Sem contenção, a pandemia cresce geometricamente: a conta para colocar mais leitos idem.
Eduardo Kokubun, UNESP
Com o recrudescimento da pandemia apertando hospitais de um lado e os bolsos do outro, tem muita gente dizendo que a solução é abrir mais leitos. O DRS Piracicaba triplicou o número de leitos UTI de 7,46 no incio da pandemia para 23,36. Mesmo assim, no dia 11/03/2021 estava com 81% de ocupação. Isso ocorreu em todas as regiões do Estado e do país.
Para não afogar gente doente no seco, os leitos precisariam se multiplicar na mesma velocidade de multiplicação do vírus. Esse era, e continua sendo o objetivo das medidas não farmacológicas de mitigação da pandemia. Pelo menos enquanto não houver vacinação em massa.
Gente contagiada pelo vírus, se multiplica. Uma pessoa infectada, pode contagiar outras duas ou mais. Logo, 1 x 2=2 novos infectados. Cada um desses 2 infecta outros 2: 2 x 2 = 4. Nas próximas rodadas serão 4 x 2 = 8, 8 x 2 =16, 16 x 2 =32, 32 x 2 = 64, 128, 256, 512, 1024, 2048, 4096, 8192, 16384, 32768 e em 16 rodadas, 65536. Cada rodada de infeções dura cerca de 5 dias. Isso significa que em 5 x 16 = 80 dias, o número de doentes aumentaria 6553600% - mais de 6 milhões de porcento em menos de 3 meses. Essa é a regra da progressão geométrica: cresce infinitamente. (Recomendo um artigo de Carlos Orsi no link ao final da matéria.)
Leito não é de graça: custa dinheiro e precisa de gente. Alguém paga a conta, ou de impostos ou plano de saúde. Imagine o que é aumentar impostos ou plano de saúde em 6 milhões %!. Ainda bem que alguém inventou a máscara e descobriu que manter o distanciamento ajuda a reduzir a transmissão. Dói menos no bolso usar máscara, aprender etiqueta respiratória, usar álcool gel e manter o distanciamento social.
Se quiser reivindicar alguma providência, peça a quem você conhece, sua família, seu amigo, seu cliente e até mesmo um desconhecido para fazer o mesmo. Inclua também um auxílio para quem perde renda. Impostos precisam voltar para o bem-estar da população.
https://revistaquestaodeciencia.com.br/artigo/2020/03/29/xadrez-graos-de-trigo-e-progressao-geometrica
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