terça-feira, 30 de março de 2021

segunda-feira, 29 de março de 2021

Em Rio Claro, as internações saltam em jovens enquanto despencam em mais idosos

Levantamento feito com dados de 996 hospitalizados em 2021 mostra aumento de 167% de internações entre 30 a 40 anos entre janeiro e março. Proporção de óbitos na faixa de 80 anos ou mais despenca de 65% para 5%.

Eduardo Kokubun - UNESP - Rio Claro

Março de 2021 já é o mês com maior mortalidade por Covid-19 em Rio Claro durante toda pandemia. Antes do final do mês, em 29/03, a Prefeitura informou a ocorrências de 90 óbitos, 30% de todos os 12 meses da pandemia.

 Também é o mês com maior número de internações, e está ultrapassando a capacidade máxima de leitos, assim como em muitos municípios de todo o Brasil. Em comparação a janeiro, o número de pessoas internadas com Covid-19 confirmada aumentou de 166 para 233 (45% ). Porém, a distribuição é desigual entre as faixas etárias. Entre 20 até 70 anos de idade, o aumento é superior à média. Destaque é a faixa de 30 a 40 anos: 9 foram internados em janeiro e em março já são 24, um aumento foi de 167%! Na faixa de 40 a 50 anos foi de 108% (de 26 para 54) e de 20 a 30 anos de 67% (de 6 para 10).

Entre os maiores de 70 anos, o avanço das internações ficou abaixo da média, com destaque para a faixa de 80 a 90 anos, que reduziu em 50% (de 20 para 10).







Óbitos acompanham tendência semelhante ou pior. Enquanto o número de pessoas internadas com covid-19 confirmada aumentou 44% o número de óbitos aumentou 129%. Entre os internados em janeiro, a maior incidência de óbitos ocorreu na faixa de 80 a 90 anos. Em março, houve um avanço na incidência de óbitos em todas as faixas, enquanto entre os mais idosos, o número estacionou. 



Entre os internados em janeiro, 65% dos óbitos ocorreu em pessoas com mais de 80 anos. Em março, despencou para apenas 5%.  Em todas as faixas de idade abaixo de 80 anos, a incidência de óbitos aumentou, notadamente para aqueles entre 50 e 80 anos.

Esses dados mostram que a pandemia em Rio Claro mudou. Está levando mais pessoas jovens, principalmente entre 30 a 40 anos a serem internadas. É possível que o aumento da velocidade de contágio esteja levando pessoas mais jovens a necessitarem de cuidados hospitalares. Também não é possível descartar os efeitos da variante P.1. que já está em circulação pela região e possivelmente no município. 

A boa notícia é que, mesmo andando muito lentamente por falta de doses, é possível que a vacinação esteja surtindo efeito, reduzindo tanto o número de internações como o de óbitos nos mais idosos que já foram vacinados. É um efeito que já foi antecipado no BAC 74 de 15/01/2021.



Drauzio Varela: A epidemia fugiu de controle e estamos legados à própria sorte

        A consequência mais nefasta de tantos desmandos, caro leitor, foi a de que a epidemia fugiu do controle do sistema de saúde. Daqui em diante, só podemos contar com nós mesmos.

Drauzio Varela aponta diversos desmandos na condução sanitária da Pandemia da COVID-19, inclusive a recente defesa de que médicos prescrevam tratamento precoce inexistente.

Para ele estamos diante dos resultados de 

* omissões, equívocos e desmandos de governantes 

* falta de sensibilidade da população (para ele Os brasileiros decretaram o fim da epidemia, em novembro do ano passado. E se comportaram de maneira inconsequente)

Clique aqui para acesso a texto publicado na Folha de São Paulo em 28/3/2021


Situação da saúde em Rio Claro - Eduardo Kokubun, Giulia Puttomatti e Cesar Borgi debatem em live

Nesta terça-feira, 30/3 às 20 h, assistam à live sobre as ações de Rio Claro contra a Covid-19, transmitida pelo youtube: https://youtu.be/7Ar1amOcW_g

Participarão o professor Eduardo Kokubun (Unesp Rio Claro), a Secretária Municipal de Saúde, Giulia Puttomatti e o presidente da  Associação Movimento Pró-Hospital Público Regional de Rio Claro, Cesar Borgi.

Será abordada a situação da saúde em Rio Claro e avaliadas as novas medidas de restrições em Rio Claro e suas implicações no feriado de Páscoa.

Marquem na agenda: terça-feira, 30/3, 20 h. https://youtu.be/7Ar1amOcW_g



sexta-feira, 26 de março de 2021

Seria possível estimar a subnotificação da COVID-19? [Trabalho de Miguel Buelta em novembro de 2020]

 Trabalho publicado no final de 2020 por 

Prof. Miguel Buelta (@MiguelBuelta), USP, Escola Politécnica

com colaboração e revisão:
Isaac Schrarstzhaupt (@schrarstzhaupt)
Marcelo A. S. Bragatte (@marcelobragatte)

Talvez possa ser o início de estudos mais detalhados sobre o fenômeno

Para acessar o estudo clique aqui para o trabalho de novembro de 2020

Para acessar o twitter do autor clique aqui

Decreto define regras de isolamento mais rígidas no município de Rio Claro

 


para o decreto completo acesse [Rio Claro] Decreto Municipal 12.143/25-03-2021

para notícia na imprensa de Rio Claro acesse aqui [Jornal Cidade RC]



Desde maio do ano passado, número de leitos aumentou 138% enquanto a necessidade aumentou 302%.

