terça-feira, 30 de novembro de 2021

GEOPARQUE CORUMBATAÍ, por José Alexandre J. Perinotto

GEOPARQUE CORUMBATAÍ

Um projeto para mudar a realidade de nossa região

José Alexandre J. Perinotto
Departamento de Geologia
IGCE/UNESP

Um geoparque é uma área territorial com limites claramente definidos, que inclui notáveis patrimônios geológicos, paleontológicos, geomorfológicos e espeleológicos, associados a uma estratégia de desenvolvimento sustentável, dando destaque à proteção e divulgação dos valores naturais, históricos (incluindo arqueológicos) e culturais da região. Deve possuir um conjunto de sítios de importância internacional, nacional ou regional, que permitam contar a história natural e de ocupação da região. Esses sítios são denominados geossítios e devem possuir valores científicos, estéticos e educacionais. 

O geoparque promove uma ressignificação do território onde é implantado, fazendo aflorar um sentimento de pertencimento na população que habita a região, que também aprende a valorizar o seu patrimônio. Além disso, favorece, em muitos aspectos, o desenvolvimento sustentável e comunitário, indo ao encontro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela ONU em sua agenda 2030.

A UNESCO iniciou este projeto mundial de criação e certificação de geoparques mundiais em 2001 (Global Geoparks Network – GGN - https://globalgeoparksnetwork.org/), ratificado em 2015 (Unesco Global Geoparks – UGGp - https://en.unesco.org/global-geoparks). Atualmente, existem169 geoparques em 44 países (maiormente na Ásia e Europa). Na América do Sul, são apenas dois geoparques Unesco estabelecidos: um no Brasil (o mais antigo do continente - 2006, o Geopark Araripe, no Ceará - http://geoparkararipe.urca.br/) e o Geoparque Grutas del Palacio (no Uruguai – 2013 - https://www.geoparque.uy/). Ao todo, atualmente, 37 novos projetos com proposições de criação de geoparques estão em desenvolvimento no Brasil. O nosso Geoparque Corumbataí é um deles. 

Podemos dizer que a história da criação do Geoparque Corumbataí remonta a 1996, quando a Profa. Dra. Mariselma Ferreira Zaine (esposa de nosso colega Prof. Dr. José Eduardo Zaine, do Departamento de Geologia) concluiu o seu estágio de pós-doutorado no IGCE, com patrocínio do CNPq, sob a supervisão do saudoso Prof. Dr. Vicente José Fulfaro, intitulado “Patrimônios Naturais da Bacia do Corumbataí”. Como produto final, além do relatório, a Dra. Mariselma apresentou um importante mapa pictórico (Figura 1), com a distribuição dos municípios (Analândia, Charqueada, Cordeirópolis – na época não incluído, Corumbataí, Ipeúna, Itirapina, Piracicaba, Rio Claro e Santa Gertrudes) e dos principais sítios dos patrimônios identificados na bacia do rio Corumbataí. Consideramos este mapa como “histórico” e mola propulsora do atual projeto de implantação do Geoparque Corumbataí.

Em fevereiro de 2016, por iniciativa dos colegas do Consórcio dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), um grupo do IGCE/UNESP (professores J.E. Zaine, Alexandre Perinotto e o estudante de Geologia André Kolya) reuniu-se na sede do PCJ em Piracicaba juntamente com a Dra. Mariselma Zaine, a Profa. Dra. Luciana Cordeiro de Souza Fernandes (da FCA/Unicamp, Limeira) e os colegas do PCJ (Francisco Lahoz e Flávio Stenico) para dar os passos iniciais para a criação e implantação do Geoparque Corumbataí. 

A partir dessa data, foi estabelecido um planejamento de visitas a todas as prefeituras dos municípios da bacia. Essas atividades tiveram o crucial apoio da Administração do IGCE e todos os prefeitos e secretários afetos ao tema foram contatados e as visitas realizadas. A essas foi dado o nome carinhoso de “caravana Geoparque”. Em cada visita, previamente acertada com as prefeituras, participaram autoridades, entidades da cidade visitada, e interessados no assunto. Apresentações foram realizadas pela equipe da “caravana” e por pessoas designadas pelos prefeitos, relatando o que a cidade entendia como patrimônios naturais, históricos e culturais a serem preservados e visitados, já que o turismo (na essência de um Geoparque) é a mola metra para impulsionar o desenvolvimento regional e sustentável. Proprietários e administradores de sítios naturais que recebem turistas nas diferentes cidades também participaram dos eventos, mostrando o que consideravam importante para incrementar as atividades turísticas. 




