sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

UNESP Rio Claro na mídia [28/01/2022]

 

Márcia Correa Bueno Degasperi
Unesp

UNESP Rio Claro na mídia

[28/01/2022]

Confira abaixo notícias

Museu realiza última semana do projeto Férias

Ação terá contação de histórias na próxima terça-feira. A atividades são direcionadas para crianças de 6 a 12 anos

https://www.gazetadepiracicaba.com.br/piracicaba-e-regiao/2022/01/1159247-museu-realiza-ultima-semana-do-projeto-ferias.html

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#MuseuHistóricoePedagógicoPrudentedeMoraes #MonikaMagno #pedagogia #psicologia

#FériasnoMuseu #atividadeslúdicas #educaçãopatrimonial


Cruzeiro contrata Roberto Braga, ex-Bahia e Guangzhou-CHI, como diretor de base

Profissional conheceu as dependências das Tocas da Raposa I e II nesta semana

https://www.itatiaia.com.br/noticia/cruzeiro-contrata-roberto-braga-ex-bahia-e-guangzhou-chi-como-diretor-de-base

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  #Ferroviária #UniversidadedoFutebol #Boavista #Portugal #educaçãofísica #pósgraduação

#ciênciasdamotricidade #NúcleodeEnsinodaUniversidadedoFutebol #UNICEF


Cruzeiro anuncia Roberto Braga como novo responsável pelas categorias de base

Gestor já passou por times do Brasil e do exterior como Bahia, Ferroviária e Guangzhou Evergrande da China

https://www.otempo.com.br/superfc/cruzeiro/cruzeiro-anuncia-roberto-braga-como-novo-responsavel-pelas-categorias-de-base-1.2599502

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  #FaculdadedeDesporto #UniversidadedoPorto #Bahia #Ferroviária #GuangzhouEvergrande #China


Geólogo alerta que “turismo de natureza” exige cuidados na região de Rio Claro

Após o recente desabamento de rocha que resultou na morte de dez pessoas em Capitólio, Minas Gerais, a preocupação com os riscos que envolvem o chamado “turismo de natureza”  ganharam força. Em entrevista à rádio Jovem Pan News de Rio Claro, o professor do curso de Geologia da Unesp, Alexandre Perinotto, explica os riscos nesses passeios e alerta que na região de Rio Claro também existem locais muito frequentados que merecem  atenção quanto à segurança

https://www.youtube.com/watch?v=FmjozOtGkYo

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#JovemPanNews #Capitólio #MinasGerais #Cuscuzeiro #Analândia #turismodanatureza

  #segurança


PESQUISADORES DISCUTEM RISCOS E VULNERABILIDADES NA UNESP RIO CLARO

Fonte: Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"

https://www.desenvolvimentoeconomico.sp.gov.br/pesquisadores-discutem-riscos-e-vulnerabilidades-na-unesp-rio-claro/

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#desastresnaturais #Defesacivil #Casamilitar #mudançasclimáticas

  #riscosambientais #MagdaAdelaideLombardo #SamiaMariaTauk-Tornisielo

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  #ESALQ #USP #Policiamentoambiental #UniversidadeAnhembiMorumbi

#CentroNacionaldeGerenciamentodeRiscoseDesastres #Cenad


Sob outro ponto de vista

https://www.nexojornal.com.br/externo/2021/12/31/Sob-outro-ponto-de-vista

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#EstaçãoExperimentaldeZonasÁridas


Virada de ano deve ser com chuva em Rio Claro

https://www.jornalcidade.net/rc/virada-de-ano-deve-ser-com-chuva-em-rio-claro/197290/

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Volume de chuvas em 2021 é 23% menor e reservatórios de Santa Gertrudes estão abaixo da média

Além disso, consumo aumentou 2% este ano e 80% da água captada estão sendo usados para o abastecimento da cidade.

https://g1.globo.com/sp/sao-carlos-regiao/noticia/2021/12/23/volume-de-chuvas-em-2021-e-23percent-menor-e-reservatorios-de-santa-gertrudes-estao-abaixo-da-media.ghtml

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#BRK #chuvas #LaNina #monitoramentopluviométrico

Ilustração científica

 

Márcia Correa Bueno Degasperi
Unesp

Com eventos programados para esse ano, inclusive on-line, a ilustração científica é uma linda área de trabalho nas ciências.