 Eduardo Kokubun, Unesp-Rio Claro


O colapso do sistema hospitalar em Rio Claro e em outros municípios do Brasil ocorre porque o número de doentes que precisam de internação aumentou muito mais rapidamente do que a expansão no número de leitos. 
Desde maior do ano passado até agora, o número de leitos nos hospitais públicos reservados para acolher pacientes com suspeita de covid-19 aumentou de 20 para 67 e nos hospitais particulares de 45 para 88. No total, um aumento de 65 para 155, portanto de 138%. Em maio de 2020, 38 pessoas em média estavam internados. Na semana entre 18 e 25/03 são 153 por dia em média, crescimento de 302%. Em todo esse ano de pandemia, os hospitais trabalharam com certa folga. Mesmo no primeiro pico da pandemia, a taxa de ocupação não ultrapassou 73%. 
As medidas de contenção da pandemia no primeiro semestre foram, portanto, suficientes para evitar o colapso do sistema hospitalar. A segunda onda, que se iniciou em novembro do ano passado chegou com muito mais ímpeto e se agravou em poucas semanas. Entre 25/02 e 25/03 o número médio de novos casos em uma semana aumentou de 38 para 97 (155%). A necessidade de leitos que era de 86 passou para 153 (78%) e de UTI de 35 para 75 (114%). O de óbitos em uma semana aumentou 214% de 7 para 22. 
As duas semanas em fase vermelha e fase emergencial ainda foram insuficientes para conter o avanço da pandemia. Mesmo com as restrições o número de novos casos avançou 73%, muito acima do índice de 15% que marca o aumento da pandemia. Há 30 dias, desde 24/02/2020 Rio Claro vem registrando aumento superior a 15%, acumulando 260%.
O colapso hospitalar pode ser evitado combinando duas estratégias: conter a velocidade da pandemia e aumentar número de leitos. De cada cinco pessoas diagnosticadas com Covid-19 um precisará de internação. A abertura de leitos precisa acompanhar o mesmo ritmo para poder atender No ritmo que está Rio Claro, com quase 100 casos diários, precisaríamos reservar 20 leitos por dia. O problema é que a capacidade de aumentar leitos é finita: além de leitos e equipamentos, é necessário aumentar o número de profissionais.
O remédio de conter o avanço da pandemia com restrição de circulação das pessoas é amargo e somente deve ser acionado em casos extremos. Lamentavelmente, Rio Claro e outros municípios do Brasil atingiram esse extremo. Ele somente será eficaz se houver cumprimento estrito do distanciamento social, com uso de máscara em locais públicos e higienização pessoal. Quanto mais rapidamente conseguirmos conter a cadeia de contágio, mais rapidamente poderemos relaxar as medidas e menores serão os prejuízos, para a renda e para a vida.

Limites da autonomia do médico e do paciente


Adilson Roberto Gonçalves
IPBEN Unesp Rio Claro

A propalada utilização de medicamentos off label, ou seja, aplicados em casos não previstos em suas bulas, não é de responsabilidade exclusiva do médico e do paciente. Ou seja, mesmo que as partes concordem em usar remédios experimentais, a ética médica, determinada em legislação própria, impede o ato que não tenha algum respaldo científico ou de órgãos reguladores. Esse assunto fez parte da discussão "Direito Médico e da Saúde em Tempos de Pandemia", promovida pelo Instituto do Legislativo Paulista, que pode ser vista aqui.

A autonomia do médico esbarra na ética profissional. É possível receitar um remédio fora do preconizado na bula desde que - e isso é extremamente importante - haja alguma comprovação científica de que o outro uso tenha eficácia e segurança. O médico pode receitá-lo nos casos em que um remédio ainda esteja em processo de avalição por órgãos oficiais (Anvisa, por exemplo), mas que já tenha sido amplamente estudado, esbarrando em uma questão burocrática para sua aprovação. No entanto, para o que está sendo chamado de kit covid de tratamento precoce, esse pressuposto não se enquadra, uma vez que comprovadamente esses medicamentos NÃO são eficazes.

Notícias recentes relatam os casos de doenças hepáticas (danos ao fígado) causados exclusivamente pelo uso de ivermectina, cloroquina e derivados, dentre outros, que compõem o conjunto distribuído de forma irresponsável. O vermífugo ivermectina, em particular, é o mais crítico, pois a posologia e as relações medicamentosas até agora estudas não se estendem a um tratamento prolongado, e, sim, a dose única. A cloroquina e seus derivados possuem estudos farmacológicos de segurança como antimaláricos, antinflamatórios e antireumatóides a longo prazo. Mesmo assim, já estão comuns os casos de doenças cardíacas associadas ao seu uso indiscriminado, e diria criminoso, quando há um médico conivente envolvido.

A Associação Médica Brasileira, sob nova presidência, mudou de posição (veja aqui) condenando o uso de qualquer medicamento à guisa de tratamento precoce contra a Covid-19. Chamou a atenção a notícia sobre o paciente do HC da Unicamp que adentrou a fila de transplante de fígado resultante de interações medicamentosas (veja aqui). A ética médica é clara em punir o médico que receita remédios sem comprovação científica ou sem autorização por órgãos competentes, como se lê no recorte do Código de Ética Médica.


O Conselho Federal de Medicina, como qualquer outro conselho profissional, existe não como órgão de classe, pois não é associação ou sindicato. Os Conselhos foram criados com a finalidade de proteger a sociedade da má conduta profissional. A lógica por trás de tal medida é que a sociedade permite a um cidadão se formar e exercer uma profissão e com ela ganhar seus proventos, desde que não cause danos à sociedade que assim permitiu. Daí o Conselho regular a profissão e o profissional, desde sua formação até o exercício.

