIA

Resumo da Newsletter VEJA – Coronavírus24/08/2021

 

Até o momento, a pandemia do novo coronavírus já deixou 212.639.394 contaminados e 4.443.762 mortos no mundo. No Brasil são 20.583.994 contaminados e 574.848 mortos. Os dados são da Universidade Johns Hopkins.

 

O número de doses de vacina aplicadas no planeta chegou a 4,98 bilhões. No Brasil são 179.716.948 de unidades administradas. Os dados são da Bloomberg (mundial) e de VEJA (nacional).

 

PASSAPORTE DE VACINAÇÃO

A cidade de São Paulo deve passar a exigir que eventos como congressos e jogos de futebol só permitam a entrada de pessoas que apresentem um passaporte de vacinação. O prefeito Ricardo Nunes havia dito que estabelecimentos como bares, restaurantes e shoppings também exigiriam a verificação, mas o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, explicou posteriormente que o comprovante será opcional nesses locais. Ele ressaltou, contudo, que restaurantes com eventos e teatros de shoppings, por exemplo, devem requerer o passaporte. Os locais que descumprirem a norma podem ser multados. O documento será emitido por um aplicativo.

 

OCUPAÇÃO DE LEITOS EM QUEDA

O Estado de São Paulo registra atualmente a menor taxa de ocupação de leitos de UTI para pacientes com Covid-19 desde novembro de 2020: 39,6%. Nenhuma das 645 cidades paulistas está com 100% de lotação, o que não acontecia desde abril de 2020, e há cerca de 7.500 pessoas internadas em enfermarias e em leitos de terapia intensiva. Os bons resultados ocorrem em razão do avanço da vacinação – São Paulo vacinou 70% da sua população com ao menos a primeira dose e a imunização de adolescentes já começou. A capital paulista puxa a fila, com 100% dos adultos protegidos com uma dose e 48,2% totalmente imunizados.

 

TERCEIRA DOSE NO PAÍS

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que uma possível terceira dose da vacina contra a Covid-19 só vai ocorrer quando o país 'avançar na segunda'. "A OMS ditou uma posição no sentido de que não se avançasse na terceira dose enquanto a segunda dose não fosse aplicada na maior parte na população global", destacou o ministro. Segundo dados da pasta, mais de 8,5 milhões de brasileiros deixaram de voltar a um local de vacinação para receber a segunda injeção e completar o esquema vacinal. Até o momento, cerca de 26% da população está totalmente imunizada. Isso já faz com que o brasileiro se preocupe menos com a pandemia, conforme mostra uma pesquisa da UnB.

 

PFIZER: APROVAÇÃO TOTAL

A agência que regula medicamentos nos EUA concedeu aprovação total para a vacina contra a Covid-19 da Pfizer-BioNTech. Primeiro a ir além da categoria de uso emergencial no país, o imunizante recebeu a autorização para ser usado em pessoas com mais de 16 anos. A decisão dá a empresas, hospitais, faculdades, corporações e outras organizações a chancela para exigirem a vacinação de seus funcionários. A autorização ocorre no momento em que o governo de Joe Biden decidiu oferecer uma terceira dose para adultos que receberam os antígenos da Pfizer e Moderna há oito meses e os casos voltaram a subir devido à variante delta.

 

A VOLTA DOS SHOWS

O setor de shows e eventos no país, após mais de um ano de paralisação, se anima com o retorno gradual das atividades. Em São Paulo, por exemplo, o primeiro fim de semana sem restrições deixou os bares da capital paulista lotados e trouxe esperança aos comerciantes. Por outro lado, a variante delta preocupa. Até novembro, quando as apresentações com público em pé devem voltar, São Paulo pretende realizar eventos-teste para descobrir o comportamento do vírus. Enquanto isso, casas de espetáculos não param de agendar shows e outras festividades até dezembro. Realidade semelhante acontece no Rio de Janeiro, onde os eventos já voltaram a ocorrer e as restrições diminuíram. 

sexta-feira, 20 de agosto de 2021

O QUE FOI NOTÍCIA - Newsletter da Revista VEJA - 20/08/2021

 Alexandre Perinotto - IGCE/UNESP

O QUE FOI NOTÍCIA

Resumo da Newsletter VEJA – Coronavírus20/08/2021

Até o momento, a pandemia do novo coronavírus já deixou 210.057.252 contaminados e 4.404.511 mortos no mundo. No Brasil são 20.494.212 contaminados e 572.641 mortos. Os dados são da Universidade Johns Hopkins.