Confiram os eventos para esse primeiro semestre: 

Confira também a entrevista com o aluno Igor Henrique Freitas Azevedo da pós-graduação da Ciências Biológicas para a TV Unesp sobre seu trabalho com a ilustração científica aqui.

Na biblioteca do câmpus de Rio Claro temos trabalhos sobre o assunto:


Imagem: Pixabay

Semana estonteante da Ômicron: recorde de taxa de transmissão, inicio da vacinação infantil, sobrecarga no sistema de saúde, autoteste e quarta dose.

 Eduardo Kokubun - Unesp-Rio Claro

A semana começou com o anúncio do Imperial College de Londres do recorde na taxa de transmissão da Covid-19 no país. Mesmo com o recente apagão de dados, cada 100 brasileiros infectados transmite o vírus para outros 178, resultando no Rt de 1,78. Rio Claro já registrou valor muito maior na primeira semana de janeiro quando o Rt alcançou o alarmante valor de 7,52, possivelmente impulsionado pelo pânico provocado pelo aumento repentino de pessoas com sintomas de gripe ou covid-19,  aumento real de casos por causa das aglomerações de final de ano e a avidez de contagiar da variante Ômicron.

A Rt acima de 1 significa que o número de novos casos diários está aumentando. Portanto, esta onda causada pela Ômicron ainda está em ascenção e deverá continuar assim por algum tempo. O pico será alcançado quando a Rt começar a diminuir e alcançar o valor igual a 1. Poderemos dizer que a onda começou a diminuir quando Rt começar a diminuir para valores abaixo de 1. Mas isso não é o suficiente para decretar o final da onda. Será necessário que a Rt permaneça baixo durante algumas semanas até o número de casos diários caia substancialmente. No caso de Rio Claro, para menos de 6 casos diários.  Considerando que em 25/01/2022 foram registrados 341 novos casos, estamos muito longe do desejável.

O BAC vem alertando para a ameaça da Ômicron desde 03/12/2021 quando Rio Claro já vacinara 87,2% da população elegível.  Os sinais de sua presença estavam evidentes entre o Natal e o Ano Novo.

O início da vacinação de crianças a partir de 5 anos de idade é uma estratégia necessária para tentar conter o avanço muito rápido dessa variante, que é grave porque infecta muita gente de uma só vez. Em Rio Claro, por exemplo, este mês de janeiro baterá o recorde mensal de novos casos com cerca de duas vezes o recorde anterior de 2.750 novos casos (em 27/01/2022 já eram 5.102). 

A semana foi turbulenta, com "notícias" novas aparecendo tão rapidamente como o contágio da Ômicon:  cidades registrando ocupação máxima de leitos, laboratórios e secretarias de saúde alertando para a possibilidade de falta de testes, empresas e repartições públicas fechando porque muitos funcionários estão afastados devido à doença. Enquanto isso, não nos preocupamos mais em saber se algum conhecido ficou doente nesta pandemia, mas sim quem "está" doente neste momento.

Para fechar a semana turbulenta, duas notícias de Brasília ilustram a gravidade do momento. Iniciou-se, no âmbito do Governo Federal a discussão sobre a aplicação da 2a dose de reforço (ou 4a dose) da vacina a toda população como já acontece no Chile e em Israel. A segunda notícia é que a Anvisa autorizou a venda de autoteste de Covid-19, porém não deverá ter efeito imediato. Trata-se de kits de testes que o próprio interessado coletará o material e poderá analisar o resultado e já é adotado em muitos outros países. A aplicação não será imediata pois os laboratórios ainda deverão registrar o produto na própria Anvisa. Seria desejável que, assim como no Reino Unido, os kits fossem distribuídos gratuitamente à população pelo sistema público de saúde.

Canetadas podem revogar evidências científicas?