UNESP Rio Claro na mídia [26/03/2021]

Márcia Correa Bueno Degasperi

Unesp


UNESP Rio Claro na mídia [26/03/2021]


Gustavo anunciará hoje se haverá lockdown na cidade



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segunda-feira, 22 de março de 2021

UNESP Rio Claro na mídia [23/03/2021]

Márcia Correa Bueno Degasperi

Unesp


UNESP Rio Claro na mídia [23/03/2021]


Estação de Tratamento de Esgoto que despoluiu o Ribeirão Claro completa 10 anos

Em uma década, 48,5 bilhões de litros de esgoto foram tratados na ETE Conduta.


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Memória Unesp Covid-19: uma perspectiva cidadã

 

Márcia Correa Bueno Degasperi

Unesp


Memória Unesp Covid-19: uma perspectiva cidadã


Com lançamento em 22 de marco, o projeto Memória Unesp Covid-19: uma perspectiva cidadã tem o propósito de registrar as ações da Universidade no combate à pandemia a partir de um olhar humanizado, narrando esse capítulo da história do país pelo viés dos integrantes do universo Unesp, que se ofereceram para ajudar as comunidades em que estão inseridos. As memórias estão registradas através de entrevistas, podcast e vídeos.

Página do projeto.
Assista o vídeo de lançamento do projeto aqui.




quinta-feira, 18 de março de 2021

O faz de conta da fase vermelha e emergencial

Com 12 dias de restrições, Rio Claro bate recordes de contágio, internações e óbitos. Sem resultados palpáveis município e estado perdem a renda e perdem vidas

Eduardo Kokubun - UNESP

Com o avanço da pandemia, todo Estado de São Paulo entrou na fase vermelha em 06/03/2021. Em apenas uma semana, com os números piorando, veio a fase emergencial. Porém, até o momento, não há nenhum indício de que o avanço da pandemia tenha sido contida. 

Na semana que antecedeu a fase vermelha, Rio Claro registrou na média, 67 casos novos por dia. Ontem, chegamos a 98, um aumento de  46%. De 120 leitos ocupados passamos à média de 138: aumento de 15%.  UTIs passaram de 47 a 70 leitos ocupados por dia: aumento de 49%. Óbitos em sete dias aumentaram estonteantes 107%, de 13 para 27. 

A taxa de isolamento mudou muito pouco no mesmo período: de 38% para 40%. Entre o Natal e Ano Novo o isolamento médio foi de 42%. O desejável seria atingir 60% ou mais.

Convém ainda mencionar que todos os números da semana bateram recordes de toda pandemia. É um colapso que se iniciou na segunda quinzena de novembro do ano passado e não parou mais. Aliás, nem se pode dizer que a primeira onda tenha acabado. Para evitar uma segunda onda maior do que a primeira, era necessário ter derrubado o contágio para menos de 5 casos diários, feito que Rio Claro e nem outros municípios conseguiram.

Para evitar as consequências mais trágicas da pandemia, óbito, UTI e hospitalizações, é necessário evitar o aparecimento de novos casos. É necessário também tempo: os reflexos da redução de casos aparecerão com até de duas semanas de atraso nas internações e óbitos.

O número de novos casos ainda não diminuiu, portanto, as hospitalizações e óbitos ainda continuarão a crescer. Se hoje estamos com todos os leitos do município ocupados, o cenário que nos aguarda, não é nada otimista. É um resultado trágico: pessoas estão perdendo renda enquanto outros perdem a vida. Um duplo sacrifício sem retorno algum.

Araraquara adotou um isolamento radical quando a ocupação de leitos atingiu 100%. Em dez dias, o contágio desabou 43% e internações em 28%. Em três semanas, ao contrário do restante do Estado, experimenta algum alívio. É um sacrifício relativamente curto, porém com ganho significativo.




terça-feira, 16 de março de 2021

Novo ministro, velhas condutas

Na tarde de 15 de março foi anunciado que o cardiologista Marcelo Queiroga será o novo Ministro da Saúde em substituição a Eduardo Pazuello. O quarto ministro seria uma resposta política à perda de popularidade do Presidente e às críticas na condução da pandemia do novo coronavírus. No entanto, até o fechamento desta edição, a nomeação de Queiroga não foi publicada no Diário Oficial da União.

Anteriormente, Queiroga havia se manifestado a favor do isolamento social, uso de máscaras e intensificação da vacinação como medidas eficazes para o combate à pandemia. Em declarações registradas na manhã desta terça-feira, 16 de março, seu posicionamento se alterou, dizendo ser contrário ao lockdown e permitindo que médicos prescrevam remédios mesmo sem eficácia (veja aqui).

Antes de Queiroga, outras pessoas foram sondadas para o cargo, integrando apostas políticas. A também médica cardiologista Ludhmila Hajjar foi uma delas, preterida por excesso de qualificativos. Ludhmila havia se posicionado claramente contra o negacionismo científico, deletério à condução da pandemia. Ela não parecia ser profissional que se submeteria aos ditames do governo, feito o general Pazuello que, ainda,  ocupa o cargo de ministro da Saúde. Também não se esperava que o Presidente desse uma guinada tão significativa, haja vista as duras manifestações de seus apoiadores raiz contrários a Hajjar. Mas, como tudo pode acontecer, até nada pode acontecer.

