Adilson Roberto Gonçalves
IPBEN Unesp Rio Claro
O recesso parlamentar não parou as investigações no âmbito da CPI da Pandemia no Senado Federal. As oitivas mais recentes davam conta de rastrear a corrupção havida, tanto nas ofertas de vacinas como no uso de verbas para a compra de remédios integrantes do chamado kit covid.
Nas semanas anteriores, ficaram marcantes as diferenças de entendimento da dinâmica da pandemia quando foram interpelados especialistas e quando foram ouvidos charlatães, tal como discutimos várias vezes neste Boletim.
Um artigo publicado no Correio Popular, jornal de Campinas, com o título Ficção e ciência na CPI da Pandemia, no dia do aniversário daquela cidade (14/7), afirmou que médicos como Nise Yamaguchi e Osmar Terra são criminosos ao defenderem tratamentos e medicamentos que não funcionam e, pior, têm severos efeitos colaterais comprovados. O texto foi resultado da compilação de cartas anteriormente enviadas a jornais, comentando o desenrolar científico e político da CPI.
O artigo recebeu apenas um comentário negativo de leitor, no dia seguinte. No entanto, o crítico subverte a lógica, chama a ciência de ficção porque contradiz suas opções políticas. Deixa isso claro porque faz outras defesas não presentes no artigo. A formação em engenharia desse leitor apenas torna seu venenoso negacionismo mais triste. Reflexo de que há muito o que caminhar na divulgação científica.
Mesmo jornalistas que procuram expressar suas opiniões calcadas em bons fundamentos e argumentos são algumas escorregadas. Recentemente houve a discussão sobre a liberdade do cidadão em escolher um medicamente ineficaz, avocando que o efeito placebo poderia levar a cura de uma doença, ou seja o medo seria usado como remédio. No caso específico, mais uma vez, omite-se que a cloroquina e seus derivados possuem efeitos adversos sérios, além da presunção do efeito placebo. Mas essa discussão já está sendo superada pela propina, a verdade por trás das omissões do governo federal, palavra que até rima com o veneno vestido de pretenso remédio.
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