Dois meses após o pico, casos ativos reduziram apenas 48%. Na primeira onda, a queda foi de 93% no mesmo intervalo de tempo.
Rio Claro sofreu o pior momento da pandemia em março, quando o número de pacientes em leitos covid-19 ultrapassou a capacidade dos nossos hospitais. A cidade não estava sozinha: poucas semanas antes com hospitais lotados, Manaus assistiu pacientes morrendo por falta de oxigênio e o mesmo poderia ocorrer no Estado de São Paulo e no município.
O Plano São Paulo endureceu e criou-se uma fase de transição, com muito mais restrições do que aquelas previstas na fase vermelha. Cidades vizinhas entraram em "lockdown" adotada parcialmente em nosso município. Em 27/03, Rio Claro atingiu o pico de 1.118 casos ativos - aquelas pessoas que tem a doença e com potencial de transmitir para outros. Com as medidas restritivas, o número de casos começou a cair, trazendo um certo alivio. Passados 61 dias de fase de transição no Estado, o número de casos ativos reduziu 48% para 577. Parece muito. Mas não é.
Na primeira onda do ano passado, o pico foi alcançado em 24/07, com total de 1.117 casos ativos. No intervalo de 61 dias, esse número despencou para 78 casos, uma queda de 93%. Passamos da fase vermelha, mais flexível do que o fase de transição deste ano, pulamos para a fase amarela, sem passar pela laranja. Em outros 17 dias, passamos para a fase verde, com muito mais flexibilidade.
O gráfico mostra ainda que esta segunda onda começou muito mais cedo do que a primeira. Rio Claro permaneceu num patamar de 400 casos ativos durante praticamente 100 dias entre novembro e fevereiro, incubando a pandemia. A subida foi tão rápida quanto na primeira onda e como vimos, com pico semelhante. A queda, porém, mesmo com a vacinação em andamento está muito mais lenta. Nesses dois meses após o pico, nem sequer voltamos ao patamar de fevereiro.
Vale lembrar que a dificuldade sair do atoleiro não é exclusivo de Rio Claro. Acontece no Estado de São Paulo e em outras cidades de outros estados do Brasil. A fase de transição foi adiada no Estado. Especialistas vem alertando que, com novas variantes vindo de fora do Brasil como a da Índia ou fruto de mutações por aqui como a P4, relaxamento precoce de distanciamento podem recrudescer a segunda onda, ou criar uma terceira onda mais feroz.
Os números da pandemia estão variando bastante nas últimas semanas, ora aumentando, ora diminuindo. Parece bom porque não estão piorando. Porém, comparando com a primeira onda, quando houve redução consistente nos números, não estamos fazendo a lição de casa.