Transmissão elevada mostra o risco do relaxamento mesmo com vacinação acelerada.
Eduardo Kokubun - Unesp
Há quatro semanas, entre 29/09 e 05/10, Rio Claro registrou 16 casos novos na semana. Nos últimos 7 dias, o número de novos casos multiplicou por mais de 4 vezes alcançando 70. A radiografia por faixa etária mostra que a explosão de casos ocorreu porque pessoas entre 21 e 40 anos foram muito mais infectadas nas duas últimas semanas do que nas outras idades. O número de casos entre os idosos com mais de 60 anos permaneceu praticamente estável no mesmo período.
O número de reprodução Rt ultrapassou o limite perigoso de 2 nos últimos dias. Isso significa que cada pessoa infectada por transmitir a doença para 2 ou mais pessoas. Em outras palavras, as 70 pessoas infectadas nos últimos 7 dias poderão crescer para 140 (!) nos próximos dias. A transmissão está muito elevada e mostra um relaxamento muito maior do que seria o desejável: houve feriado prolongado, houve aumento de aglomerações, houve redução no uso de máscaras, houve gente viajando para locais com alto nível de transmissão.
Não fosse a vacinação, a situação poderia ser pior. O aumento explosivo de casos nas últimas semanas não foi acompanhado pelo aumento de hospitalizações ou mortes. Eles permanecem estáveis nessas quatro semanas.
Por outro lado, mostra que a vacinação não é a bala de prata contra a pandemia. Ela não impede que o vírus circule e infecte pessoas. Nem evita o aparecimento de variantes mais transmissíveis. A experiência de Israel, Reino Unido e EUA mostram isso: relaxar o uso de máscaras, voltar a se aglomerar em lugares mal ventilados antes de alcançar uma parcela muito grande da população completamente vacinada pode provocar repique na pandemia.
Portugal só liberou as restrições com mais de 85% de toda população completamente imunizada e não sofreu o repique. Rio Claro está com 67%. Ainda dá tempo de lembrar de manter os cuidados. Principalmente nos próximos feriados.
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