Figura 1: Mapa pictórico da bacia do rio Corumbataí, abrangendo áreas parciais ou totais de nove municípios: Analândia, Charqueada, Cordeirópolis – na época não incluso, Corumbataí, Ipeúna, Itirapina, Piracicaba, Rio Claro e Santa Gertrudes. Autora: Zaine, M.F. (1996)


Nessas visitas (“caravana”), pontos fundamentais, sempre reforçados, eram apresentados de forma muito clara e objetiva. Ou seja: um Geoparque...

PROMOVE o desenvolvimento socioeconômico regional; 

PROMOVE sustentabilidade NATURAL e resgata, valoriza e preserva a CULTURA;

NÃO se trata de uma Unidade de Conservação;

NÃO necessita de novas leis; 

NÃO traz regramentos legais específicos para uso da área;

NÃO exclui atividades estabelecidas e nem os moradores dos locais onde vivem. 

Outro ponto essencial apresentado, com base nas experiências mundiais, é a resposta ao questionamento: COMO AVANÇAR PARA UMA SOCIEDADE SUSTENTÁVEL? Resposta: com a participação do cidadão, o respeito às diferenças culturais, o planejamento territorial participativo e a proteção do meio ambiente. Para isto, o GEOPARQUE tem se mostrado uma opção de SUCESSO em termos mundiais! 

A bacia do rio Corumbataí possui peculiaridades excelentes para a implantação de um Geoparque. Vejamos

POTENCIAL NATURAL:

Geologia e paleontologia peculiares: 

Rochas e fósseis característicos do grande continente Gondwana (cerca de 300 milhões de anos atrás) que demonstram a evolução do planeta e da vida (destaque para o futuro Parque Geológico Municipal de Assistência).

Rochas características: a exemplo dos diabásios e basaltos – rochas magmáticas que atestam um dos maiores magmatismos da história do planeta Terra e a separação dos continentes Sul-americano e Africano, dando origem ao oceano Atlântico. Arenitos do Aquífero Guarani – um dos maiores do planeta Terra.

Geomorfologia ímpar:

Formações geomorfológicas: morros testemunhos – como o simbólico Cuscuzeiro de Analândia, cuestas, drenagens com cascatas/cachoeiras e corredeiras, paisagens notáveis.

Cavernas e grutas (sítios espeleológicos típicos das encostas da Serra Geral). 

POTENCIAL HISTÓRICO:

Fazendas centenárias, atestando a ocupação do interior do Estado de São Paulo – ciclo do café (casarões – hoje museus) e primeiras migrações europeias e escravidão.

História da estrada de ferro (antigas estações ferroviárias e FEENA - Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade).

História da energia elétrica (Usina/Museu Corumbataí).

História do petróleo (Distrito de Assistência).

Arqueologia: ferramentas líticas e inscrições rupestres, atestando ocupações humanas de milhares de anos atrás – sítios arqueológicos.

POTENCIAL CULTURAL:

Festas folclóricas diversas nos 9 municípios, com grupos de tradição.

Festas sazonais.

Artesanatos.

Comidas típicas e tradicionais.

Fabricação artesanal de cachaça e vinho.

Museus diversos.

Casarios.

Além das visitas da “caravana Geoparque”, dois simpósios reunindo prefeitos e autoridades municipais, entidades e moradores dos municípios foram realizados: um no IGCE, em 2017 e o segundo na FCA/Unicamp – Limeira, em 2019.

É importante salientar que para o sucesso desses projetos de implantação de um Geoparque, torna-se fundamental uma efetiva gestão do Turismo para o desenvolvimento SUSTENTÁVEL regional. Para que esta meta seja alcançada devem existir ações mútuas e apoios recíprocos de três elementos fundamentais:

1. Atividades turísticas e Governos Municipais em parceria harmoniosa; 

2. Investimento de empresários: parcerias público-privadas; 

3. Envolvimento e comprometimento da COMUNIDADE LOCAL e REGIONAL.

Até o momento as ações que merecem destaque no desenvolvimento do projeto Geoparque Corumbataí podem ser resumidas nos seguintes itens:

Mapeamento e catalogação de 180 geossítios em toda a bacia;

Reuniões locais com as nove prefeituras;

Dois simpósios regionais;

Produção acadêmica: Trabalhos de Conclusão de Curso, Dissertações de Mestrados e produção de materiais lúdico-didáticos;

Publicações: artigos em eventos técnico-científicos e 3 livros (o terceiro em andamento);

Um site: http://geoparkcorumbatai.com.br/

Reunião recente com prefeitos eleitos/reeleitos realizada no dia 17/09/2021 de forma remota.