                                        Eduardo Kokubun - Unesp/Rio Claro

Ouvi a piada quando eu era estudante do colegial. Um prefeito queria construir uma caixa d'água em seu município. Porém, ao ser informado que a Lei da gravidade de Newton impediria tal obra, ele teria mandado revogar essa Lei. Como adolescentes nos divertíamos em imaginar como seria o mundo sem a força gravitacional? Sem força a nos puxar de volta para o chão, poderíamos flutuar e desfrutar da liberdade de voar como pássaros. Alguém lembrou que sem gravidade, o ar atmosférico com o oxigênio essencial para nossa vida escaparia para o espaço e morreríamos. Outros alegavam que sem gravidade a terra não seria uma esfera e toda matéria terrestre se dispersaria como poeira no espaço. 

Anos mais tarde, já com  os acervos dos jornais disponíveis na internet soube que a piada não era piada, mas sim uma notícia publicada no jornal "O Estado de São Paulo" em 09/06/1971. 

Tentativas de "revogar" leis e explicações científicas com canetadas não são raras. Em 2007, outro prefeito, cansado das cobranças da Câmara Municipal para resolver o problema de enchente na cidade, enviou projeto de lei "proibindo enchentes". Num outro caso mais conhecido mundialmente, Galileu Galilei foi condenado por heresia no século XVII ao afirmar que a terra girava em torno do sol, contrariando a posição da Igreja Católica. Galileu, observando corpos celestes com o telescópio que ele construiu, confirmou e aperfeiçoou a teoria desenvolvida anteriormente por Nicolau Copérnico e Johannes Kepler. Visto da Terra a trajetória dos planetas são muito complexos, ora avançando no mesmo sentido do movimento do sol e da lua, ora exibindo movimento retrógrado em sentido contrário.


Movimento de Marte no sistema geocêntrico, segundo Johannes Kepler.


Segundo a teoria heliocêntrica desenvolvida por Copérnico, Kepler e Galileu, o movimento retrógrado dos planetas poderia ser explicada colocando a Terra girando em torno do Sol. É uma teoria mais simples, mais elegante e mais robusta do que a teoria geocêntrica defendida pela Igreja naquela época, que dizia ser a Terra o centro do Universo. 

Esta semana foi movimentada por uma Nota Técnica assinada por um Secretário do Ministério da Saúde com uma tabela insinuando de que o tratamento o "kit covid" era eficaz para o tratamento da Covid-19 mas a vacina que já foi aplicada em 75% dos brasileiros não era.  Embora a tabela tenha sido retirada poucos dias depois, as demais partes continuam inalteradas. A Nota alega que a Secretaria tem competência legal para decidir sobre assuntos técnicos e explica os fundamentos para avaliar a qualidade de evidências científicas. 

O documento é tortuoso como o movimento dos planetas visto daqui da Terra, misturando considerações jurídicas e científicas, algumas delas corretas quando vistas isoladamente. Porém, como se aprende no treinamento científico, um conjunto de premissas verdadeiras não garante um argumento sólido ou correto. Além disso, a Nota se apoia em estudos cientificamente frágeis quando justifica a evidência a favor do "kit covid", além de alegar que o debate científico sobre o tema estaria contaminado por discurso ideológico.  

Proposições científicas devem ser debatidos considerando premissas científicas. Utilizar-se de proposições jurídicas ou ideológicas para refutar achados científicos é como tentar juntar água com óleo: são imiscíveis, incompatíveis entre si. É querer revogar a Lei da Gravidade para fazer a água correr cachoeira acima. É inverter a rotação da Terra na velocidade superior à da luz para ressuscitar a musa do Super-Homem. Possível apenas no universo da ficção, mas incabível no mundo real. 

A Nota Técnica tem o mesmo efeito de um Decreto que proíba a circulação do vírus Sars-Cov-2 em todo território Nacional. Uma piada. 



