terça-feira, 20 de julho de 2021

Vacina: a bota para pisar na lama

 Com 40.284 pessoas ou 19,4% da população completamente imunizadas, Rio Claro precisa completar a vacinação em outros 50%. Até lá, a proteção é parcial.

         Eduardo Kokubun. Unesp-Rio Claro



Aos trancos a vacinação avança. Em Rio Clara quase metade da população deu o braço. Um em cada cinco rioclarenses já está completamente imunizado. Cerca de 20 a 25% da população aguarda ainda a primeira dose e outros 50 a 55% precisam voltar para a segunda dose. A boa notícia é que esses números diminuem rapidamente. Sem tropeços, Rio Claro poderá entrar em dezembro com toda população completamente imunizada contra a Covid-19.

As vacinas existentes foram projetadas para a proteção individual. Diminuem as chances de uma pessoa ser infectada. Se por azar ou descuido a pessoa contrair a doença, diminuirá a chance de precisar de hospital, UTI, intubação ou de morrer. Mas, aprendemos nesse ano que as vacinas não evitam nem a infecção, nem a infecção, nem o óbito. A todo momento escutamos ou lemos que um vacinado ficou doente, internado ou foi a óbito. Nem mesmo a infecção natural dá ao ex-infectado, imunidade completa. Há casos de pessoas que pegaram a doença pela terceira vez.

Quando um número grande de pessoas - cerca de 70% da população- estiver completamente vacinada poderemos alcançar a proteção coletiva. Com esse grau de imunização o vírus não encontrará pessoa suscetível capaz de se infectar. Sem encontrar onde se alojar e se reproduzir, o vírus se extinguiria. Sem a vacinação, 145 mil rioclarenses teriam que se infectar naturalmente. Em 16 meses foram 18 mil infectados. Para chegar aos 145 mil, teríamos que aguardar ainda 12 anos até a imunidade rebanho. 

Perto dos 16 meses desde o início da pandemia, esperar 4 a 5 meses até alcançar a imunidade coletiva é pouco. Porém, é tempo suficiente para infectar ou reinfectar 5 a 6 mil e matar 160 pessoas em Rio Claro. É também um tempo suficientemente longo para o aparecimento de variantes, como a delta que ameaça botar água na cerveja dos ingleses. Há relato de infecção pela variante delta com um contato batizado de fugaz: aproximação de pessoas sem máscara com menos de 2 segundos.

Com o nível de vacinação que temos em Rio Claro e no Brasil, a proteção ainda é individual, que diminui a chance de agravamento da doença em quem é vacinado. Além disso, a proteção contra a variante delta só chega com a segunda dose. Por enquanto, a vacinação é como botas para pisar na lama: ajuda a evitar que sujem os pés. Uma dose de vacina é uma bota na altura das canelas com lama até as canelas. Qualquer descuido suja seus pés. Melhor esperar a segunda dose e fazer a bota chegar aos joelhos. 

Enquanto houver muita gente infectada circulando, o lamaçal ainda é profundo. O vírus oportunista não exitará em invadir o corpo de quem está desprotegido sem máscara, sem distanciamento independente de estar ou não vacinado. Até a lama baixar, ou seja, alcançar a imunidade coletiva com pelo menos 70% da população imunizada, não respire o ar alheio:

1) use máscara

2) evite locais pouco ventilados

3) evite locais com muita gente

4) evite locais fechados com gente falando em voz alta




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