Em conclusão, os GEOPARQUES tem se mostrado como uma forma de grande êxito para o desenvolvimento sustentável porque derivam de um processo que INCLUI A TODOS, tendo o Turismo (natural, histórico e cultural) como mola propulsora, levando à realização de atividades socioeconômicas sustentáveis, inovadoras e empreendedoras de forma INTEGRADA, beneficiando a TODOS.     

A bacia do rio Corumbataí possui grande potencial GEOTURÍSTICO em uma região favorável a diversos segmentos de turismo (natural, histórico, cultural).

Dessa forma, com planejamento INTEGRADO regional e participativo, haverá estímulo ao desenvolvimento socioeconômico sustentável em toda a REGIÃO, alterando sua realidade de forma bastante positiva.


quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Entrelinhas

 

Márcia Correa Bueno Degasperi
Unesp


Entrelinhas, programa da televisão aberta brasileira dedicada à leitura e literatura, retornou abordando também as formas de leitura do mundo contemporâneo.
Booktubers são convidados para indicarem sugestões de leituras e também há entrevista com alguma personalidade da literatura.
Pode ser visto na TV Cultura e visto e revisto também no canal do Youtube da TV Cultura.
Vale a pena.



Imagem: Pixabay

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Prêmio Jabuti - finalíssima


Márcia Correa Bueno Degasperi
Unesp


Na fase final do prêmio Jabuti, a lista dos finalistas em cada categoria pode ser vista aqui
A cerimônia de encerramento acontece no próximo dia 25 com transmissão pelo Youtube.
da 1ª à sua 63ª edição —, o Prêmio constitui uma biblioteca onde podemos nos ler. (https://www.premiojabuti.com.br/
Um pouco sobre a história do Jabuti pode ser lido aqui.
Veja todos os premiados em todas as edições aqui.




O que aprendemos com a nova onda no hemisfério Norte?

Não relaxar até a cobertura de 80% da população total com esquema vacinal completo e terceira dose de reforço.

Eduardo Kokubun - UNESP

Os países do oeste europeu avançaram muito rapidamente na vacinação de suas populações. Casos despencam até  os países alcançarem 60% de cobertura vacinal completa.  O otimismo com os bons resultados levaram muitos deles a relaxaram as medidas de proteção. Aos poucos, os novos casos começaram a aumentar, um efeito esperado com o relaxamento das medidas de distanciamento físico e uso de máscara, argumentaram as autoridades. As vacinas cumpririam o prometido, pois internações e óbitos continuavam comportadamente em níveis baixos. 

As últimas semanas, porém, a reversão da queda vem alcançando níveis preocupantes, sobretudo na parcela da população não vacinada. Os países da Europa Ocidental alcançaram cobertura vacinal entre 65 a 75% da população, de modo que 25 a 35% de não vacinados vem provocando muito estrago. A Áustria, por exemplo, anunciou o lockdown para pessoas não vacinadas, porém frente ao aumento acentuado de novos casos, ampliou o isolamento a toda população. A Alemanha viu o número de casos explodir acompanhado de aumento de ocupação de leitos acima do limite seguro. Medidas de restrição conhecida como 3G ( "geimpft, genesen, getestet" - "vacinado, recuperado, testado") já estão em vigor por lá.

Israel foi o país que mais rapidamente vacinou sua população, porém estacionou com 62% de cobertura. Autoridades de lá anunciaram ainda em julho que as vacinas perdem efetividade após 4 a 6 meses após a segunda dose. Porém, mesmo com a dose de reforço, não conseguiram conter a 5a onda por lá. Segundo especialistas, Israel errou ao demorar a aplicação do reforço.