O número de doses de vacina aplicadas no planeta chegou a 4,85 bilhões. No Brasil são 173.155.665 de unidades administradas. Os dados são da Bloomberg (mundial) e de VEJA (nacional). 

PROJEÇÃO DE QUEIROGA
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que o governo espera completar o ciclo vacinal de toda a população adulta do Brasil até o fim de outubro. A previsão acontece em decorrência da aceleração do Programa Nacional de Imunização (PNI) e da entrega antecipada de doses pelos institutos nacionais e por laboratórios internacionais. Queiroga afirmou que o governo "está tranquilo" em relação aos prazos e expectativas divulgados, e que as remessas de vacinas continuarão em fluxo constante para os estados. Além disso, a Anvisa já se reuniu com representantes da Pfizer para discutir o possível uso da terceira dose, como acontecerá nos EUA. 

DOSES DE REFORÇO
Os Estados Unidos devem começar a aplicar uma dose de reforço contra a Covid-19 a partir de 20 de setembro. Segundo o presidente do país, Joe Biden, a medida deixará os americanos "seguros por mais tempo e ajudará a acabar mais rapidamente" com a pandemia. O governo deve disponibilizar mais de 100 milhões de doses de reforço, de forma gratuita, em cerca de 80.000 locais do país. Em nota, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos comunicou que será oferecida uma terceira dose aos cidadãos que receberam duas aplicações dos imunizantes da Moderna e da Pfizer-BioNTech pelo menos oito meses antes. Profissionais de saúde e residentes de lares de idosos devem receber primeiro o reforço.

PANDEMIA DE INSÔNIA
Desde o início da pandemia, queixas vinculadas ao sono foram registradas, mas ainda eram insuficientes. Contudo, uma pesquisa recente conduzida por pesquisadores dos EUA sobre o tema, com 991 indivíduos de 79 países, trouxe uma conclusão preocupante. "Em geral, os distúrbios do sono aumentaram. Verificamos que 56% dos entrevistados relataram níveis clínicos de sintomas de insônia", afirma Megan Petrov, coordenadora da pesquisa. Um outro estudo mostra ainda que a Covid-19 também fez os sonhos piorarem. Para tentar solucionar esses problemas, algumas dicas são válidas, como estabelecer uma rotina, respeitar individualidades e evitar se expor à luz de aparelhos eletrônicos ao se deitar.

RECOMENDAÇÕES DOS CIENTISTAS
Liderados pelo Instituto de Saúde Global da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, pesquisadores ligados aos setores de clima e saúde lançaram um parecer com recomendações para o mundo se prevenir de uma nova pandemia. O relatório aponta que é fundamental que se façam investimentos na conservação de florestas e na mudança das práticas agrícolas e econômicas para evitar novos surtos de doenças com perdas globais como as provocadas pelo novo coronavírus. O parecer ainda recomenda uma integração de ações de conservação ambiental e o fortalecimento dos sistemas de saúde em todo o mundo.

MINEIRÃO REPROVADO
A prefeitura de Belo Horizonte liberou nesta semana a presença de 30% da capacidade do estádio Mineirão para a partida entre Atlético Mineiro e River Plate, pela Copa Libertadores. O evento foi tratado como um teste para o retorno oficial, mas, para o prefeito da cidade, Alexandre Kalil, os organizadores foram reprovados. "Não vai acontecer de novo se for nesse molde", disse ele, que chamou as cenas de aglomeração dentro e fora do estádio de "horrorosas" e "irresponsáveis". Cerca de 16.000 torcedores acompanharam a vitória da equipe mineira em campo. Todos tiveram que apresentar teste negativo de Covid-19, deveriam usar máscaras e manter um certo distanciamento, o que não ocorreu.


O Haiti é aqui?

Adilson Roberto Gonçalves
IPBEN Unesp Rio Claro

No fim de semana de tragédias, mais de 2 mil pessoas morreram pela ação de dois abalos sísmicos no Haiti (https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/08/19/numero-de-mortos-por-terremoto-no-haiti-passa-de-2100-pais-registra-novo-abalo.ghtml). A catástrofe soma-se a outras tragédias que abalam aquele país há anos, com o perdão do trocadilho, em função de outros terremotos, crise política e institucional. Solidarizamo-nos, ficamos abalados.