As bibliotecas na pandemia

 

Márcia Correa Bueno Degasperi

Unesp


As bibliotecas na pandemia



12 de março é comemorado o dia do Bibliotecário. Na última sexta-feira, várias mensagens foram divulgadas para homenagear o profissional da informação. A Unesp não deixou em branco essa data com a divulgação da mensagem da coordenadora da Coordenadoria Geral de Bibliotecas, Dra. Flávia Maria Bastos, que você pode conferir aqui: O movimento da transformação digital das bibliotecas da Unesp durante a pandemia, juntamente com mensagem da vice-reitora, professora Maysa Furlan e do escritor Ignácio de Loyola Brandão.

Ressalta-se a habilidade das bibliotecas em trabalhar também o mundo digital podendo dar apoio aos alunos e docentes nesse momento de pandemia e de aulas remotas. Em destaque também a implantação de novos serviços com o projeto "Gerenciamento das listas de recursos das bibliografias de disciplinas" pelas equipes das bibliotecas da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB), Faculdade de Filosofia e Ciências (FFC), de Marília, e do câmpus de Rio Claro. Esse projeto utiliza a ferramenta Leganto que, integrado ao SISGRAD e a plataformas de aprendizagem, também pode ser disponibilizado via link ao Classroom (ferramenta Google) permitindo o gerenciamento das listas dos recursos informacionais ofertadas nas  disciplinas.

Assim, as bibliotecas continuam atuantes no apoio ao ensino, pesquisa e extensão sempre em função da sua missão mediadora nos processos de construção do conhecimento.



UNESP Rio Claro na mídia [16/03/2021]

  

Márcia Correa Bueno Degasperi

Unesp


UNESP Rio Claro na mídia [16/03/2021]


Um ano de pandemia na Unesp, por Edson Denis Leonel


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segunda-feira, 15 de março de 2021

Dia de tirar o fôlego.

 Durante todo mês de julho de 2020, no pior momento da pandemia, Rio Claro registrou 42 mortes. Março já acumula 34 mortes, incluindo um recém-nascido. Sem interromper o contágio, necessidade de leitos poderá chegar a 200.

            Eduardo Kokubun, UNESP

    Este mês de março já coleciona vários recordes da pandemia no município. No dia 03/03 foi atingido o pico de 132 leitos ocupados no município ante os 94 registrados na primeira onda em 18/06/2020. Em 15/03, a nova marca de 141 internados chegou com outro recorde de 76 pessoas internadas em UTI.

    Marcou o dia também o óbito de um recém-nascido de apenas 4 dias. Houve um total de 6 óbitos num único dia, igualando o anterior em 25/06/2020.

     Decorridos 7 dias do início da fase vermelha, e o primeiro da fase emergencial no Estado, não há ainda indícios de que Rio Claro tenha freado a corrente de transmissão do vírus. Pelo contrário, o número médio de casos aumentou de 55 para 75 por dia em uma semana. Isso deve impactar ainda no número de internações e óbitos nas próximas semanas.  

    No gráfico, temos a representação do número de leitos ocupados em Rio Claro desde novembro do ano passado. Há 3 semanas ela vem acompanhando a tendência das linhas pontilhadas. Se não houver nenhuma mudança na pandemia, é possível que em dez dias, Rio Claro necessite de 200 leitos para acomodar os enfermos com Covid-19 e as síndromes gripais mais graves. Hoje, temos 155 disponíveis.


    Os números da pandemia nesta segunda onda estão superiores ao da primeira onda, e por enquanto, com a curva ainda ascensão. É necessário interrompê-la e flexioná-la para baixo. Isso é urgente, porque quanto mais a curva subir, mais tempo será necessário para fazê-la retornar a níveis aceitáveis. Quanto mais prolongada a gravidade da pandemia, maior será a perda de vidas e de renda. 

    Para completar passamos ontem e hoje aguardando o desfecho da troca do Ministro da Saúde. Foi um dia de tirar o fôlego.





sexta-feira, 12 de março de 2021

Políticas públicas para mulheres nas ciências


Mariana Milani

Unesp


Políticas públicas para mulheres nas ciências


Aproveitamos a repercussão do Dia Internacional da Mulher para comentar alguns aspectos políticos da carreira científica das mulheres no âmbito nacional.

De que forma o governo brasileiro e as entidades de pesquisa ou instituições de ensino compreendem, hoje, as disparidades entre homens e mulheres na academia? Quais são as medidas para reduzir as desigualdades? Como a questão da maternidade e paternidade é tratada no trabalho de pesquisa? Como a pandemia de covid-19 tem afetado as mulheres cientistas e que futuro podemos vislumbrar diante do cenário negacionista que assombra nosso país?. É importante ter em mente que não existe a profissão “cientista” no Brasil. Quando se escolhe “fazer pesquisa”, na grande maioria das instituições públicas, é necessário percorrer um trajeto indissociável da docência. Portanto, a pesquisadora também é professora. Vamos elencar alguns eventos significativos que alavancaram as discussões feministas até chegarmos ao assunto principal desse texto: as mulheres nas ciências.

Leia mais em aqui.

Apoio ao projeto:






UNESP Rio Claro na mídia [12/03/2021]

 Márcia Correa Bueno Degasperi

Unesp

UNESP Rio Claro na mídia [12/03/2021]


Parceria entre Unesp e CETESB é destaque na mídia


A parceria firmada pelo Centro de Estudos Ambientais (CEA), unidade complementar da Unesp no Câmpus de Rio Claro e o Laboratório de Estudos de Bacias da Unesp (Lebac) com a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), no dia 17 de fevereiro, está rendendo diversas aparições na mídia.