A evolução da covid-19 no hemisfério Norte que colocou a Europa novamente no epicentro da pandemia mostra que a batalha contra o SarsCov-2 ainda não terminou. Não foi suficiente vacinar rapidamente como eles conseguiram, mas é necessário que a cobertura vacinal seja muito maior do que os 60 a 70% previstos inicialmente. Segundo a Fundação Osvaldo Cruz, deveríamos alcançar o mínimo de 80% da população total com a vacinação completa: o Brasil está com 60% e Rio Claro 70%. Outra constatação é que a dose de reforço é de fato necessária, para compensar a perda de imunidade após 4 a 6 meses da segunda dose.

O recado do hemisfério Norte é claro: ainda é cedo para relaxar.




O paciente zero da covid-19

Adilson Roberto Gonçalves
IPBEN Unesp Rio Claro

A revista Science publicou nesta quinta-feira, 18/11, o artigo científico "Dissecando os primeiros casos de Covid-19 em Wuhan", de autoria do virologista Michael Worobey, do Departamento de Ecologia e Biologia Evolucionária da Universidade do Arizona em Tucson, Estados Unidos (https://www.science.org/doi/10.1126/science.abm4454). No trabalho é mostrado que a primeira pessoa contaminada pelo Sars-Cov-2 no mercado Huanan, na cidade de Wuhan, China, foi pelo contato com um animal vivo contaminado, um cão-guaxinim (https://pt.wikipedia.org/wiki/Cão-guaxinim). A pessoa seria uma vendedora, descrevendo no texto sua conexão com o mercado, tendo sido rastreados seu trajeto diário, proximidade com o local da contaminação e outros hábitos, além dos sintomas da Covid-19 relatados.

No artigo que está aberto para consulta pelo link colocado acima são apresentadas outras hipóteses de primeiros contaminados, utilizando dados clínicos e entrevistas publicadas. Após a análise criteriosa, consegue-se individualizar o que se chama de paciente zero. O autor traça considerações sobre o sistema de notificação e coleta de dados epidemiológicos e informa que animais vivos não foram testados, o que tornaria o rastreamento mais robusto. São utilizadas outras 15 referências bibliográfica para sustentar a hipótese levantada. O trabalho de Worobey é financiado, dentre outros, pela Fundação Bill e Melinda Gates.

O rastreamento nesse nível de individualização é muito difícil, mas é crucial para estabelecer todas as rotas de propagação do vírus que podem contribuir para evitar uma nova pandemia. Estudo semelhante foi feito em relação à aids, mapeando de forma retroativa os contaminados que passavam uns para os outros o HIV. No caso da aids o contágio era bem definido e por troca de fluidos corpóreos e individualizada, muito diferente do SarsCov-2, que se dá pelo ar e pela inspiração de partículas contendo o vírus.

sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Riscos de uma nova onda de covid?

Adilson Roberto Gonçalves
IPBEN Unesp Rio Claro

A Alemanha e a China registram números recordes de novos casos de infecção pela covid-19. No Brasil, a retração da contaminação e, mais importante, do número de mortes é evidente, ainda que o patamar de óbitos diários esteja por volta de 250. O número é equivalente à queda diária de um Airbus A321 ou de um Boeing 767 com lotação completa.

Como as curvas de casos e de mortes registradas até aqui têm forte semelhança com as da Europa, o risco de uma quarta onda ainda é real. Não devemos baixar a guarda, continuando e intensificando a vacinação, mantendo distanciamento social e, fundamentalmente, usando a máscara em todas as situações.

Na Europa há problemas com a vacinação devido a movimentos localizados anti-vacina e alguma falta de logística. Aqui, o Plano Nacional de Imunização está sendo conduzido mesmo com interinos na coordenação. Também temos algumas iniciativas negacionistas, como bem lembrou o professor Raul Borges Guimarães em sua live (https://www.youtube.com/watch?v=91z2Rtzxi1w), citando municípios como Bauru que têm administração negacionista e investiram tempo e esforços no uso de medicamentos sem eficácia ao invés de uma política de contenção de danos. Isso no início da pandemia que deixaram reflexos até hoje, segundo o professor.

Os mapas apresentados pelo professor Raul mostram que a retração da pandemia é inversa à da contaminação inicial e tem forte influência da vacinação. A terceira dose já está sendo aplicada com planos de ampliação para profissionais da educação, tal como no início desse ano em relação às primeiras doses.

Lembremos que as iniciativas de abolir o uso da máscara são vistas com muita cautela e restrição pelos especialistas, pois ainda não chegamos à totalidade das pessoas vacinadas e a reinfecção é real, como revela o que está acontecendo na Alemanha, por exemplo. O incômodo pelo uso da máscara é muito menor do que a necessidade de uma intubação respiratória.

