terça-feira, 28 de setembro de 2021

Dados de vacinação no mundo real em Rio Claro mostram a importância da segunda dose e a necessidade de reforço em mais idosos

Prestes a completar nove meses, a vacinação completa contra a Covid-19 no município evita 94,4% de mortes em adultos de 40 a 59 anos e de 78,7% em idosos com mais de 80 anos.

Eduardo Kokubun - UNESP

    Rio Claro já aplicou quase 280 mil doses de vacina a quase 80% de sua população. Nesses meses, ocorreram dois picos da pandemia que provocaram forte pressão no sistema hospitalar. Em 29 de março, com apenas 12% da população imunizada com a primeira dose, 180 pessoas ocuparam os leitos. Em 10 de junho, com cerca de 1/3 da população imunizada, batemos novo recorde de 181 pessoas internadas. Desde lá, quase 100 mil pessoas receberam alguma dose de imunizante e os números da pandemia vem diminuindo.
    
    Hoje, temos dados suficientes para avaliar como a vacinação no mundo real vem funcionando. É possível comparar grupos da população em diferentes estágios de vacinação, vivendo em ambiente real enfrentando as situações do cotidiano, sujeito a restrições de mobilidade e aglomeração, obrigatoriedade do uso de máscara. 

     O gráfico em linha mostra a proporção de óbitos desde o início da campanha de vacinação em Rio Claro por diferentes faixas etárias conforme o status vacinal: em vermelho de pessoas que não receberam nenhuma dose de vacina, em amarelo quem recebeu apenas uma dose de vacina que requer duas doses e em azul quem tem o esquema vacinal completo.

    A tendência para desfechos mais graves em idosos persiste independentemente do status vacinal. Porém, é possível perceber que para qualquer idade, a vacinação diminui a ocorrência de óbitos. Além disso, para pessoas com 60 anos ou mais de idade, a segunda dose confere uma proteção adicional. 

    Por exemplo, para pessoas com 60 a 79 anos sem vacina (em vermelho), o risco de óbito é quase 3 vezes maior do que quem tem de 40 a 59 anos sem vacina (em vermelho). Porém, tendo tomado a primeira dose (em amarelo no gráfico) o risco de óbito quase se iguala a alguém de 40 a 59 anos sem vacina. Com a imunização completa (em azul) o risco se aproxima de adultos mais jovens entre 20 a 39 anos.

    Para pessoas mais idosas, com 80 anos ou mais de idade, o risco de óbito é quase 6 vezes maior do que quem está entre 40 e 59 anos, considerando os não vacinados. Com uma dose, o risco de óbito naqueles com 80+ "rejuvenece" quase 20 anos, equiparando-se a quem está com 60 a 79 anos. A vacinação completa ajuda a "rejuvenecer" outros 20 anos, aproximando-os ao grupo de 40 a 59 anos sem vacina.

    


     Comparando com os pares do mesmo grupo etário que não recebeu nenhuma dose de imunizante, uma dose de vacina reduz os óbitos em 75,8%, 81,5%, 61,1% e 43,6% para os grupos etários dos mais jovens aos mais idosos. 

    A segunda dose acresce uma proteção adicional em todas as faixas etárias: 94,4%, 90,7% e 78,7% para quem tem respectivamente 40 anos, 60 anos e 80 anos. Não havia dados suficientes de óbitos ou com vacinação completa para o grupo mais jovem para o cálculo.

    Esses dados mostram que as vacinas que estão sendo aplicadas em Rio Claro, ajudam a proteger as pessoas contra o desfecho mais grave da Covid-19. Completar o esquema vacinal, tomando a segunda dose daquelas que o protocolo exige é fundamental para alcançar o máximo de proteção.  Contudo, a proteção conferida pelas vacinas aos mais idosos são menores que nos mais jovens. Essa é uma das razões pelas quais as autoridades sanitárias vêm recomendando a aplicação de dose de reforço nos idosos.

    É importante lembrar que a redução da gravidade da Covid-19 vem ocorrendo com um conjunto de medidas além da vacinação. O uso de máscaras, higienização, etiqueta respiratória, distanciamento físico, evitar aglomeração são medidas adicionais que ainda precisam ser mantidas. Sem elas, as curvas do gráfico certamente mostrariam maior número de óbitos em todas as idades e em todas as situações do status vacinal.

    

    

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