sexta-feira, 19 de novembro de 2021

O que aprendemos com a nova onda no hemisfério Norte?

Não relaxar até a cobertura de 80% da população total com esquema vacinal completo e terceira dose de reforço.

Eduardo Kokubun - UNESP

Os países do oeste europeu avançaram muito rapidamente na vacinação de suas populações. Casos despencam até  os países alcançarem 60% de cobertura vacinal completa.  O otimismo com os bons resultados levaram muitos deles a relaxaram as medidas de proteção. Aos poucos, os novos casos começaram a aumentar, um efeito esperado com o relaxamento das medidas de distanciamento físico e uso de máscara, argumentaram as autoridades. As vacinas cumpririam o prometido, pois internações e óbitos continuavam comportadamente em níveis baixos. 

As últimas semanas, porém, a reversão da queda vem alcançando níveis preocupantes, sobretudo na parcela da população não vacinada. Os países da Europa Ocidental alcançaram cobertura vacinal entre 65 a 75% da população, de modo que 25 a 35% de não vacinados vem provocando muito estrago. A Áustria, por exemplo, anunciou o lockdown para pessoas não vacinadas, porém frente ao aumento acentuado de novos casos, ampliou o isolamento a toda população. A Alemanha viu o número de casos explodir acompanhado de aumento de ocupação de leitos acima do limite seguro. Medidas de restrição conhecida como 3G ( "geimpft, genesen, getestet" - "vacinado, recuperado, testado") já estão em vigor por lá.

Israel foi o país que mais rapidamente vacinou sua população, porém estacionou com 62% de cobertura. Autoridades de lá anunciaram ainda em julho que as vacinas perdem efetividade após 4 a 6 meses após a segunda dose. Porém, mesmo com a dose de reforço, não conseguiram conter a 5a onda por lá. Segundo especialistas, Israel errou ao demorar a aplicação do reforço.

A evolução da covid-19 no hemisfério Norte que colocou a Europa novamente no epicentro da pandemia mostra que a batalha contra o SarsCov-2 ainda não terminou. Não foi suficiente vacinar rapidamente como eles conseguiram, mas é necessário que a cobertura vacinal seja muito maior do que os 60 a 70% previstos inicialmente. Segundo a Fundação Osvaldo Cruz, deveríamos alcançar o mínimo de 80% da população total com a vacinação completa: o Brasil está com 60% e Rio Claro 70%. Outra constatação é que a dose de reforço é de fato necessária, para compensar a perda de imunidade após 4 a 6 meses da segunda dose.

O recado do hemisfério Norte é claro: ainda é cedo para relaxar.




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