sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Semana estonteante da Ômicron: recorde de taxa de transmissão, inicio da vacinação infantil, sobrecarga no sistema de saúde, autoteste e quarta dose.

 Eduardo Kokubun - Unesp-Rio Claro

A semana começou com o anúncio do Imperial College de Londres do recorde na taxa de transmissão da Covid-19 no país. Mesmo com o recente apagão de dados, cada 100 brasileiros infectados transmite o vírus para outros 178, resultando no Rt de 1,78. Rio Claro já registrou valor muito maior na primeira semana de janeiro quando o Rt alcançou o alarmante valor de 7,52, possivelmente impulsionado pelo pânico provocado pelo aumento repentino de pessoas com sintomas de gripe ou covid-19,  aumento real de casos por causa das aglomerações de final de ano e a avidez de contagiar da variante Ômicron.

A Rt acima de 1 significa que o número de novos casos diários está aumentando. Portanto, esta onda causada pela Ômicron ainda está em ascenção e deverá continuar assim por algum tempo. O pico será alcançado quando a Rt começar a diminuir e alcançar o valor igual a 1. Poderemos dizer que a onda começou a diminuir quando Rt começar a diminuir para valores abaixo de 1. Mas isso não é o suficiente para decretar o final da onda. Será necessário que a Rt permaneça baixo durante algumas semanas até o número de casos diários caia substancialmente. No caso de Rio Claro, para menos de 6 casos diários.  Considerando que em 25/01/2022 foram registrados 341 novos casos, estamos muito longe do desejável.

O BAC vem alertando para a ameaça da Ômicron desde 03/12/2021 quando Rio Claro já vacinara 87,2% da população elegível.  Os sinais de sua presença estavam evidentes entre o Natal e o Ano Novo.

O início da vacinação de crianças a partir de 5 anos de idade é uma estratégia necessária para tentar conter o avanço muito rápido dessa variante, que é grave porque infecta muita gente de uma só vez. Em Rio Claro, por exemplo, este mês de janeiro baterá o recorde mensal de novos casos com cerca de duas vezes o recorde anterior de 2.750 novos casos (em 27/01/2022 já eram 5.102). 

A semana foi turbulenta, com "notícias" novas aparecendo tão rapidamente como o contágio da Ômicon:  cidades registrando ocupação máxima de leitos, laboratórios e secretarias de saúde alertando para a possibilidade de falta de testes, empresas e repartições públicas fechando porque muitos funcionários estão afastados devido à doença. Enquanto isso, não nos preocupamos mais em saber se algum conhecido ficou doente nesta pandemia, mas sim quem "está" doente neste momento.

Para fechar a semana turbulenta, duas notícias de Brasília ilustram a gravidade do momento. Iniciou-se, no âmbito do Governo Federal a discussão sobre a aplicação da 2a dose de reforço (ou 4a dose) da vacina a toda população como já acontece no Chile e em Israel. A segunda notícia é que a Anvisa autorizou a venda de autoteste de Covid-19, porém não deverá ter efeito imediato. Trata-se de kits de testes que o próprio interessado coletará o material e poderá analisar o resultado e já é adotado em muitos outros países. A aplicação não será imediata pois os laboratórios ainda deverão registrar o produto na própria Anvisa. Seria desejável que, assim como no Reino Unido, os kits fossem distribuídos gratuitamente à população pelo sistema público de saúde.

Nenhum comentário:

Postar um comentário