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Coronavírus hoje: Brasil registra recorde na média de mortes pelo 4º dia seguido e ministro da Saúde se diz contrário a confinamento nacional
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Coronavírus hoje: Brasil registra recorde na média de mortes pelo 4º dia seguido e ministro da Saúde se diz contrário a confinamento nacional
Levantamento feito com dados de 996 hospitalizados em 2021 mostra aumento de 167% de internações entre 30 a 40 anos entre janeiro e março. Proporção de óbitos na faixa de 80 anos ou mais despenca de 65% para 5%.
Eduardo Kokubun - UNESP - Rio Claro
Março de 2021 já é o mês com maior mortalidade por Covid-19 em Rio Claro durante toda pandemia. Antes do final do mês, em 29/03, a Prefeitura informou a ocorrências de 90 óbitos, 30% de todos os 12 meses da pandemia.
Também é o mês com maior número de internações, e está ultrapassando a capacidade máxima de leitos, assim como em muitos municípios de todo o Brasil. Em comparação a janeiro, o número de pessoas internadas com Covid-19 confirmada aumentou de 166 para 233 (45% ). Porém, a distribuição é desigual entre as faixas etárias. Entre 20 até 70 anos de idade, o aumento é superior à média. Destaque é a faixa de 30 a 40 anos: 9 foram internados em janeiro e em março já são 24, um aumento foi de 167%! Na faixa de 40 a 50 anos foi de 108% (de 26 para 54) e de 20 a 30 anos de 67% (de 6 para 10).
Entre os maiores de 70 anos, o avanço das internações ficou abaixo da média, com destaque para a faixa de 80 a 90 anos, que reduziu em 50% (de 20 para 10).
Óbitos acompanham tendência semelhante ou pior. Enquanto o número de pessoas internadas com covid-19 confirmada aumentou 44% o número de óbitos aumentou 129%. Entre os internados em janeiro, a maior incidência de óbitos ocorreu na faixa de 80 a 90 anos. Em março, houve um avanço na incidência de óbitos em todas as faixas, enquanto entre os mais idosos, o número estacionou.
Entre os internados em janeiro, 65% dos óbitos ocorreu em pessoas com mais de 80 anos. Em março, despencou para apenas 5%. Em todas as faixas de idade abaixo de 80 anos, a incidência de óbitos aumentou, notadamente para aqueles entre 50 e 80 anos.
Esses dados mostram que a pandemia em Rio Claro mudou. Está levando mais pessoas jovens, principalmente entre 30 a 40 anos a serem internadas. É possível que o aumento da velocidade de contágio esteja levando pessoas mais jovens a necessitarem de cuidados hospitalares. Também não é possível descartar os efeitos da variante P.1. que já está em circulação pela região e possivelmente no município.
A boa notícia é que, mesmo andando muito lentamente por falta de doses, é possível que a vacinação esteja surtindo efeito, reduzindo tanto o número de internações como o de óbitos nos mais idosos que já foram vacinados. É um efeito que já foi antecipado no BAC 74 de 15/01/2021.
A consequência mais nefasta de tantos desmandos, caro leitor, foi a de que a epidemia fugiu do controle do sistema de saúde. Daqui em diante, só podemos contar com nós mesmos.
Drauzio Varela aponta diversos desmandos na condução sanitária da Pandemia da COVID-19, inclusive a recente defesa de que médicos prescrevam tratamento precoce inexistente.
