terça-feira, 27 de abril de 2021

Saga da Sputnik V no Brasil

Adilson Roberto Gonçalves
IPBEN Unesp Rio Claro

No BAC 35 foi apresentada a avaliação da situação inicial da vacina Sputnik V, desenvolvida pelo laboratório russo Gamaleya. Algumas ressalvas havia, especialmente quanto à falta de publicidade dos resultados. A comunidade científica estava com dúvidas e, de forma apropriada, o subtítulo da matéria era "especialistas pregam cautela com a vacina que pulou etapas de estudos para ser produzida em larga escala".

Ontem a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) rejeitou o pedido de importação e o uso da Sputnik V no Brasil, pois os relatórios apresentados são falhos e não atestam a total segurança da vacina, uma vez que o lote estudado resultou em ativação parcial do vírus, o que não deveria acontecer (veja aqui). O princípio da Sputnik V é o uso de um adenovírus inativado como portador (vetor) da proteína que reveste o coronavírus (proteína spike) e tal proteína vai estimular o desenvolvimento de imunidade. Detalhes sobre a ação das diferentes vacinas podem ser vistos na entrevista feita com o professor Osmar Malaspina (veja aqui).

As razões da Agência brasileira são mais amplas, relatando falta de dados e apresentando evidências de falhas na fabricação do imunizante. A Sputnik V está sendo aplicada com sucesso em mais de 60 países e questiona-se por que os relatórios submetidos e avaliados aqui são tão ruins. O laboratório responsável pela vacina pode submeter novas informações, mais robustas, retiradas dos locais em que houve sucesso e tentar outra autorização.

A necessidade por vacina contra o coranavírus é premente no Brasil e o componente político é forte, mas não se pode correr o risco de insegurança na aplicação. Precisamos de vacinas que sejam seguras para a população.

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