Eduardo Kokubun. Unesp/Rio Claro
Um artigo publicado nesta quarta-feira (7/07/2021) mostrou que a Coronavac, produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, evitou 86,3% de mortes por Covid-19 no Chile. Os pesquisadores avaliaram 10,2 milhões de pessoas e constataram ainda que essa vacina era capaz de prevenir 65,9% de novos casos, 87,5% de hospitalizações e 90,3% de internações em UTI. Esses números são dados de uma campanha de vacinação no mundo real e avaliam a efetividade da vacina, como aqueles que estão em andamento nas cidades de Serrana e Botucatu.
No caso do estudo do Chile, os pesquisadores acompanharam a ocorrência de infecções, internações e óbitos pelo Sars-Cov-2 em grupo de pessoas vacinadas e não vacinadas. Essas ocorrências, chamadas de desfechos, entre os dois grupos são comparados para calcular a eficácia, ou a % de desfechos que foram evitados.
Para ilustrar, vamos imaginar que os pesquisadores tenham realizado o estudo a no ano passado. Um grupo de pessoas não vacinadas do tamanho da população de Rio Claro tenha sido comparado com outro grupo de vacinados do mesmo tamanho. No grupo das pessoas não vacinadas ocorreram o mesmo número de casos, hospitalizações, internações em UTI e óbitos daqui em 2020. Na tabela, veja qual o efeito da vacina.
Sem vacinação, haveria 6.583 casos entre as 208 mil pessoas do grupo, ou seja 3,165%. Entre os 208 mil vacinados, haveria diminuição para 2.245 casos, o que representa 1,079%. Isso significa que entre os vacinados houve 1,079%/3,165% = 34,1% de casos em relação aos não vacinados. A diferença até os 100% (100-34,1)=65,9% foi a proteção dada pela vacina.
A principal função da vacina é o de atenuar as consequências mais graves de uma doença infecciosa. Os dados da vacinação em mundo real mostram que a Coronavac cumpre o que promete: reduz a ocorrência de casos e mais ainda o de casos mais graves. Hipoteticamente se a população de Rio Claro tivesse sido totalmente vacinada em 2020, teríamos apenas 22 óbitos ao invés de 164.
O estudo no Chile foi conduzido em plena segunda onda, com casos espalhando rapidamente. Mesmo assim, os efeitos da vacinação foram evidentes. Não impediu vacinados de contraírem a doença e nem o óbito, porém reduziram seus efeitos. É uma diferença entre assistir uma casa pegar fogo sem fazer nada ou apagar o incêndio a tempo com a chegada dos bombeiros.
Uma vacinação rápida em massa e com poucos casos teria efeito mais proeminente. Com muita gente com imunidade, o vírus não encontraria hospedeiro onde se abrigar e reproduzir. A pandemia se extinguiria.
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