Para ele estamos diante dos resultados de
* omissões, equívocos e desmandos de governantes
* falta de sensibilidade da população (para ele Os brasileiros decretaram o fim da epidemia, em novembro do ano passado. E se comportaram de maneira inconsequente)
Clique aqui para acesso a texto publicado na Folha de São Paulo em 28/3/2021
Trabalho publicado no final de 2020 por
Prof. Miguel Buelta (@MiguelBuelta), USP, Escola Politécnica
com colaboração e revisão:
Isaac Schrarstzhaupt (@schrarstzhaupt)
Marcelo A. S. Bragatte (@marcelobragatte)
Talvez possa ser o início de estudos mais detalhados sobre o fenômeno
Para acessar o estudo clique aqui para o trabalho de novembro de 2020
Para acessar o twitter do autor clique aqui
Eduardo Kokubun, Unesp-Rio Claro
Márcia Correa Bueno Degasperi
Unesp
Márcia Correa Bueno Degasperi
Unesp
Márcia Correa Bueno Degasperi
Unesp
Com 12 dias de restrições, Rio Claro bate recordes de contágio, internações e óbitos. Sem resultados palpáveis município e estado perdem a renda e perdem vidas
Eduardo Kokubun - UNESP
Com o avanço da pandemia, todo Estado de São Paulo entrou na fase vermelha em 06/03/2021. Em apenas uma semana, com os números piorando, veio a fase emergencial. Porém, até o momento, não há nenhum indício de que o avanço da pandemia tenha sido contida.
Na semana que antecedeu a fase vermelha, Rio Claro registrou na média, 67 casos novos por dia. Ontem, chegamos a 98, um aumento de 46%. De 120 leitos ocupados passamos à média de 138: aumento de 15%. UTIs passaram de 47 a 70 leitos ocupados por dia: aumento de 49%. Óbitos em sete dias aumentaram estonteantes 107%, de 13 para 27.
A taxa de isolamento mudou muito pouco no mesmo período: de 38% para 40%. Entre o Natal e Ano Novo o isolamento médio foi de 42%. O desejável seria atingir 60% ou mais.
Convém ainda mencionar que todos os números da semana bateram recordes de toda pandemia. É um colapso que se iniciou na segunda quinzena de novembro do ano passado e não parou mais. Aliás, nem se pode dizer que a primeira onda tenha acabado. Para evitar uma segunda onda maior do que a primeira, era necessário ter derrubado o contágio para menos de 5 casos diários, feito que Rio Claro e nem outros municípios conseguiram.
Para evitar as consequências mais trágicas da pandemia, óbito, UTI e hospitalizações, é necessário evitar o aparecimento de novos casos. É necessário também tempo: os reflexos da redução de casos aparecerão com até de duas semanas de atraso nas internações e óbitos.
O número de novos casos ainda não diminuiu, portanto, as hospitalizações e óbitos ainda continuarão a crescer. Se hoje estamos com todos os leitos do município ocupados, o cenário que nos aguarda, não é nada otimista. É um resultado trágico: pessoas estão perdendo renda enquanto outros perdem a vida. Um duplo sacrifício sem retorno algum.
Araraquara adotou um isolamento radical quando a ocupação de leitos atingiu 100%. Em dez dias, o contágio desabou 43% e internações em 28%. Em três semanas, ao contrário do restante do Estado, experimenta algum alívio. É um sacrifício relativamente curto, porém com ganho significativo.
Márcia Correa Bueno Degasperi
Unesp
12 de março é comemorado o dia do Bibliotecário. Na última sexta-feira, várias mensagens foram divulgadas para homenagear o profissional da informação. A Unesp não deixou em branco essa data com a divulgação da mensagem da coordenadora da Coordenadoria Geral de Bibliotecas, Dra. Flávia Maria Bastos, que você pode conferir aqui: O movimento da transformação digital das bibliotecas da Unesp durante a pandemia, juntamente com mensagem da vice-reitora, professora Maysa Furlan e do escritor Ignácio de Loyola Brandão.
Ressalta-se a habilidade das bibliotecas em trabalhar também o mundo digital podendo dar apoio aos alunos e docentes nesse momento de pandemia e de aulas remotas. Em destaque também a implantação de novos serviços com o projeto "Gerenciamento das listas de recursos das bibliografias de disciplinas" pelas equipes das bibliotecas da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB), Faculdade de Filosofia e Ciências (FFC), de Marília, e do câmpus de Rio Claro. Esse projeto utiliza a ferramenta Leganto que, integrado ao SISGRAD e a plataformas de aprendizagem, também pode ser disponibilizado via link ao Classroom (ferramenta Google) permitindo o gerenciamento das listas dos recursos informacionais ofertadas nas disciplinas.