E a covid-19? No mesmo período de três dias, pela média de notificação de óbitos, somente no Brasil foram 2500 mortos. Morremos ainda mais de covid-19 do que haitianos no terremoto. Certo que no país caribenho, a junção de fatores geológicos é difícil de prever ou evitar. Mas a covid-19 não. Poderíamos estar em situação mais controlada porque a epidemiologia é menos incerta.

Descaso é palavra de ordem para explicar a condição quase desumana dos haitianos. Não é muito diferente da decisão de retirar restrições à circulação e aglomeração de pessoas no Estado de São Paulo, dissolvendo o comitê de aconselhamento. O Haiti pode não ser aqui, mas o estrangulamento insular no que diz respeito a seguir a ciência está mais intenso.

quinta-feira, 19 de agosto de 2021

Vacinação avança: é hora de ter uma estratégia para a covid endêmica

Com variantes mais transmissíveis, vacina não é mais a bala de prata. As outras camadas de proteção ainda serão necessárias


Eduardo Kokubun-Unesp





"O coronavírus está aqui para ficar", dizia o título de matéria publicada na revista Nature de 16 de fevereiro de 2021. A frase expressava a opinião de quase 90% dos pesquisadores entrevistados pela revista. A Covid-19 se tornaria endêmica, porém cada vez menos perigosa. Passados seis meses, com a vacinação avançando  e a chegada de variantes mais transmissíveis, tudo indica que teremos que conviver por muito tempo com a Covid-19.

A doença é considerada ainda pandemica por causa de sua ampla disseminação mundial, com uma velocidade de transmissão muito alta, disseminação explosiva em curto período de tempo, alta contagiosidade e baixo nível de imunidade. Ela poderia ser extinta quando um número suficiente de pessoas adquirisse imunidade ou por terem adquirido e recuperado da doença, ou por serem vacinados. A proporção de pessoas com imunidade é estimada conhecendo-se o número básico de reprodução R0 (R zero) pela fórmula:

% imunizados = 1 - 1/R0

O R0 representa o número de pessoas que um contagiado pode infectar, quando não há pessoas imunizadas e sem qualquer medida de proteção contra a infecção. Com a variante ancestral, as estimativas de R0 variavam entre 2 e 3. Se tomarmos o número intermediário R0=2,5, seria necessária a imunidade de 1-1/2,5=1-0,4=0,6 ou 60% das pessoas.

Um vírus com maior R0 exigirá maior proporção de vacinados para alcançar a imunidade rebanho da população. É nesse ponto que o aparecimento da variante delta mudou completamente o cenário: estima-se que o R0 situa-se entre 6 e 9. Portanto, para extinguir uma pandemia com a variante delta, digamos com R0=8, será necessário imunizar 1-1/8=87,5% da população.

Esses cálculos partem do pressuposto que a vacina utilizada tem eficácia de 100%, a imunidade adquirida não se reduz com o tempo e também que não há reinfecção. Como nenhuma vacina contra a covid-19 ou qualquer outra doença tem 100% de eficácia, é necessário aplicá-la em mais pessoas. Com o exemplo da variante delta de R0=8, a imunidade rebanho será alcançada se toda população estiver imunizada com vacina de 87,5% de eficácia ou maior.

Para complicar ainda mais, há evidências de que a imunidade contra a Sars-Cov-2 diminui com o tempo. Além disso, há reinfecção tanto em pessoas que adquiriram a doença e também em vacinados. Para compensar seria necessário vacinar mais pessoas para além de 87,5%, meta que é considerada impossível por especialistas.

Isso não significa que as vacinas não funcionam. Pelo contrário, a redução no número de casos, de ocupação de leitos e de óbitos mostram que as vacinas cumprem o que prometem. Reduzem drasticamente as consequências mais graves da doença. Porém, nas condições atuais, é pouco provável que o Sars-Cov-2 seja totalmente extinto. Deverá circular ainda, adoecendo pessoas com menor gravidade, com surtos mais controlados, menos explosivos, tornando-se endêmica.

O controle da transmissão do novo coronavírus requer várias camadas de proteção, nenhuma delas perfeita. Elas foram necessárias numa primeira fase para achatar a curva de transmissão e preparar o sistema de saúde para enfrentar a doença. Na segunda fase da vacinação que está em curso as fatias de proteção estão sendo necessárias para potencializar a ação do imunizante e reduzir o aparecimento de variantes. O Brasil, com apenas 25% da população completamente imunizada está nesta fase, longe ainda dos 60% ou 87,5% necessários. Porém, o vírus mutante criou um cenário onde a vacinação deixou de ser a sonhada bala de prata: mais esperto e ágil do que a ciência, evoluiu para não ser extinto pelos imunizantes. 

