terça-feira, 8 de junho de 2021

A volta do que não foi, de novo

Considerações sobre mais uma participação do Ministro da Saúde na CPI da Pandemia

Adilson Roberto Gonçalves
IPBEN Unesp Rio Claro

A CPI da Pandemia no Senado Federal continua investigando as ações e omissões em relação à Covid-19 no Brasil. O Ministro da Saúde Marcelo Queiroga voltou a ser convidado como testemunha pela comissão nesta terça-feira, 8 de junho.

Neste segundo depoimento, a ênfase foi a questão das vacinas, sem deixar de ser arguido quanto à existência de um gabinete paralelo de aconselhamento na área de saúde, o que foi chamado em vídeos por seus supostos integrantes de "gabinete das sombras" ou "nas sombras". A contagem de palavras seguindo o procedimento anteriormente adotado revela mais de 76% sobre vacinas, ainda que cloroquina e ivermectina tenham seu espaço com 10% do total de citações selecionadas. Ressalta-se que foi usada a transcrição disponível no site do Senado às 17h45min, antes do término da sessão (veja aqui).

O dado científico mais relevante nessa oitiva foi o do Ministro da Saúde reconhecer que os chamados tratamentos precoces não possuem eficácia comprovada. É um avanço na posição oficial, não compartilhada com a presidência do país e ainda não totalmente precisa, uma vez que tais tratamentos já foram comprovados ser totalmente ineficazes. Tal discrepância causou indignação até dos defensores do governo que praticamente deixaram o ministro isolado em seu correto argumento.

Os senadores insistiram para que o ministro imputasse ao presidente responsabilidades sobre a conduta e desinformação havida, mas a blindagem foi notória, sendo que ele, por várias vezes, disse que não faria juízo de valor. Marcelo Queiroga também afirmou desconhecer a existência de tal gabinete paralelo. O desempenho do ministro Queiroga leva à conclusão de que pouco vale a reconvocação de depoentes, pois parece resultar em uma artificialidade nas respostas.

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