Sem a vacinação e com variantes ancestrais Rio Claro teria 233% mais casos, 476% mais internações e óbitos em janeiro
Eduardo Kokubun - Unesp/Rio Claro
Quando a vacina contra a covid-19 chegou em janeiro do ano passado, a pandemia estava em ascensão e assustou Rio Claro com 1.154 novos casos no mês, 59 leitos ocupados por dia e 19 óbitos no mês (colunas sólidas em azul no gráfico).Até a vacinação decolar e alcançar a metade da população, a situação ainda se agravou. Em meio ao recrudescimento da pandemia, a população enfrentou filas enormes, faltaram doses, houve denúncias de gente furando a fila enquanto outros faziam campanha contra. O vírus aprendera a sobreviver e se multiplicar e na Amazônia transfigurou-se na terrível Gamma, pressionou o sistema de saúde e espalhou o medo. Enfim, Rio Claro conseguiu imunizar mais da metade da população no início do segundo semestre do ano passado. A onda da variante Delta nos deixou em paz, porém passou o bastão para um herdeiro mais transmissível na calada de 2021.
A onda Ômicron explodiu em janeiro deste ano repetindo aqui, o que se viu onde ela desembarcou antes. A varante da vez é mais transmissível lançando o número de novos casos à estratosfera. Nas pessoas infectadas nesta onda da Ômicron, o vírus se instala mais nas vias aérea superiores e menos nos pulmões e tem propensão a provocar doenças menos graves e menos óbitos. Além disso, a ômicron chegou encontrando muitas pessoas com imunidade contra o novo coronavírus ou por causa da vacina, ou por infecção natural. O resultado da combinação entre as mudanças no vírus e aumento de imunidade é uma explosão no número de casos, porém com aumento menor de hospitalizações e óbitos.
Rio Claro entrou no mês de janeiro de 2022 com quase 80% de sua população total vacinadas com duas doses. A Ômicron provocou aumento de 390% no número de novos casos em relação ao mesmo mês do ano passado: 5.654 de pessoas com infecção conhecida (coluna sólida vermelha). Se as internações e óbitos seguissem a mesma proporção no aumento de casos teríamos 167 leitos e 93 óbitos (colunas com faixas azuis). Porém, a ocupação diária de leitos diminuiu 42% para 34 e o número de óbitos empatou com 19 (coluna sólida vermelha).
Não fosse o avanço da vacinação combinada com uma variante menos feroz, Rio Claro teria batido outros recordes. Vacinas protegem cerca de 70% contra hospitalizações e óbitos pela Ômicron e 30% contra novas infecções. Sem a vacinação teríamos 18.847 casos em janeiro, com 161 leitos ocupados por dia e 90 óbitos (colunas com faixas vermelhas).
A disseminação da Ômicron é tão rápida que ela consegue burlar as medidas de contenção e mitigação mais facilmente do que as variantes mais antigas. Além disso, 80% das pessoas infectadas pela Ômicron não apresentam sintomas, enquanto nas variantes ancestrais era de 40%. Isso aumenta, e muito, a propagação da doença. Nesta onda Ômicron a transmissão em ambiente informal, como encontros entre amigos e familiares aumentou muito. Em ambientes mais formais ou com pessoas desconhecidas, como no trabalho, escola, comércio as pessoas tendem a ter maior cuidado para minimizar a exposição. Contudo, em encontros informais com pessoas conhecidas temos a tendência de relaxar, ficar sem máscara e nos aproximarmos dos outros, aumentando o risco de infecção.
A receita para controlar a pandemia da Sars-Cov2 que vem sendo repetida à exaustão pela OMS é completar o esquema vacinal incluindo a dose de reforço para todos, permanecer em ambientes ventilados, usar máscaras. Na onda Ômicron, devemos ainda redobrar os cuidados nos ambientes informais como encontro com familiares, amigos e conhecidos.
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