Vereador quer mulher no lar. O Estado de São Paulo, 09/06/1971. <https://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19710609-20501-nac-0040-999-40-not/>  Acesso em 26/01/2022.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. NOTA TÉCNICA Nº 2/2022-SCTIE/MS. Brasília-DF, 20/01/2022. <http://conitec.gov.br/images/Audiencias_Publicas/Nota_tecnica_n2_2022_SCTIE-MS.pdf> Acesso em 26/01/2022.

Prefeito de Aparecida (SP) tenta proibir enchentes por decreto. G1, São Paulo, 03/01/2007. <https://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,AA1407908-5605,00-PREFEITO+DE+APARECIDA+SP+TENTA+PROIBIR+ENCHENTES+POR+DECRETO.html> Acesso em 26/01/2022.


 


Bioenergia é ciência

Adilson Roberto Gonçalves
IPBEN Unesp Rio Claro

Conselhos profissionais existem para regular atividades em diversas áreas. Não são instituições sindicais, órgãos de classe ou entidades para reivindicações trabalhistas. Para isso existem associações e sindicatos. Os conselhos têm por base a defesa da população em relação à pessoa que decide exercer uma profissão. O exercício profissional pode impactar diretamente na população e, por isso, a atividade é regulamentada e são definidos quais os limites de tal atuação, incluindo o código de ética profissional.

Ao longo do pandemia veio à tona o detalhamento do código de ética médico, regulamentado pelo Conselho Federal de Medicina, o qual discutimos neste espaço quanto a abrangência e limitações (edição BAC 95 - "Limites da autonomia do médico e do paciente"). A complexidade e a interdisciplinaridade de muitas profissões modernas requerem constantes revisões e atualizações desses dispositivos legais regulatórios. Nem por isso contradições deixam de existir.

No final de 2021 o Conselho Federal de Biologia baixou a resolução 614 para declarar o profissional da Biologia apto a exerecer o que está sendo chamado de “Práticas Integrativas e Complementares em Saúde”, que nada mais é que outro nome para pseudo-ciências. Dentre tais práticas pseudo-científicas foi incluída "bioenergética". Além de atentar contra a boa prática científica no exercício da profissão, a resolução pressupõe que profissionais da área biológica para exercerem tais atividades precisam de "cursos de formação complementares", incluindo aulas com profissionais de outras áreas, incluindo a química.

É necessário que fique claro que o termo “bioenergética” nada tem a ver com a bioenergia incluída no nome da unidade universitária da Unesp - Instituto de Pesquisa em Bioenergia (IPBEN), localizado na cidade de Rio Claro-SP,  responsável pela coordenação local, por parte da Unesp, do Programa Integrado de Pós-Graduação em Bioenergia, um dos raros programas integrados pelas três universidades estaduais, Unesp, Unicamp e USP. Bioenergia é definida como a prática científica e tecnológica do uso e entendimento de fontes renováveis (especialmente a biomassa vegetal) para sua transformação em produtos e energia.

Neste site pode-se ter uma visão mais detalhada das atividades desse programa em bioenergia, seus docentes e projetos envolvidos: https://bioenergia.unicamp.br/.



sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Variantes, vacinação e as três ondas diferentes em Rio Claro (e no Brasil)

Avanço da vacinação conteve a onda da Delta. Cenário epidemiológico mudou completamente com a chegada da Ômicron no final de dezembro.

