segunda-feira, 26 de abril de 2021

Aumento de obitos em jovens anula redução em idosos: óbitos de 2021 superam os de 2020

Vacinação e variante diminuem proporção de óbitos em idosos e aumenta o de mais jovens: até 60 anos já representam 40% das mortes por covid

Eduardo Kokubun - UNESP/Rio Claro


O número de óbitos aumentou de 165 no ano passado para 202 até 26/04 neste ano. O gráfico em linhas mostra a proporção de óbitos que ocorreram no ano passado e este ano: do total de mortes, 45% ocorreram no ano passado e 55% este ano.
Na faixa etária de 90 a 100 anos, 68% dos óbitos ocorreram no ano passado e 38% este ano. Já na faixa de 80 a 90 anos, foram 53% em 2020 e 47% este ano. Essas pessoas receberam as duas doses da vacina em fevereiro. Portanto, naqueles vacinados há mais tempo, houve diminuição perceptível de óbitos.
Observamos tendência totalmente oposta nos mais jovens.  Nas faixas de 20 a 30 anos e 30 a 40 anos, 20% e 8% dos óbitos ocorreram no ano passado e os valores saltaram para respectivam
ente 80% e 90% neste ano. É a gangorra das variantes P.1. e P.2 que catapultou o risco de morrer em 4 a 11 vezes nos adultos de 20 a 40 anos. 



 
Rio Claro completou a aplicação de duas doses da vacina em idosos com mais de 80 anos em fevereiro. Espera-se que os efeitos dessas vacinas sejam mais pronunciadamente percebidas em meados de março, 2 semanas após a segunda dose.
O mês de fevereiro também é quando começaram a ser confirmadas a circulação da variante P.1. no estado de São Paulo. Admite-se que é uma variante com maior transmissibilidade e que leva a quadros mais graves da covid-19 nos mais jovens. Os efeitos dessa variante também devem ter se exacerbado a partir de março. 
O gráfico de coluna abaixo mostra mês a mês a evolução dos óbitos.
 



A partir de fevereiro a proporção de óbitos em maiores de 90 anos despencou de 12% para quase desaparecer em abril. O mesmo ocorreu na faixa de 80 a 90 anos, que reduziu de cerca de 40% para uns 10%. Portanto, as formas mais graves, com o pior desfecho, diminuíram substancialmente nas pessoas vacinadas.

Os efeitos da variante aparecem quando examinamos os óbitos naqueles abaixo de 60 anos, em laranja (50 a 60 anos), amarelo (40 a 50 anos) e verde (20 a 30 e 30 a 40 anos). De 16% em fevereiro passaram para 39% dos óbitos em abril. 

O perfil da pandemia em Rio Claro vem se modificando rapidamente neste primeiro quadrimestre do ano. De um lado, a vacinação vem poupando os mais idosos, que formou o grupo etário de maior risco: cerca de 75% das mortes no ano passado. Estamos nos aproximando de completar a aplicação da 1.ª dose em  idosos com mais de 60 anos até o início de maio e 2.ª dose em julho. Isso traria a perspectiva de reduzir óbitos para apenas 25%.

Contudo, esse efeito benéfico da vacinação está ameaçado pela chegada da variante P.1 que atinge os mais jovens menos vulneráveis no ano passado. É necessário lembrar que 86% de todos os casos em Rio Claro ocorreram em pessoas com menos de 60 anos. É o contingente de pessoas que são ativas no mercado de trabalho e que mais circulam pelas ruas. Pequenos aumentos no risco de evolução para formas graves terão fortes aumentos no sistema hospitalar e estatísticas de óbitos.




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