terça-feira, 11 de maio de 2021

Fases restritivas derrubaram crescimento de 150% da pandemia, mas seus efeitos dão sinais de esgotamento.



Eduardo Kokubun - Unesp


A força da segunda onda da pandemia vem sendo sentido com maior força no Estado desde meados de janeiro, o que levou ao aumento de restrições previstas no Plano São Paulo. Para entender os efeitos do faseamento em Rio Claro, analisamos dados de novos casos, internações e óbitos, com os mesmos critérios do consórcio de veículos de imprensa, divulgados diariamente na mídia. Com os critérios adotados pelo consórcio, analisamos os momentos em que a pandemia aumentou, diminuiu ou permaneceu estável.

A figura mostra a variação em % de novos casos, internações e óbitos em 14 dias. Para corrigir as flutuações nas notificações que ocorrem durante a semana, utilizamos a média dos valores nos últimos 7 dias, chamada de média móvel. Os especialistas consideram que os números da pandemia aumentaram mais do que 15% nesses em 14 dias (área vermelha no gráfico). A diminuição ocorre quando há diminuição maior do que 15% (área azul), e há estabilidade quando a variação está entre -15% e +15% (representada pela área amarela).

Entramos em fevereiro na fase laranja, seguido de um breve período de relaxamento de restrições entre 26/02 e 5/03. Nesse período houve rápido aumento no número de novos casos para próximo de 150% em 14 dias. A partir do dia 06/03 todo Estado de São Paulo entrou na fase vermelha. Ainda sob o impacto da semana na fase amarela, Rio Claro registrou aumento de óbitos de mais de 250%.
Nos 30 dias seguintes, com leitos lotados, o Estado entrou em fase emergencial. Em Rio Claro houve ainda um endurecimento em dois finais de semana. Durante todo período entre a fase amarela e quase até o final da fase emergencial, os indicadores de Rio Claro estiveram na faixa de aumento, porém com intensidade progressivamente menor.

O Estado de São Paulo está na fase de transição vermelha, com restrições sendo flexibilizadas toda semana. Os efeitos sobre os números da pandemia ficam evidentes no gráfico. Os novos casos e óbitos chegaram a reduzir até 50%, porém com inversão de tendência. No dia 30/04 novos casos passaram à faixa de aumento, atingiu 60% em 06/05, diminuindo ligeiramente para 53% em 11/05. Internações e óbitos passaram para a zona de aumento em 10/05 e 11/05 respectivamente.

Esses dados mostram que entre final de fevereiro e início de março, a pandemia estava aumentando muito rapidamente, atingindo crescimento de até 150% em duas semanas. As restrições da fase vermelha, emergencial e endurecimento em Rio Claro estão associados com a desaceleração e redução dos números da pandemia. A transição da fase vermelha, com flexibilização gradual, até o momento, tem evitou um repique muito rápido da pandemia. Porém, nas duas últimas semanas, o número de novos casos aumentou e podem estar refletindo em internações e óbitos.

O cenário de repetição de um platô da pandemia que se viu na primeira onda do ano passado não está ainda afastada. Conforme antecipado na edição do BAC de 03/07/2020, o prolongado platô na primeira onda, provocaria uma segunda onda econômica. Houve retração tanto na ponta da oferta, com redução da produção e distribuição de bens e serviços como na ponta do consumo, que reduziu pelo receio de perda de renda e do consumidor se contagiar pelo vírus. 

A origem da crise é o vírus e ele é que precisa ser combatido. Quanto mais rapidamente a corrente de contágio for quebrada, mas rapidamente diminuirão suas consequências, não somente para a saúde. Estamos enfrentando uma sindemia, onde uma doença de natureza biológica tem implicações em outros aspectos das pessoas e da sociedade. Se o contágio do vírus persistir, ele continuará provocar ondas na economia, cultura, educação.



 

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