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O debate político em torno da Pandemia

Adilson Roberto Gonçalves
Unesp - Rio Claro

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um longo discurso no dia 10 de março, abordando vários aspectos políticos. Um recorte dos trechos referentes à pandemia do novo coronavírus é apresentado. De forma geral, ele critica duramente a condução do governo no enfrentamento da pandemia, prega a vacinação, o uso de máscara, o distanciamento social e a higienização. Faz defesa do SUS, atribuindo à estrutura do órgão público o fato da tragédia não ser maior ainda.

Logo no início, Lula certifica-se de que todos estejam de máscara, que todos foram testados e que, após autorização do médico presente, pede para tirar a máscara para discursar melhor, recolocando-a ao final da entrevista que sucedeu o discurso.

Solidariza-se com as famílias dos mais de 270 mil mortos pelo coronavírus, presta homenagem também aos profissionais da saúde, especialmente ao SUS, que vem sendo “descredenciado”, nas palavras do ex-presidente, tendo suas verbas reduzidas, mas é o principal responsável pela tragédia não ser muito maior ainda.

Afirmou que a questão da vacina não é de dinheiro, mas sim de amar a vida ou a morte, questionando o papel do Presidente da República no cuidado de seu povo.

Lula, com 75 anos, em breve tomará a vacina e fará propaganda para que todos tomem a vacina. “Não siga nenhuma decisão imbecil do presidente da República ou do ministro da Saúde”, foram suas palavras. A vacina é o que pode livrar da covid-19, diz o ex-presidente. E continua com o alerta de que, mesmo vacinado, o distanciamento social, o uso de máscara e a higienização são fundamentais e deverão sem mantidos e continuados.

Lamentou que as mortes, ultrapassando as 2 mil diárias, tenham sido naturalizadas. Mortes que teriam sido evitadas, em parte, se houvesse um comitê de gestão de crise no nível federal. Na visão dele, tal comitê envolveria o ministro e os secretários estaduais de saúde e pesquisadores das instituições envolvidas com vacinas, cuja função seria orientar semanalmente a população sobre o que fazer. O presidente e o comitê visitariam os municípios, os hospitais, avaliando as condições de enfrentamento da pandemia. Trabalharia para evitar que faltasse oxigênio em Manaus. Criticou a ausência de interesse em adquirir ofertas de vacinas, como a feita pela Pfizer. Em suma, duramente criticou a postura do Presidente da República de defender inexistente tratamento precoce, dizer que se tratava de uma gripezinha e delegando à população o risco de contrair a doença. Quanto ao risco é interessante, como complemento, a leitura dessas reflexões feitas por Duanne Ribeiro na revista CULT: leia aqui.

Ao final, afirmou que a “covid está tomando conta desse país e a cepa de Manaus parece que é dez vezes mais contagiante que a outra cepa, e mata pelo menos duas vezes mais”. Importante que Lula ouviu os cientistas para apresentar esses dados.

quinta-feira, 11 de março de 2021

Ao infinito e além: a estratégia suicida de deixar o vírus solto

Sem contenção, a pandemia cresce geometricamente: a conta para colocar mais leitos idem.

Eduardo Kokubun, UNESP

Com o recrudescimento da pandemia apertando hospitais de um lado e os bolsos do outro, tem muita gente dizendo que a solução é abrir mais leitos. O DRS Piracicaba triplicou o número de leitos UTI de 7,46 no incio da pandemia para 23,36. Mesmo assim, no dia 11/03/2021 estava com 81% de ocupação. Isso ocorreu em todas as regiões do Estado e do país.

Para não afogar gente doente no seco, os leitos precisariam se multiplicar na mesma velocidade  de multiplicação do vírus. Esse era, e continua sendo o objetivo das medidas não farmacológicas de mitigação da pandemia. Pelo menos enquanto não houver vacinação em massa.

Gente contagiada pelo vírus, se multiplica. Uma pessoa infectada, pode contagiar outras duas ou mais. Logo, 1 x 2=2 novos infectados. Cada um desses 2 infecta outros 2: 2 x 2 = 4. Nas próximas rodadas serão 4 x 2 = 8, 8 x 2 =16, 16 x 2 =32, 32 x 2 = 64, 128, 256, 512, 1024, 2048, 4096, 8192, 16384, 32768 e em 16 rodadas, 65536. Cada rodada de infeções dura cerca de 5 dias. Isso significa que em 5 x 16 = 80 dias, o número de doentes aumentaria 6553600% - mais de 6 milhões de porcento em menos de 3 meses. Essa é a regra da progressão geométrica: cresce infinitamente. (Recomendo um artigo de Carlos Orsi no link ao final da matéria.)

Leito não é de graça: custa dinheiro e precisa de gente. Alguém paga a conta, ou de impostos ou plano de saúde. Imagine o que é aumentar impostos ou plano de saúde em 6 milhões %!. Ainda bem que alguém inventou a máscara e descobriu que manter o distanciamento ajuda a reduzir a transmissão. Dói menos no bolso usar máscara, aprender etiqueta respiratória, usar álcool gel e manter o distanciamento social. 

Se quiser reivindicar alguma providência, peça a quem você conhece, sua família, seu amigo, seu cliente e até mesmo um desconhecido para fazer o mesmo. Inclua também um auxílio para quem perde renda. Impostos precisam voltar para o bem-estar da população.


https://revistaquestaodeciencia.com.br/artigo/2020/03/29/xadrez-graos-de-trigo-e-progressao-geometrica

terça-feira, 9 de março de 2021

Em Rio Claro e principais cidades vizinhas: metade dos casos ocorre em pessoas com menos de 40 anos. Óbitos ocorrem(iam) em mais idosos.