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

UNESP Rio Claro na mídia [12/11/2021]

 

UNESP Rio Claro na mídia
    [12/11/2021]

Confira abaixo notícias

Márcia Correa Bueno Degasperi

Unesp

Inovação tecnológica no setor mineral é tema de palestra da ProConcept no evento da Febrageo

https://www.segs.com.br/info-ti/316848-inovacao-tecnologica-no-setor-mineral-e-tema-de-palestra-da-proconcept-no-evento-da-febrageo

#rioclaro#unesprioclaro#unesprc#unesp#mineração#recursosminerais#Febrageo#RobertoRocha#FábioAugustoGomesVieiraReis

Outubro deste ano foi o mais chuvoso desde 1994 mostram estatísticas do Ceapla

https://www.jornalcidade.net/rc/outubro-deste-ano-mais-chuvoso-desde-1994-mostram-estatisticas-do-ceapla/193398/

#rioclaro#unesprioclaro#unesprc#unesp#Ceapla#CarloBurigo#LaNinã#chuva#estiagem

Contribuição de animais frugívoros para combate à mudança climática em parque ecológico de SP pode chegar a centenas de milhares de dólares por ano

Pesquisa pioneira em ecologia econômica estima valor de serviços ambientais prestados por espécies de primatas e de ave com base no mercado de sequestro de carbono

https://jornal.unesp.br/2021/11/08/contribuicao-de-animais-frugivoros-para-combate-a-mudanca-climatica-em-parque-ecologico-de-sp-pode-chegar-a-centenas-de-milhares-de-dolares-por-ano/

#rioclaro#unesprioclaro#unesprc#unesp#florestas#Colombia#animaisfrugívoros#sementes#carbono#Cryptocaryamandioccana#MataAtlântica# ProtocolodeKyoto#LaurenceCulot#CarolinaBello#CesarMuniz#UniversidadeJorgeTadeoLozano#ParqueCarlosBotelho#estadodeSãoPaulo

Professor emérito da UnB Onildo João Marini morre aos 82 anos

https://www.metropoles.com/distrito-federal/professor-emerito-da-unb-onildo-joao-marini-morre-aos-82-anos

#rioclaro#unesprioclaro#unesprc#unesp#geologia#UnB#OnildoJoãoMarini#mapeamentogeológico#professoremérito#HeinzEbertUniversidadedeWestern

Divulgadores científicos no Twitter

 

Márcia Correa Bueno Degasperi
Unesp


Twitter é uma rede de divulgadores científicos com conteúdos originais ou compartilhados muito ricos. Conteúdos de imagens são comuns, muitas imagens impressionantes e lindas. 
Destacamos hoje, Nícolas Oliveira, doutorando do Observatório Nacional. @nicooliveira_
Nícolas compartilhou imagem do Wonder of Science @wonderofscience, um voo noturno sobre a Itália do espaço.

Link do vídeo no Twitter:

Vale a pena conferir.




sexta-feira, 5 de novembro de 2021

A geografia da população após a pandemia

Adilson Roberto Gonçalves
IPBEN Unesp Rio Claro

A pandemia do novo coronavírus chegou pelas estradas, seguindo os fluxos de mobilidade das pessoas. Essa é a conclusão dos estudos realizados pelo professor Raul Borges Guimarães. Em live apresentada por Renato Hoffmann, do Rio Claro Grupo, foi discutido como a pandemia irá afetar e alterar o crescimento populacional. A participação especial do professor Raul, geógrafo com ênfase em geografia da saúde e atual Pró-Reitor de Extensão Universitária e Cultura da Unesp, foi na forma de bate-papo com Eduardo Kokubun, Professor Titular na UNESP Rio Claro e editor do Boletim Anti Covid. A entrevista, que foi ao ar na sexta-feira, 29/10, pode ser assistida na íntegra no link: https://www.youtube.com/watch?v=91z2Rtzxi1w.

Raul explicou que a geografia da saúde estuda tanto a chamada geografia dos serviços (onde colocar equipamentos, respiradores, por exemplo) quanto a difusão das doenças. A área de pesquisa é forte, com mais de 50 anos de conhecimento acumulado e com formação densa de profissionais que se reuniram como rede em todas as unidades da federação para acompanhar a pandemia. E São Paulo ajudou o governo paulista na tomada de decisões, especialmente no início da pandemia.