Eduardo Kokubun - Unesp/Rio Claro


    A circulação da Ômicron em Rio Claro foi confirmada na segunda-feira 17/01/2022 em amostras coletadas há quase duas semanas, entre os dias 2 e 8 de janeiro. As pistas já estavam por aqui há algum tempo. O Instituto Todos pela Saúde já havia detectado que essa variante circulava pelo Brasil desde o início de dezembro e já era a mais prevalente às vésperas do Natal. 
    Rio Claro começou o crescimento vertical de transmissão já na semana entre o Natal e Ano Novo. A média móvel de novos casos passou de 4,3 em 27/12/21 para 78 em uma semana, 151,7 na outra e 253,1 em 17/01/22, um aumento de 5.886%. Sim, você não leu errado: mais de 5 mil e 800 %!!!  A taxa de transmissão Rt estava em média 0,94. Uma semana depois, no último dia do ano, a Rt saltou para 4,37. Isso significa que uma pessoa infectada passou a contagiar um pouco mais de quatro outras pessoas. No final de primeira semana de janeiro, a Rt alcançou 7,52.
    Desde o início de 2021, atravessamos três ondas de variantes: Gamma no primeiro semestre de 2021, Delta no segundo semestre e agora atravessamos a onda Delta.
    Durante a onda da Gamma, com a vacinação no início, em Rio Claro houve dois grandes picos de infecções (linha verde no gráfico abaixo), de internações (em linha laranja) e de óbitos (em linha vermelha). O início dessa onda foi marcada por forte sobrecarga hospitalar e também pela falta de oxigênio em Manaus. Naquela onda muita gente que passava por consulta recebia guia de internação.
    A chegada da onda Delta coincidiu com o aumento de vacinações (áreas sombreadas em azul-primeira dose, em vermelho a segunda dose ou dose única e em cinza a de reforço). Ao contrário do que ocorreu em muitos países da Europa e América do Norte, os números despencaram, dando a impressão de que a pandemia estava chegando ao fim.
    A onda da Ômicron se espalhou feito relâmpago no Brasil, muito mais rapidamente do que a nossa capacidade de confirmar sua presença. O monitoramento genômico do país, muito lento e em quantidade insuficiente, demorou a identificar o desembarque na nova variante. Contudo, os dados divulgados pela Fundação Municipal de Saúde não deixam dúvidas da explosão de casos em Rio Claro que ainda está em progresso. Muito mais gente procurou atendimento médico e lotou as salas de espera. Porém, diferente da onda Gamma, a grande maioria está voltando para casa com receita e atestado sem guia de internação.

 

    Até o momento, a onda da Ômicron provocou uma explosão no número de novos casos. Porém, as curvas de ocupação de leitos e de novos casos se inverteram em relação à onda Gamma. O gráfico abaixo mostra em amarelo que nas ondas Gamma e Delta, para cada 10 casos novos confirmados no dia, havia pouco menos de 20 leitos ocupados em Rio Claro. Essa proporção, por enquanto no inicio desta onda diminuiu para apenas 1. O mesmo ocorre com os óbitos: de cerca de duas mortes semanais por 10 casos diários houve redução para apenas 0,1.

    


    As ondas Gamma e Delta foram semelhantes na proporção entre casos. internações e óbitos. A diferença é que houve redução dramática no número de novos casos na onda Delta, possivelmente devido ao aumento da cobertura vacinal.
    A atual onda Ômicron é indiscutivelmente mais transmissível e ainda deverá continuar a acometer um número muito maior de pessoas. Apesar da explosão do número de casos, internações e óbitos não cresceram na mesma velocidade em Rio Claro, repetindo-se o padrão observado em alguns países onde a variante chegou antes.
    Contudo, isso não significa que esta onda Ômicron não seja grave. Com muitas pessoas infectadas, o número total de internações e óbitos pode ainda crescer. Até hoje, 10 infectados num dia levavam a necessidade de um leito. Com 100 infectados, a necessidade aumenta para 10, com 1.000 chegará a 100. 
    Além disso, a variante Ômicron não está respeitando nem vacinados, nem pessoas já previamente infectadas. Pessoas vacinadas se infectam, embora com menor chance de evoluir para formas mais graves do que quem não se vacinou. Quem se infectou uma vez, pode se infectar outra vez, ao contrário das variantes anteriores onde isso era mais rara.
    A atual onda, é importante repetir, continua grave, acometendo muita gente. Ela difere de outras ondas e impõe novos desafios ao sistema de saúde. Na onda Gamma, o desafio era suprir os leitos hospitalares. Na atual onda, o desafio tem sido atender a demanda explosiva de consultas e de testes. Porém, os cuidados para evitar a disseminação da pandemia continuam os mesmos: vacinar com todas as doses necessárias, usar máscaras, manter o distanciamento físico e evitar aglomerações e locais pouco ventilados.

