Adilson Roberto Gonçalves
IPBEN Unesp Rio Claro
A revista Science publicou nesta quinta-feira, 18/11, o artigo científico "Dissecando os primeiros casos de Covid-19 em Wuhan", de autoria do virologista Michael Worobey, do Departamento de Ecologia e Biologia Evolucionária da Universidade do Arizona em Tucson, Estados Unidos (https://www.science.org/doi/10.1126/science.abm4454). No trabalho é mostrado que a primeira pessoa contaminada pelo Sars-Cov-2 no mercado Huanan, na cidade de Wuhan, China, foi pelo contato com um animal vivo contaminado, um cão-guaxinim (https://pt.wikipedia.org/wiki/Cão-guaxinim). A pessoa seria uma vendedora, descrevendo no texto sua conexão com o mercado, tendo sido rastreados seu trajeto diário, proximidade com o local da contaminação e outros hábitos, além dos sintomas da Covid-19 relatados.
No artigo que está aberto para consulta pelo link colocado acima são apresentadas outras hipóteses de primeiros contaminados, utilizando dados clínicos e entrevistas publicadas. Após a análise criteriosa, consegue-se individualizar o que se chama de paciente zero. O autor traça considerações sobre o sistema de notificação e coleta de dados epidemiológicos e informa que animais vivos não foram testados, o que tornaria o rastreamento mais robusto. São utilizadas outras 15 referências bibliográfica para sustentar a hipótese levantada. O trabalho de Worobey é financiado, dentre outros, pela Fundação Bill e Melinda Gates.
O rastreamento nesse nível de individualização é muito difícil, mas é crucial para estabelecer todas as rotas de propagação do vírus que podem contribuir para evitar uma nova pandemia. Estudo semelhante foi feito em relação à aids, mapeando de forma retroativa os contaminados que passavam uns para os outros o HIV. No caso da aids o contágio era bem definido e por troca de fluidos corpóreos e individualizada, muito diferente do SarsCov-2, que se dá pelo ar e pela inspiração de partículas contendo o vírus.
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