Na próxima fase teremos que conviver ainda com o vírus que vem pelo ar que respiramos, já que a proteção da vacina será insuficiente para bloquear a propagação. Será necessária uma estratégia para a covid endêmica, incorporando parte dos hábitos da pandemia, como a higienização e etiqueta respiratória. Os ambientes onde vivemos precisarão ser adequados, dando maior atenção à salubridade do ar que respiramos. Por enquanto, não é saudável viver como vivíamos até 2019.

The coronavirus is here to stay — here’s what that means. Nature. 16/02/2021. Disponível em https://www.nature.com/articles/d41586-021-00396-2. Acesso em 19/08/2021.








O QUE FOI NOTÍCIA - Newsletter da Revista VEJA-Coronavírus - 19/08/2021

 Alexandre Perinotto - IGCE/UNESP

O QUE FOI NOTÍCIA

Resumo da Newsletter VEJA – Coronavírus19/08/2021

 

Até o momento, a pandemia do novo coronavírus já deixou 209.390.634 contaminados e 4.393.138 mortos no mundo. No Brasil são 20.457.897 contaminados e 571.662 mortos. Os dados são da Universidade Johns Hopkins.

 

O número de doses de vacina aplicadas no planeta chegou a 4,82 bilhões. No Brasil são 171.271.928 de unidades administradas. Os dados são da Bloomberg (mundial) e de VEJA (nacional).

 

CORONAVAC EM CRIANÇAS

A Anvisa não autorizou o uso da CoronaVac em crianças e adolescentes de 3 a 17 anos e pediu novos dados para o Instituto Butantan, responsável pelo pedido. O órgão paulista afirmou que enviará os documentos o mais breve possível. Os diretores da agência reguladora reconheceram que a vacina é segura e eficaz e decidiram manter a autorização para uso emergencial em adultos. A diretora da Anvisa, Meiruze Freitas, que foi relatora do processo, ainda recomendou ao Ministério da Saúde que considere a possibilidade de aplicar uma terceira dose da CoronaVac em idosos acima de 80 anos e imunossuprimidos.

 

VACINAÇÃO OBRIGATÓRIA

A cidade do Rio de Janeiro tornou obrigatória a vacinação contra a Covid-19 para todos os servidores e empregados públicos municipais. Segundo o decreto assinado pelo prefeito Eduardo Paes, a regra também vale para prestadores de serviços contratados pela administração pública municipal. A recusa à vacina sem justa causa será passível de sanções, que incluem advertência, repreensão, suspensão, multa, demissão e cassação de aposentadoria ou disponibilidade. Decisão semelhante foi adotada pela prefeitura de São Paulo no dia 7 de agosto.

 

EUA: ALTA DE MORTES

Os Estados Unidos voltaram a registrar mais de 1.000 mortes por coronavírus após cerca de cinco meses. Foram 1.017 óbitos e mais de 137.000 casos da doença na terça-feira. Depois de uma desaceleração, a média de óbitos diários vem aumentando desde o mês passado, chegando agora a 769 pessoas por dia, a maior desde abril. Nas duas últimas semanas, as hospitalizações no país também subiram cerca de 70%. O aumento nas taxas acontece devido à variante delta e também ao fato de parte da população não querer se vacinar contra a Covid-19. Até o momento, 51% dos americanos estão totalmente imunizados.

 

APELO DO PAPA

Em um vídeo divulgado pelo Vaticano, o Papa Francisco voltou a defender a vacinação contra a Covid-19 e disse que imunizar-se é um "ato de amor". A mensagem faz parte da campanha internacional "Depende de você", criada para estimular a vacinação contra o novo coronavírus, no momento em que parcelas significativas das populações de alguns países, especialmente dos desenvolvidos, ainda resistem aos fármacos. "Amor por si mesmo, amor por familiares e amigos, amor por todos os povos", disse o pontífice em parte da mensagem. Também participaram da ação arcebispos e cardeais de Estados Unidos, México, e Honduras, entre outros países. O Brasil foi representado por Dom Cláudio Hummes.