Foram analisados dados Secretaria Estadual de Saúde para os municípios de Araraquara, Araras, Piracicaba, Rio Claro e São Carlos. A distribuição da idade dos casos  é semelhante entre os municípios. Adultos com menos de 60 anos impulsionaram óbitos em Araraquara.

Eduardo Kokubun, Unesp


    A aceleração da segunda onda e a chegada da variante P.1., dizem, mudou o perfil da pandemia no Brasil. Rio Claro e vizinhança foram assoladas por uma avalanche de novos casos e óbitos que amplificaram a gravidade da crise, anunciada desde novembro do ano passado.
Escolhemos quatro municípios vizinhos, com população maior do que 100 mil habitantes e frequentaram o noticiário nas últimas semanas. Araraquara que se tornou o epicentro da pandemia no Estado com a propagação, agora confirmada da nova variante p.1, situação muito parecida com a de Araras. Piracicaba é a cidade mais populosa do Departamento Regional de Saúde ao qual pertence Rio Claro e com o, qual compartilha a infraestrutura hospitalar. São Carlos também passa por um aperto em vagas de hospitais e tem porte semelhante ao de Rio Claro.




    Buscamos informações na Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, que apresenta dados de cada caso Covid-19 no Estado, como idade, sexo, presença de comorbidades, a data do primeiro sintoma e se houve ou não óbito. Os gráficos apresentam dados de novos casos e óbitos agrupados em períodos de duas semanas.
    Prefeituras utilizam a data de divulgação do resultado do teste ou do óbito para compor suas estatísticas. Porém, isso não significa que alguém ficou doente naquele dia: a pessoa é infectada, passa alguns dias sem sintomas, e muitas vezes outros dias até o diagnóstico ser realizado. Os dados que consideram a data do aparecimento do sintoma é um retrato melhor do estágio da pandemia. A desvantagem é que há um atraso de uma a duas semanas até aparecer nas estatísticas de novos casos ou até mais no caso de óbitos. Por essa razão, marcamos em azul, as datas cujos resultados ainda podem mudar.
    A proporção de novos casos por faixa etária permaneceram praticamente estáveis em todos os 5 municípios. Em comum, cerca de metade das infecções ocorreram em pessoas com menos de 40 anos (em verde entre 20 a 39 anos e em azul até 19 anos).


    O gráfico de óbitos mostra a razão do desespero em Araraquara. Dá para notar a escalada de óbitos: 4 pessoas tiveram os primeiros sintomas nas duas semanas entre 24/11 e 7/12 foram a óbito. Esse número saltou para 41 entre aqueles que tiveram os sintomas entre 2/02 a 15/02. Outros municípios também tiveram escalada de mortes. De um modo geral, cerca de 80% dos óbitos ocorreram em pessoas com idades entre 60 e 79 anos e 80 anos ou mais. Porém, o que chama a atenção em Araraquara é o aumento de mortes entre aqueles com idade entre 20 e 39 e 40 e 59 anos de idade.     Dados preliminares mostraram que a variante P.1. é o que predomina em Araraquara. O perfil de mortalidade por lá é compatível com a maior transmissibilidade e gravidade em mais jovens que se atribui à essa variante.
    Enquanto os pesquisadores ainda tentam compreender essa variante brasileira, precisamos nos proteger.
    Em plena fase vermelha no Estado e sobrecarga de hospitais em todo país, disse uma aluna:
Vamos sair: Nem pensar."

"Quer sair: Quero.

Pode sair: Posso.

Sábias palavras...

segunda-feira, 8 de março de 2021

UNESP Rio Claro na mídia [09/03/2021]

 

Márcia Correa Bueno Degasperi

Unesp


UNESP Rio Claro na mídia [09/03/2021]


Covid-19: Professor fala sobre o agravamento da pandemia e a lentidão da vacinação

Em entrevista à rádio Jovem Pan News, o Dr. Eduardo Kokubun, docente da Unesp de Rio Claro e membro da comissão Anti-Covid-19 fala sobre o agravamento da pandemia e a lentidão da vacinação no País.

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Exemplo de político que cumpre o que promete

Durante os 4 anos, seu salário resultou em 34 mil para o Asilo e Apae


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As infâncias em São Paulo

 

Márcia Correa Bueno Degasperi

Unesp


As infâncias em São Paulo


"O Núcleo Educativo do Museu da Cidade de São Paulo apresenta o material educativo desenvolvido para profissionais da educação. 

Fruto da pesquisa dos educadores do Museu da Cidade de São Paulo, parte dos assuntos que circundam a exposição sistêmica Infâncias em São Paulo, em cartaz na Casa da Imagem, Casa do Butantã, Casa do Tatuapé, Chácara Lane e no Solar da Marquesa de Santos. 

Nele você encontra um levantamento de dados e discussões dialógicas entre o tema exposto e os papéis pedagógicos desenvolvidos nos ambientes educacionais, sejam eles formais ou informais; propostas de ações práticas para serem experimentadas em sala de aula, em grupo ou até mesmo em ambientes descolados dos padrões educativos e uma seleção de imagens relacionadas com as propostas e reflexões; todas fazem parte do Acervo Fotográfico do Museu da Cidade de São Paulo." 

