Seguir a ciência é a conclusão que se tira da arguição a que foi submetida o presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, em audiência nesta terça-feira, 11/5, no Senado Federal, dentro da CPI da Pandemia.
Ele condenou aglomerações e disse que o tratamento que há para combater a covid-19 é o uso de máscara, higienização com álcool em gel ou lavagem das mãos com sabão e distanciamento entre as pessoas. Além disso, destacou e defendeu a importância da vacinação, sendo favorável a campanhas massivas de esclarecimento e convencimento à população para que se imunize.
Esclareceu que os remédios constantes do chamado kit-covid são comprovadamente ineficazes e inadequados para tratar a doença. A possibilidade de alteração da bula da cloroquina foi debatida na comissão, confirmando a intenção de membros do governo federal de incluir o uso para a covid-19, possibilidade não aceita por Barra Torres. Esse tipo de solicitação precisa ser feito por quem fabrica o medicamento.
Outro fator importante destacado pelo presidente da Anvisa é a responsabilidade do médico que prescreve tais remédios off label, que deve ser fiscalizado pelos Conselhos Federal e Regionais de Medicina, como já abordado no BAC 95 quando dos limites impostos pela ética médica (veja aqui).
Como esperado, o assunto principal nas mais de 6 h de depoimento do presidente da Anvisa foram as vacinas, correspondendo a 74% de menção em relação à soma de palavras selecionadas (cloroquina, ivermectina, vacina, máscara, leito+UTI, oxigênio), avaliadas no BAC anterior (veja aqui no blog). Esses valores flutuaram entre 40% e 64% nos depoimentos anteriores dos ex-ministros e do atual ministro da Saúde (BAC 105). De forma análoga, ainda que os Senadores tenham sido insistentes na arguição sobre a cloroquina, a menção relativa dessa palavra (13%) ficou da ordem de metade da porcentagem média das três oitivas anteriores. Praticamente não se falou sobre leitos de UTI ou sobre oxigênio.
Um resumo da oitiva pode ser lido no site do Senado (acesse aqui) e e a transcrição completa da reunião pode ser acessada aqui.
O Diretor da Anvisa mostrou que é sensato, inteligente, competente, e que não caiu no conto do negacionismo. Espero que isso não lhe custe o cargo e que nós, medicos e população possamos continuar confiando na agência regulatória, para o bem da nossa saúde.
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