    
    

segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

Apagão de dados e o vôo cego na pandemia

Dados do Ministério da Saúde utilizados pelo Governo do Estado de São Paulo para monitoramento subestimam a gravidade da pandemia em Rio Claro. 

Eduardo Kokubun, Unesp-Rio Claro

     Matéria preparada com dados atualizados até 8/1/2022

        Até o Natal, Rio Claro registrava média de 4 a 5 casos novos por dia. Às vésperas do Ano Novo, os números de casos novos saltaram para 40 e 42 nos dias 30 e 31 de dezembro. A escalada continua: de 3 a 8 de janeiro foram mais 778 casos, ou 130 casos por dia. O número de casos semanais aumentou 2.683% em apenas 14 dias, entre 26/12 e 8/01.
        Desde o ataque "hacker" o Ministério da Saúde não atualiza dados públicos oficiais do país: quem entrou no site em 10/01/2022 vai constatar que a pandemia "congelou" em 9 de dezembro do ano passado. Para o Ministério, não houve novos casos nem óbitos nos últimos 31 dias. A maioria da população percebe que isso é falso, pois estamos vendo muitas pessoas conhecidas ou nós mesmo sendo acometidos pela Covid-19.
            O apagão de dados tem reflexos enormes no modo como enxergamos a pandemia. O Governo do Estado de São Paulo extrai dados do Ministério da Saúde para monitorar o número de casos e óbitos no nosso território. Comparamos esses dados divulgados diariamente pelo Estado com aqueles divulgados pela Prefeitura de Rio Claro. Essas comparações mostram que Município e Estado (consequentemente o Governo Federal)  enxergam a pandemia com óculos diferentes. Até o dia 9/1/2021 o Estado registrou 12.840 casos enquanto a Prefeitura registrou 20.557, ou seja, uma diferença de 7.713 casos.
            


            Desde dezembro, o apagão deixou de informar 1.121 novos casos para o Estado de São Paulo. As diferenças foram aumentando ao longo das semanas, alcançando 774 subnotificações na semana passada. Portanto, pelos óculos do Estado e do governo Federal, a pandemia em Rio Claro está baixa enquanto para os óculos de Município houve explosão depois do Natal.



            Os números de reprodução Rt com os dados divulgados pela Prefeitura e pelo Estado reforçam os diferentes óculos. Pelos óculos da administração Municipal, cada pessoa com Covid-19 está transmitindo a doença para outras 7,1 pessoas. Essa taxa de transmissão é muito maior do que a esperada com a variante original do Sars-cov2, transmitida sem vacinação e sem nenhuma medida de proteção como o distanciamento social e uso de máscaras. É também muito maior do que poderia ser esperada somente pelas aglomerações de fim de ano. Porém, aos olhos do Estado, a transmissão ocorre para apenas 1,7 pessoas, que seria compatível apenas com os festejos e confraternizações recentes.


            Resumindo, aos olhos do Governo do Estado de São Paulo (e do Governo Federal de onde os dados do Estado são extraídos), Rio Claro está com número baixo de casos com aumentando há apenas duas semanas. Porém, a prefeitura do nosso município "enxerga" 60% mais casos durante toda pandemia com explosão desde o Natal do ano passado. O município já sente na pele a sobrecarga no sistema de saúde, agravado com a epidemia inesperada da gripe. Graças à vacinação, as internações por covid-19 não aumentaram até agora. O apagão de dados está fornecendo ao país e ao estado de São Paulo um panorama com pelo menos duas semanas de atraso preciosos para conter o avanço de variantes como a Gama, Delta e Ômicron.
            Os dados sobre a pandemia no país sempre foram alvo de desconfiança pelos especialistas. O ataque "hacker" expôs ainda mais a fragilidade de toda infraestrutura oficial de monitoramento da covid-19 e de estatísticas vitais para a elaboração e execução de políticas de saúde. Mesmo que essa nova onda da Ômicron seja menos grave, menos letal, mais intensa e mais curta do que ondas anteriores, o monitoramento impreciso, senão totalmente equivocado da pandemia nos deixa em voo cego: em plena tempestade sem visibilidade e sem instrumento.  Melhor apertar os cintos.