A epidemia começou na China e espalhou-se rapidamente. Passou a ser pandemia quando saiu dos domínios geográficos daquele país e se espalhou pelo mundo. Aqui já chegou como a variante europeia, modificada, porque o vírus é altamente replicante, um pedaço de gene que precisa de outro organismo para sobreviver. O modelo que o grupo do professor Raul usou partiu dos estudos com o H1N1. O vírus precisa de densidade populacional e mobilidade urbana, como lembrou o pesquisador, e os fatores acontecem como um efeito cascata. O estado de São Paulo é diferente de outros estados por possuir vários aglomerados urbanos. Raul mostrou uma séries de mapas mostrando como a propação se deu na forma de uma onda partindo das metrópoles para o interior e que agora reflui. O fenômeno metropolitano segue a espinha dorsal de difusão, fazendo um V no estado de São Paulo, seguindo as vias Anhanguera e Dutra. As áreas mais escuras no primeiro mapa significam os registros mais antigos de incidência do vírus. Recomenda-se ver os demais mapas no link da live.

O professor Raul lembra que o vírus teve o contato com humanos devido à expansão da fronteira agrícola e pastoril na China, devastando florestas onde o vírus era endêmico e passa a ser epidêmico e, depois, pandêmico. Semelhante situação pode acontecer no Brasil, pois muitas espécies de coronavírus já foram identificadas no bioma amazônico, mas ainda estão confinadas, sem possibilidade ainda de transmissão.

A diminuição do crescimento populacional foi assunto trazido pelo professor Kokubun que fez um levantamento em Rio Claro: a população na cidade retraiu em mil pessoas em função da pandemia. Kokubun lembra que essa retração de população é vista em guerras e estima-se que o Brasil também perdeu dois anos em expectativa de vida. O decréscimo populacional foi observado em metade dos municípios brasileiros, cerca de 3 mil cidades, segundo o professor Raul. Por outro lado, ele prevê que, com a volta das aulas presenciais, haverá um baby boom à semelhança do que ocorreu após a Segunda Guerra Mundial.

O convidado fez questão de ilustrar três destaques em seus estudos e mapas apresentados:

1. O noroeste paulista sofreu forte impacto econômico pela diminuição dos benefícios da Previdência Social, uma vez que parte significativa da população nesses municípios com menos de 20 mil habitantes é de idosos (parte mais azul no segundo mapa, apresentado pela primeira vez na live). A queda de renda chegou a 50% porque o beneficiário morreu, deixando de alimentar o negócio local: o mercadinho, a padaria, a farmácia. São cerca de 200 municípios "pequenos" no estado de São Paulo. A influência da posterior maior cobertura vacinal que causou a retração da doença também está sendo avaliada.

2. Impacto direto na população economicamente ativa que também morreu, muitas vezes a mãe ou o pai que era o único responsável pelo sustento da família. Isso levou também à diminuição da saída do jovem de casa, que precisa ficar para ajudar a família que foi dilacerada; um impacto significativo é na procura nos vestibulares, em forte queda neste ano.

3. Os órfãos da covid. Por meio de levantamento dos cartórios já se idenficam 12 mil crianças que perderam pai e mãe e o professor Raul quer mapear onde eles estão e a relação com os demais fatores geográficos e econômicos estudados.

Raul destacou ser uma falácia que o isolamento social traria prejuízo econômico, pois foi o contráio, uma redução de danos. Perder a força de trabalho é perder o principal fator que move a economia. Outros fatores são agora considerados, como as sequelas da covid, a perda de conhecimento pela dificuldade de manter estudo a distância e questões de saúde que não foram devidamente tratadas, como câncer, doenças cardíacas, etc, que continuaram a fazer suas vítimas. Com mais de 20 milhões de casos confirmados de covid, todos podem ter sequelas, necessitando de terapias e acompanhamentos que se estenderão pelos próximos 10 anos. "Não sabemos muita coisa sobre os sequelados", diz o professor Raul. Assim, estamos retomando as atividades presenciais sem esse conhecimento, para o qual a geografia vai ajudar muito.

