Eduardo Kokubun, Unesp
O recrudescimento da pandemia que acomete o país a partir de Manaus expôs imagens de pessoas correndo para comprar gás, não o de cozinha, mas de oxigênio.
Abundante no ar atmosférico, com seus 21%, nem nos damos conta de quão fácil é obtê-lo em cada uma das 15 respirações que fazemos por minuto. Tudo isso para mandar parcos 300 ml desse gás por minto para nos manter vivos, que caberia numa latinha de refrigerante.
Os pulmões atacados pela COVID tornam essa tarefa tão trivial em uma batalha literalmente de vida ou morte. O doente poderá precisar de ajuda para botar mais ar e mais oxigênio para dentro do corpo.
O ar e o oxigênio que eram conseguidos sem esforço e de graça passam a ser um bem precioso pelo qual precisamos pagar, como o gás de cozinha. Com toda escassez, formam-se filas, o preço sobe.
Absurdo maior é transferir ao parente o ônus pelo fornecimento do agora preciosos e caro gás.
“Sinto muito, não temos mais oxigênio. Você precisa trazer um cilindro para manter seu ente querido vivo?”.
“ Como faço isso?”
“ Ouvi dizer que tem um distribuidor de gás com estoque na rua de baixo. Mas parece que tem fila”
“Será que tem cambista?”
*Em tempo. Caminhões de gás O2 começarão a circular pelas ruas da cidade. Para não atrapalhar os enfermos, uma musiquinha no lugar do grito "Ó o gás".
Nenhum comentário:
Postar um comentário