Assim, as bibliotecas continuam atuantes no apoio ao ensino, pesquisa e extensão sempre em função da sua missão mediadora nos processos de construção do conhecimento.
Márcia Correa Bueno Degasperi
Unesp
Durante todo mês de julho de 2020, no pior momento da pandemia, Rio Claro registrou 42 mortes. Março já acumula 34 mortes, incluindo um recém-nascido. Sem interromper o contágio, necessidade de leitos poderá chegar a 200.
Eduardo Kokubun, UNESP
Este mês de março já coleciona vários recordes da pandemia no município. No dia 03/03 foi atingido o pico de 132 leitos ocupados no município ante os 94 registrados na primeira onda em 18/06/2020. Em 15/03, a nova marca de 141 internados chegou com outro recorde de 76 pessoas internadas em UTI.
Marcou o dia também o óbito de um recém-nascido de apenas 4 dias. Houve um total de 6 óbitos num único dia, igualando o anterior em 25/06/2020.
Decorridos 7 dias do início da fase vermelha, e o primeiro da fase emergencial no Estado, não há ainda indícios de que Rio Claro tenha freado a corrente de transmissão do vírus. Pelo contrário, o número médio de casos aumentou de 55 para 75 por dia em uma semana. Isso deve impactar ainda no número de internações e óbitos nas próximas semanas.
No gráfico, temos a representação do número de leitos ocupados em Rio Claro desde novembro do ano passado. Há 3 semanas ela vem acompanhando a tendência das linhas pontilhadas. Se não houver nenhuma mudança na pandemia, é possível que em dez dias, Rio Claro necessite de 200 leitos para acomodar os enfermos com Covid-19 e as síndromes gripais mais graves. Hoje, temos 155 disponíveis.
Para completar passamos ontem e hoje aguardando o desfecho da troca do Ministro da Saúde. Foi um dia de tirar o fôlego.
Mariana Milani
Unesp
Aproveitamos a repercussão do Dia Internacional da Mulher para comentar alguns aspectos políticos da carreira científica das mulheres no âmbito nacional.
De que forma o governo brasileiro e as entidades de pesquisa ou instituições de ensino compreendem, hoje, as disparidades entre homens e mulheres na academia? Quais são as medidas para reduzir as desigualdades? Como a questão da maternidade e paternidade é tratada no trabalho de pesquisa? Como a pandemia de covid-19 tem afetado as mulheres cientistas e que futuro podemos vislumbrar diante do cenário negacionista que assombra nosso país?. É importante ter em mente que não existe a profissão “cientista” no Brasil. Quando se escolhe “fazer pesquisa”, na grande maioria das instituições públicas, é necessário percorrer um trajeto indissociável da docência. Portanto, a pesquisadora também é professora. Vamos elencar alguns eventos significativos que alavancaram as discussões feministas até chegarmos ao assunto principal desse texto: as mulheres nas ciências.
Leia mais em aqui.
Márcia Correa Bueno Degasperi
Unesp
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um longo discurso no dia 10 de março, abordando vários aspectos políticos. Um recorte dos trechos referentes à pandemia do novo coronavírus é apresentado. De forma geral, ele critica duramente a condução do governo no enfrentamento da pandemia, prega a vacinação, o uso de máscara, o distanciamento social e a higienização. Faz defesa do SUS, atribuindo à estrutura do órgão público o fato da tragédia não ser maior ainda.
Logo no início, Lula certifica-se de que todos estejam de máscara, que todos foram testados e que, após autorização do médico presente, pede para tirar a máscara para discursar melhor, recolocando-a ao final da entrevista que sucedeu o discurso.
