quinta-feira, 3 de março de 2022

Correlação entre vacinação e mortes por Covid-19

Adilson Roberto Gonçalves
IPBEN Unesp Rio Claro

O gráfico mostra dados do número de mortes por Covid-16 (reportados por milhão de pessoas) em função da cobertura vacinal completa (em %). São informações de dois meses atrás relativos somente aos países europeus, mas o comportamento é semelhante para o resto do mundo (https://www.tudocelular.com/tech/noticias/n184468/coronavirus-relacao-vacina-morte-covid-19-mundo.html). Cada ponto corresponde a um país. A compilação foi feita a partir de dados do cientista político Ian Bremmer em sua conta do Twitter (@ianbremmer). A correlação entre a maior porcentagem de vacinados e o menor índice de mortes por Covid-19 é evidente, mas é interessante analisar dois pontos.


A predição sobre a queda de mortalidade pela vacinação não é automática nem confiável, pois o conjunto de dados (28, neste caso) é que leva à correlação. Nota-se que há dois países, com coberturas vacinais completas idênticas (Finlândia e Lituânia), mas com índice de mortalidade totalmente opostos. A equação de correlação retirando esses dois pontos permanece praticamente a mesma. Ou seja, se não existisse dados para esses dois países e fosse aplicada a previsão, chegaríamos em valores totalmente equivocados para ambos. No mais, é uma característica epidimiológica a ser avaliada: vacinar salva vidas. O negacionista que apostar em ficar no ponto da Finlândia (ponto verde), ou seja, vacinar pouco e com poucas mortes, pode cair no lado da Lituânia (ponto vermelho), com um número muito maior de vidas perdidas.

O outro aspecto é o caráter linear de tal correlação, mostrada pela reta preta inclinada no gráfico entre os pontos. Ela não é necessariamente aderente aos pontos em todas as porcentagens analisadas. Em fenômenos naturias, a linha reta é sempre a primeira escolha, não porque seja comum, mas porque é mais fácil de lidar matematicamente. Mesmo em outros processos que são exponenciais, procura-se fazer a linearização das informações por meio de transformações matemáticas simples, aprendidas na educação básica, tal como graficar o logaritmo do número. No caso vemos que para a região com vacinação completa acima de 60%, há pouca correlação entre valores, os pontos ficam dispersos (pontos dentro do retângulo verde). Ou seja, com boa cobertura vacinal, as mortes não são determinadas apenas pela falta de imunização. Por outro lado, com baixa vacinação, a relação direta e linear com a perda de vidas é mais evidente (região destacada pelo retângulo vermelho no gráfico).

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