Disponível para download no site do Museu da Cidade de São Paulo aqui

Conheça também: www.acervosdacidade.prefeitura.sp.gov.br




Detalhando mais o número real de vacinas no Brasil

José Roberto Gnecco
Presidente do Comitê AntiCovid-19 da UNESP/RC

Está difícil saber verdadeiramente o número de doses disponíveis para vacinar os brasileiros, tendo o ministro da Saúde divulgado em 17/02 aos governadores que serão 363 milhões de doses as vacinas adquiridas aplicáveis aos brasileiros “vacináveis” até dezembro, sendo metade até o meio do ano. Por brasileiros “vacináveis” entende os 158 milhões de brasileiros maiores de 18 anos – como se até bebês não morressem por COVID-19. Como de 17/01 a 07/03 foram vacinados 8 milhões de brasileiros, faltariam só 71 milhões a serem vacinados em 4 meses (https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/pazuello-apresenta-cronograma-para-entregar-230-7-milhoes-de-doses-de-vacinas-contra-a-covid-19-ate-julho).     Será que será assim?
As manchetes dos jornais são sempre otimistas para nos tranquilizar, mas se confiarmos no que as autoridades dizem e a mídia repete já teríamos 1 bilhão de vacinas. Na situação em que estamos, isso não ocorre só por má fé ou ingenuidade, mas porque cada vez que uma autoridade fala em comprar, contratar, fabricar, produzir, etc., uma vacina, ela repete isso 10 vezes e a mídia repete isso mais 10 vezes para cada uma. Como separarmos quantas doses serão realmente aplicadas do número de vezes que a mesma notícia é repetida pela mesma autoridade ou por outra autoridade ou mesmo apesar de ser divulgada como excelente notícia é totalmente impossível de ser obtida porque não se tem dinheiro, tempo ou tecnologia – ou vontade política porque se é contra - para tanto?
Dessa forma, como as vacinas ou seus insumos vêm do exterior, melhor seguir as chegadas dos mesmos nos aeroportos, à semelhança dos anos 1950 na aviação quando era notícia a lista de passageiros que partiam ou chegavam do exterior, pois a mídia publica a chegada dos insumos e, ao se confrontar os dados de cada notícia a partir de diferentes fontes, pode-se identificar “quantas vezes chegaram”, na verdade, os mesmos insumos...
Estes são os números reais de doses que chegaram até agora:


Como as vacinas demandam duas doses para imunização, de 17/01 ao final de março poderão ser imunizados 23,21 milhões de brasileiros, isto é, 14% dos 158 milhões de brasileiros maiores de 18 anos que o ministro chama de “vacináveis”, pois com a chegada dos insumos serão produzidas vacinas aplicáveis no mês seguinte, se tudo funcionar.

Linha do Tempo:
  • Em agosto de 2020, o Governo Federal pôde reservar 130 milhões de doses da Coronavac e da Pfizer para entrega a partir de novembro de 2020 e nada fez (https://piaui.folha.uol.com.br/bolsonaro-recusou-tres-ofertas-de-vacina/; https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2021/01/reconhecimento-de-recusa-de-oferta-da-pfizer-amplia-criticas-a-atuacao-de-bolsonaro-na-pandemia.shtml).
  • Em 11/12/2020, a mídia internacional divulga “que governo pretende confiscar vacina dos estados” (https://www.dw.com/pt-br/aliado-de-bolsonaro-diz-que-governo-pretende-confiscar-vacina-dos-estados/a-55913159).
  • Em 15/01, o Governo Federal exige as vacinas compradas pelo Estado de São Paulo.
  • Em 17/01, só após este Estado condicionar o repasse das doses da mesma ao Governo Federal à convocação da reunião da Anvisa para discussão da vacina, esta autoriza o uso das 10,62 milhões de vacinas armazenadas em São Paulo desde 19/11/2020. 
  • Em 22/01, só após o Estado de São Paulo vacinar em 17/01, o Governo Federal compra 2 milhões de vacinas AstraZeneca prontas na Índia.
  • Em 11/02, o ministro da Saúde comunica que o Brasil fabricará e exportará vacinas para a América Latina.
  • Em 17/02, o ministro da Saúde promete 363 milhões de doses em 2021 e 230 milhões até o meio do ano para que todos os brasileiros vacináveis sejam vacinados até dezembro e metade destes até junho.
  • Em 19/02, o ministro da Saúde determina que os brasileiros sejam vacinados somente com a 1ª. dose, voltando atrás em 23/02.
  • Em fevereiro, a Fiocruz compra 15 milhões de insumos, mas ainda não tem produção própria. Portanto, a única vacina que o Brasil tem hoje é a Coronavac e se forem usadas agora as 4 milhões de doses da AstreZeneca compradas prontas, por enquanto, não haverá a segunda dose para os maiores de 80 anos que as receberam – meus pais, por exemplo


sexta-feira, 5 de março de 2021

O colapso na barreira de proteção causou a falta de leitos.

Eduardo Kokubun, Unesp 

Rio Claro, junto com os outros municípios do Departamento Regional de Saúde de Piracicaba, experimentaram, em uma semana, um relaxamento seguido de um duro endurecimento nas fases do Plano São Paulo. Isso ocorre mesmo com aumento vertiginoso no número de leitos na região. A disponibilidade de leitos UTI exclusivos para Covid saltou de 8,5 100 mil habitantes em 13/06/2020 para 22,8 em 04/03/2021.