Solidariza-se com as famílias dos mais de 270 mil mortos pelo coronavírus, presta homenagem também aos profissionais da saúde, especialmente ao SUS, que vem sendo “descredenciado”, nas palavras do ex-presidente, tendo suas verbas reduzidas, mas é o principal responsável pela tragédia não ser muito maior ainda.
Afirmou que a questão da vacina não é de dinheiro, mas sim de amar a vida ou a morte, questionando o papel do Presidente da República no cuidado de seu povo.
Lula, com 75 anos, em breve tomará a vacina e fará propaganda para que todos tomem a vacina. “Não siga nenhuma decisão imbecil do presidente da República ou do ministro da Saúde”, foram suas palavras. A vacina é o que pode livrar da covid-19, diz o ex-presidente. E continua com o alerta de que, mesmo vacinado, o distanciamento social, o uso de máscara e a higienização são fundamentais e deverão sem mantidos e continuados.
Lamentou que as mortes, ultrapassando as 2 mil diárias, tenham sido naturalizadas. Mortes que teriam sido evitadas, em parte, se houvesse um comitê de gestão de crise no nível federal. Na visão dele, tal comitê envolveria o ministro e os secretários estaduais de saúde e pesquisadores das instituições envolvidas com vacinas, cuja função seria orientar semanalmente a população sobre o que fazer. O presidente e o comitê visitariam os municípios, os hospitais, avaliando as condições de enfrentamento da pandemia. Trabalharia para evitar que faltasse oxigênio em Manaus. Criticou a ausência de interesse em adquirir ofertas de vacinas, como a feita pela Pfizer. Em suma, duramente criticou a postura do Presidente da República de defender inexistente tratamento precoce, dizer que se tratava de uma gripezinha e delegando à população o risco de contrair a doença. Quanto ao risco é interessante, como complemento, a leitura dessas reflexões feitas por Duanne Ribeiro na revista CULT: leia aqui.
Ao final, afirmou que a “covid está tomando conta desse país e a cepa de Manaus parece que é dez vezes mais contagiante que a outra cepa, e mata pelo menos duas vezes mais”. Importante que Lula ouviu os cientistas para apresentar esses dados.
Sem contenção, a pandemia cresce geometricamente: a conta para colocar mais leitos idem.
Eduardo Kokubun, UNESP
Com o recrudescimento da pandemia apertando hospitais de um lado e os bolsos do outro, tem muita gente dizendo que a solução é abrir mais leitos. O DRS Piracicaba triplicou o número de leitos UTI de 7,46 no incio da pandemia para 23,36. Mesmo assim, no dia 11/03/2021 estava com 81% de ocupação. Isso ocorreu em todas as regiões do Estado e do país.
Para não afogar gente doente no seco, os leitos precisariam se multiplicar na mesma velocidade de multiplicação do vírus. Esse era, e continua sendo o objetivo das medidas não farmacológicas de mitigação da pandemia. Pelo menos enquanto não houver vacinação em massa.
Gente contagiada pelo vírus, se multiplica. Uma pessoa infectada, pode contagiar outras duas ou mais. Logo, 1 x 2=2 novos infectados. Cada um desses 2 infecta outros 2: 2 x 2 = 4. Nas próximas rodadas serão 4 x 2 = 8, 8 x 2 =16, 16 x 2 =32, 32 x 2 = 64, 128, 256, 512, 1024, 2048, 4096, 8192, 16384, 32768 e em 16 rodadas, 65536. Cada rodada de infeções dura cerca de 5 dias. Isso significa que em 5 x 16 = 80 dias, o número de doentes aumentaria 6553600% - mais de 6 milhões de porcento em menos de 3 meses. Essa é a regra da progressão geométrica: cresce infinitamente. (Recomendo um artigo de Carlos Orsi no link ao final da matéria.)
Leito não é de graça: custa dinheiro e precisa de gente. Alguém paga a conta, ou de impostos ou plano de saúde. Imagine o que é aumentar impostos ou plano de saúde em 6 milhões %!. Ainda bem que alguém inventou a máscara e descobriu que manter o distanciamento ajuda a reduzir a transmissão. Dói menos no bolso usar máscara, aprender etiqueta respiratória, usar álcool gel e manter o distanciamento social.