Quanto à importância da condução municipal no efrentamento da pandemia, o corpo técnico na área de saúde em Rio Claro é muito bom, apesar de preocupar o aumento recente do número de casos de covid em faixas etárias mais novas, como mostrado nos BAC anteriores. Não é possível fazer levantamento da situação da pandemia por bairros porque o município é relativamente pequeno. O professor Raul alerta que o Brasil testou muito pouco, o que permitiria um mapeamento do território para ações mais coordenadas e eficientes. Aqui foi às cegas, segundo ele, que propõe fazer a testagem para mapear os sequelados como parte do uso do planejamento territorial para aprender a conviver com o coronavírus. Mesmo com a vacinação ampliada, podemos ter surtos de covid em municípios ou regiões; com o mapeamento, podemos ter ações para reforçar a vacinação nesses locais, por exemplo. São ações semelhantes às adotadas e aprendidas com dengue, zika, e febre amarela.

A mensagem final do professor Raul é que não sairemos da situação sem a ciência e destacou a importância de trabalhos sérios de divulgação científica em face da "necropolítica e fake news" presentes no país.

Vacinação completa precisa alcançar 80% da população total, diz Fiocruz

Segunda dose ainda precisa chegar a 30 mil habitantes de Rio Claro

Eduardo Kokubun - Unesp

Em Boletim Extraordinário publicado na 5a feira, 04/11/2021, o Observatório Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz) reconhece que os números da pandemia melhoraram muito no Brasil. O número de casos, internações e óbitos vem caindo, porém, com menos força na última semana. Rio Claro vem acompanhando essa mesma tendência do país com novas internações e óbitos cada vez mais raros. Já, o número de novos casos voltou a aumentar nas duas últimas semanas.

Aqui em Rio Claro, a vacinação avança mais rapidamente do que a média no país: mais de 80% do total da população já tomou pelo menos uma dose no braço e quase 70% já tem o esquema vacinal completo. Mas, o aumento no número de casos mostra que a população está circulando mais pelas ruas. Retorno às aulas presenciais, relaxamento de restrições para circulação e funcionamento de estabelecimentos ocorreram por causa do aumento da cobertura vacinal e baixo risco de hospitalizações e mortes. Porém, ainda precisamos completar o esquema vacinal em quase 30 mil pessoas que ainda não tomaram a 2a dose.

O Boletim da Fiocruz faz coro com o alerta da Organização Mundial da Saúde, que declarou que a Europa voltou a ser o epicentro da pandemia. Mesmo com a vacinação avançada, o número de casos voltou a subir por lá, acompanhado pelo de hospitalizações e óbitos. Por enquanto, os casos mais graves vem sendo evitados, mas a possibilidade de explosão dos números com a chegada do inverno preocupa. 

Outra coisa que aprendemos com os países europeus é que a situação da pandemia é mais grave onde a vacinação não avançou. É o que acontece nos países mais a leste do continente. Porém, mesmo onde avançou, a nova onda vem mostrando sua cara. São lições que precisamos aprender.

A larga experiência do Brasil em levar vacinas para todos os cantos do país é um trunfo a nosso favor. Temos grandes chances de alcançar um elevada cobertura vacinal assim como está ocorrendo em nosso município. Porém, mesmo com a vacina alcançando o braço de muita gente, uma nova onda poderá chegar. 

A Fiocruz adverte que o abandono precoce das medidas de proteção, especialmente a liberação do uso das máscaras e relaxamento da recomendação de distanciamento físico podem criar a impressão equivocada da abertura irrestrita de atividades presenciais. A ameaça fica maior com a proximidade do verão e das férias. Precisamos ficar de olho nos indicadores e promover uma liberação gradual e monitorada.

Em Rio Claro, um olho mostra que o risco de casos graves da Covid-19, que resultam em hospitalizações e óbitos está baixo. O outro olho, porém, mostra que o número de novos casos aumentou nas últimas semanas, principalmente na população mais jovem. O relaxamento está andando rápido demais: ainda é cedo para pendurar a máscara, abandonar o distanciamento físico e retornar às aglomerações. 



Jabuti 2021

 

Márcia Correa Bueno Degasperi
Unesp



da 1ª à sua 63ª edição —, o Prêmio constitui uma biblioteca onde podemos nos ler. (https://www.premiojabuti.com.br/
Em sua edição de 2021, o prêmio possui vários eixos: Literatura, Não ficção, Produção editorial, Inovação e dentre estes, várias categorias  (contos, crônicas, infantil, entre outros).
Um pouco sobre a história do Jabuti pode ser lido aqui.
Veja todos os premiados em todas as edições aqui.
A cerimônia de premiação será virtual em 25 de novembro.