Foram analisados dados Secretaria Estadual de Saúde para os municípios de Araraquara, Araras, Piracicaba, Rio Claro e São Carlos. A distribuição da idade dos casos é semelhante entre os municípios. Adultos com menos de 60 anos impulsionaram óbitos em Araraquara.
Eduardo Kokubun, Unesp
A aceleração da segunda onda e a chegada da variante P.1., dizem, mudou o perfil da pandemia no Brasil. Rio Claro e vizinhança foram assoladas por uma avalanche de novos casos e óbitos que amplificaram a gravidade da crise, anunciada desde novembro do ano passado.
Escolhemos quatro municípios vizinhos, com população maior do que 100 mil habitantes e frequentaram o noticiário nas últimas semanas. Araraquara que se tornou o epicentro da pandemia no Estado com a propagação, agora confirmada da nova variante p.1, situação muito parecida com a de Araras. Piracicaba é a cidade mais populosa do Departamento Regional de Saúde ao qual pertence Rio Claro e com o, qual compartilha a infraestrutura hospitalar. São Carlos também passa por um aperto em vagas de hospitais e tem porte semelhante ao de Rio Claro.
Buscamos informações na Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, que apresenta dados de cada caso Covid-19 no Estado, como idade, sexo, presença de comorbidades, a data do primeiro sintoma e se houve ou não óbito. Os gráficos apresentam dados de novos casos e óbitos agrupados em períodos de duas semanas.
Prefeituras utilizam a data de divulgação do resultado do teste ou do óbito para compor suas estatísticas. Porém, isso não significa que alguém ficou doente naquele dia: a pessoa é infectada, passa alguns dias sem sintomas, e muitas vezes outros dias até o diagnóstico ser realizado. Os dados que consideram a data do aparecimento do sintoma é um retrato melhor do estágio da pandemia. A desvantagem é que há um atraso de uma a duas semanas até aparecer nas estatísticas de novos casos ou até mais no caso de óbitos. Por essa razão, marcamos em azul, as datas cujos resultados ainda podem mudar.
A proporção de novos casos por faixa etária permaneceram praticamente estáveis em todos os 5 municípios. Em comum, cerca de metade das infecções ocorreram em pessoas com menos de 40 anos (em verde entre 20 a 39 anos e em azul até 19 anos).
O gráfico de óbitos mostra a razão do desespero em Araraquara. Dá para notar a escalada de óbitos: 4 pessoas tiveram os primeiros sintomas nas duas semanas entre 24/11 e 7/12 foram a óbito. Esse número saltou para 41 entre aqueles que tiveram os sintomas entre 2/02 a 15/02. Outros municípios também tiveram escalada de mortes. De um modo geral, cerca de 80% dos óbitos ocorreram em pessoas com idades entre 60 e 79 anos e 80 anos ou mais. Porém, o que chama a atenção em Araraquara é o aumento de mortes entre aqueles com idade entre 20 e 39 e 40 e 59 anos de idade.
Dados preliminares mostraram que a variante P.1. é o que predomina em Araraquara. O perfil de mortalidade por lá é compatível com a maior transmissibilidade e gravidade em mais jovens que se atribui à essa variante.
Enquanto os pesquisadores ainda tentam compreender essa variante brasileira, precisamos nos proteger.
Em plena fase vermelha no Estado e sobrecarga de hospitais em todo país, disse uma aluna:
Vamos sair: Nem pensar."
"Quer sair: Quero.
Pode sair: Posso.
Sábias palavras...
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