quinta-feira, 18 de março de 2021

O faz de conta da fase vermelha e emergencial

Com 12 dias de restrições, Rio Claro bate recordes de contágio, internações e óbitos. Sem resultados palpáveis município e estado perdem a renda e perdem vidas

Eduardo Kokubun - UNESP

Com o avanço da pandemia, todo Estado de São Paulo entrou na fase vermelha em 06/03/2021. Em apenas uma semana, com os números piorando, veio a fase emergencial. Porém, até o momento, não há nenhum indício de que o avanço da pandemia tenha sido contida. 

Na semana que antecedeu a fase vermelha, Rio Claro registrou na média, 67 casos novos por dia. Ontem, chegamos a 98, um aumento de  46%. De 120 leitos ocupados passamos à média de 138: aumento de 15%.  UTIs passaram de 47 a 70 leitos ocupados por dia: aumento de 49%. Óbitos em sete dias aumentaram estonteantes 107%, de 13 para 27. 

A taxa de isolamento mudou muito pouco no mesmo período: de 38% para 40%. Entre o Natal e Ano Novo o isolamento médio foi de 42%. O desejável seria atingir 60% ou mais.

Convém ainda mencionar que todos os números da semana bateram recordes de toda pandemia. É um colapso que se iniciou na segunda quinzena de novembro do ano passado e não parou mais. Aliás, nem se pode dizer que a primeira onda tenha acabado. Para evitar uma segunda onda maior do que a primeira, era necessário ter derrubado o contágio para menos de 5 casos diários, feito que Rio Claro e nem outros municípios conseguiram.

Para evitar as consequências mais trágicas da pandemia, óbito, UTI e hospitalizações, é necessário evitar o aparecimento de novos casos. É necessário também tempo: os reflexos da redução de casos aparecerão com até de duas semanas de atraso nas internações e óbitos.

O número de novos casos ainda não diminuiu, portanto, as hospitalizações e óbitos ainda continuarão a crescer. Se hoje estamos com todos os leitos do município ocupados, o cenário que nos aguarda, não é nada otimista. É um resultado trágico: pessoas estão perdendo renda enquanto outros perdem a vida. Um duplo sacrifício sem retorno algum.

Araraquara adotou um isolamento radical quando a ocupação de leitos atingiu 100%. Em dez dias, o contágio desabou 43% e internações em 28%. Em três semanas, ao contrário do restante do Estado, experimenta algum alívio. É um sacrifício relativamente curto, porém com ganho significativo.




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