Se quiser reivindicar alguma providência, peça a quem você conhece, sua família, seu amigo, seu cliente e até mesmo um desconhecido para fazer o mesmo. Inclua também um auxílio para quem perde renda. Impostos precisam voltar para o bem-estar da população.
https://revistaquestaodeciencia.com.br/artigo/2020/03/29/xadrez-graos-de-trigo-e-progressao-geometrica
Foram analisados dados Secretaria Estadual de Saúde para os municípios de Araraquara, Araras, Piracicaba, Rio Claro e São Carlos. A distribuição da idade dos casos é semelhante entre os municípios. Adultos com menos de 60 anos impulsionaram óbitos em Araraquara.
Eduardo Kokubun, Unesp
Márcia Correa Bueno Degasperi
Unesp
Márcia Correa Bueno Degasperi
Unesp
"O Núcleo Educativo do Museu da Cidade de São Paulo apresenta o material educativo desenvolvido para profissionais da educação.
Fruto da pesquisa dos educadores do Museu da Cidade de São Paulo, parte dos assuntos que circundam a exposição sistêmica Infâncias em São Paulo, em cartaz na Casa da Imagem, Casa do Butantã, Casa do Tatuapé, Chácara Lane e no Solar da Marquesa de Santos.
Nele você encontra um levantamento de dados e discussões dialógicas entre o tema exposto e os papéis pedagógicos desenvolvidos nos ambientes educacionais, sejam eles formais ou informais; propostas de ações práticas para serem experimentadas em sala de aula, em grupo ou até mesmo em ambientes descolados dos padrões educativos e uma seleção de imagens relacionadas com as propostas e reflexões; todas fazem parte do Acervo Fotográfico do Museu da Cidade de São Paulo."
Disponível para download no site do Museu da Cidade de São Paulo aqui.
Conheça também: www.acervosdacidade.prefeitura.sp.gov.br
Eduardo Kokubun, Unesp
Rio Claro, junto com os outros municípios do Departamento Regional de Saúde de Piracicaba, experimentaram, em uma semana, um relaxamento seguido de um duro endurecimento nas fases do Plano São Paulo. Isso ocorre mesmo com aumento vertiginoso no número de leitos na região. A disponibilidade de leitos UTI exclusivos para Covid saltou de 8,5 100 mil habitantes em 13/06/2020 para 22,8 em 04/03/2021.
O BAC vem alertando sobre o recrudescimento abrupto da pandemia no município. Na edição de 23/02/2021, alertávamos:
"A escalada na ocupação de leitos pode vir muito rapidamente, porém sem nunca da algum sinal". Mais adiante, constatávamos que em fevereiro o número de reprodução Rt, após uma ligeira redução para baixo de 1, quando o número de novos infectados diminui, voltou a crescer. Era necessário "derrubar o número de casos diários de horríveis 80 casos médios diários para 11".
No dia 26/02, quando o DRS de Piracicaba progrediu para a fase amarela, Rio Claro atingia o maior número de internações de toda pandemia. Naquele dia, o Rt alcançou 1,69, ante 0,98 uma semana antes.
Consideramos "inusitada" a progressão para a fase amarela num dos piores momentos da pandemia, no BAC de 02/03. Destacamos que os critérios vigentes do Plano São Paulo, não conseguiam capturar a velocidade do avanço da pandemia. "Sem reduzir substancialmente o número de novos casos, não há como reduzir as consequências: internações, ocupações de leitos e óbitos". Nesse dia, Rio Claro atingia 100% de ocupação de leitos por COVID.