O BAC vem alertando sobre o recrudescimento abrupto da pandemia no município. Na edição de 23/02/2021, alertávamos:

"A escalada na ocupação de leitos pode vir muito rapidamente, porém sem nunca da algum sinal". Mais adiante, constatávamos que em fevereiro o número de reprodução Rt, após uma ligeira redução para baixo de 1, quando o número de novos infectados diminui, voltou a crescer. Era necessário "derrubar o número de casos diários de horríveis 80 casos médios diários para 11".

No dia 26/02, quando o DRS de Piracicaba progrediu para a fase amarela, Rio Claro atingia o maior número de internações de toda pandemia. Naquele dia, o Rt alcançou 1,69, ante 0,98 uma semana antes.

Consideramos "inusitada" a progressão para a fase amarela num dos piores momentos da pandemia, no BAC de 02/03. Destacamos que os critérios vigentes do Plano São Paulo, não conseguiam capturar a velocidade do avanço da pandemia. "Sem reduzir substancialmente o número de novos casos, não há como reduzir as consequências: internações, ocupações de leitos e óbitos". Nesse dia, Rio Claro atingia 100% de ocupação de leitos por COVID.

A forte aceleração da pandemia, e o iminente colapso no sistema de saúde, que só não ocorreu ainda porque houve rápida ativação de novos leitos no município, levou a Unesp a manifestar publicamente sobre o agravamento da pandemia. Aponta o documento "que as medidas de mitigação da pandemia no município estão pouco eficazes". "Não resta ao município outra opção senão, no curto prazo, tomar medidas enérgicas e imediatas para minimizar as perdas das vidas que decorrerão da pandemia". No mesmo dia do comunicado, em 03/03/2021, o Governo do Estado anunciou a aplicação da fase vermelha a partir deste sábado 06/03. 

A piora da pandemina e sobrecarga no sistema de saúde não é exclusiva de Rio Claro. Ocorre em todo Estado de São Paulo em no Brasil. Já apontamos que Rio Claro teve êxito parcial em reduzir a pandemia. Parcial porque teria que ter conseguido um pouco mais. No momento menos pior entre as duas ondas em 07/11/2020, Rio Claro tinha 60 casos ativos com Rt de 0,7: as 60 pessoas que pegaram o vírus transmitiram para outras 42, com redução na ocupação de leitos e óbitos.

A situação de 03/03 é muito diferente. Havia 560 casos ativos, 9,3 vezes maior. Com Rt de quase 2, esses já infectaram ou infectarão outras 1.120, 26,7 vezes maior do que o valor de 07/11/2020. É uma avalanche de novos casos, tal como o estouro da barragem de Brumadinho. O desastre ocorreu, provocou fatalidades imediatamente como vimos nos vídeos à época. Mais adiante da barragem, alguns ainda conseguiram escapar. Porém, àquela altura, o colapso da estrutura já ocorrera. O colapso não é do sistema hospitalar sem falta de leitos agora ou em futuro próximo. O colapso ocorreu há tempos, com as fissuras provocadas pelo relaxamento de medidas protetivas individuais e coletivas, e terminaram por solapar a barragem contra a transmissão do vírus.


O realismo de Ibsen e o teatro do absurdo de Beckett

Um comentário ao artigo do professor Carlos Magno Fortaleza

Adilson Roberto Gonçalves

Unesp Rio Claro

Um desabafo, um grito de socorro. Assim é o texto angustiante que o professor Carlos Magno Fotaleza publicou na Folha de S. Paulo nesta sexta-feira, 5 de março de 2021 (https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2021/03/e-preciso-continuar-nao-consigo-continuar-eu-vou-continuar.shtml), às vésperas do Estado de São Paulo entrar na fase vermelha, a mais restritiva no combate à pandemia do novo coronavírus.

O professor Fortaleza faz uma analogia com o teatro do absurdo exemplificado por Samuel Beckett e sua obra de 1953, O Inominável, e dela tira as frases finais para seu título, aqui em inglês: I can't go on, I'll go on.

A leitura é angustiante, revelando o nível de esgotamento a que chegaram todos os que estão no combate à pandemia, quer seja na linha de frente, quer seja nos laboratórios de pesquisa estudando o processo e buscando soluções. Um contraponto com a necropolítica oficial que não apenas se abstém, mas age contrariamente aos reais esforços.

Um outro autor vem à lembrança, representante do realismo teatral, anterior a Beckett. Henrik Ibsen escreveu Um inimigo do povo em 1882 contando a história de um médico que descobre que a água da cidade, que é um balneário, está contaminada pelos dejetos de uma indústria. Ao tentar denunciar o problema de saúde pública é impedido pelos citadinos, desde os mais humildes até a casta política que comanda a cidade. Os argumentos são que a economia da cidade baseada no turismo entraria em colapso e transformar o médico no inimigo do povo, título da peça. Revela-se, portanto, a produção de uma mentira generalizada que passa a ser verdade pela vontade da maioria. Qualquer semelhança com o negacionismo atual não é coincidência, dando mérito à máxima de outro filósofo de que a história sempre se repete. A farsa atual já nos custou mais de 260 mil vidas e diariamente estamos nos aproximando do número total de mortos que um dos representantes do governo havia previsto. A diferença é que ele falou em 2100 mortes no total, e desse valor nos aproximamos em mortes diárias.

 

2ª Feira Virtual das Editoras Universitárias


Márcia Correa Bueno Degasperi

Unesp



2ª Feira Virtual das Editoras Universitárias


Continuando em formato remoto por conta da pandemia, mais uma edição da Feira das Editoras Universitárias com direito à promoção no preço de obras, inclusive e-books e agenda cultural.

De 08 a 17 de março

A Editora Unesp estará presente. Confira aqui.

Confira a programação completa aqui.