A forte aceleração da pandemia, e o iminente colapso no sistema de saúde, que só não ocorreu ainda porque houve rápida ativação de novos leitos no município, levou a Unesp a manifestar publicamente sobre o agravamento da pandemia. Aponta o documento "que as medidas de mitigação da pandemia no município estão pouco eficazes". "Não resta ao município outra opção senão, no curto prazo, tomar medidas enérgicas e imediatas para minimizar as perdas das vidas que decorrerão da pandemia". No mesmo dia do comunicado, em 03/03/2021, o Governo do Estado anunciou a aplicação da fase vermelha a partir deste sábado 06/03.
A piora da pandemina e sobrecarga no sistema de saúde não é exclusiva de Rio Claro. Ocorre em todo Estado de São Paulo em no Brasil. Já apontamos que Rio Claro teve êxito parcial em reduzir a pandemia. Parcial porque teria que ter conseguido um pouco mais. No momento menos pior entre as duas ondas em 07/11/2020, Rio Claro tinha 60 casos ativos com Rt de 0,7: as 60 pessoas que pegaram o vírus transmitiram para outras 42, com redução na ocupação de leitos e óbitos.
A situação de 03/03 é muito diferente. Havia 560 casos ativos, 9,3 vezes maior. Com Rt de quase 2, esses já infectaram ou infectarão outras 1.120, 26,7 vezes maior do que o valor de 07/11/2020. É uma avalanche de novos casos, tal como o estouro da barragem de Brumadinho. O desastre ocorreu, provocou fatalidades imediatamente como vimos nos vídeos à época. Mais adiante da barragem, alguns ainda conseguiram escapar. Porém, àquela altura, o colapso da estrutura já ocorrera. O colapso não é do sistema hospitalar sem falta de leitos agora ou em futuro próximo. O colapso ocorreu há tempos, com as fissuras provocadas pelo relaxamento de medidas protetivas individuais e coletivas, e terminaram por solapar a barragem contra a transmissão do vírus.
Um comentário ao artigo do professor Carlos Magno Fortaleza
Adilson Roberto Gonçalves
Unesp Rio Claro
Um desabafo, um grito de socorro. Assim é o texto angustiante que o professor Carlos Magno Fotaleza publicou na Folha de S. Paulo nesta sexta-feira, 5 de março de 2021 (https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2021/03/e-preciso-continuar-nao-consigo-continuar-eu-vou-continuar.shtml), às vésperas do Estado de São Paulo entrar na fase vermelha, a mais restritiva no combate à pandemia do novo coronavírus.
O professor Fortaleza faz uma analogia com o teatro do absurdo exemplificado por Samuel Beckett e sua obra de 1953, O Inominável, e dela tira as frases finais para seu título, aqui em inglês: I can't go on, I'll go on.
A leitura é angustiante, revelando o nível de esgotamento a que chegaram todos os que estão no combate à pandemia, quer seja na linha de frente, quer seja nos laboratórios de pesquisa estudando o processo e buscando soluções. Um contraponto com a necropolítica oficial que não apenas se abstém, mas age contrariamente aos reais esforços.
Um outro autor vem à lembrança, representante do realismo teatral, anterior a Beckett. Henrik Ibsen escreveu Um inimigo do povo em 1882 contando a história de um médico que descobre que a água da cidade, que é um balneário, está contaminada pelos dejetos de uma indústria. Ao tentar denunciar o problema de saúde pública é impedido pelos citadinos, desde os mais humildes até a casta política que comanda a cidade. Os argumentos são que a economia da cidade baseada no turismo entraria em colapso e transformar o médico no inimigo do povo, título da peça. Revela-se, portanto, a produção de uma mentira generalizada que passa a ser verdade pela vontade da maioria. Qualquer semelhança com o negacionismo atual não é coincidência, dando mérito à máxima de outro filósofo de que a história sempre se repete. A farsa atual já nos custou mais de 260 mil vidas e diariamente estamos nos aproximando do número total de mortos que um dos representantes do governo havia previsto. A diferença é que ele falou em 2100 mortes no total, e desse valor nos aproximamos em mortes diárias.
Márcia Correa Bueno Degasperi
Unesp