Adilson Roberto Gonçalves
IPBEN Unesp Rio Claro
Na semana que termina, a CPI da Pandemia no Senado Federal ouviu três testemunhas que, em maior ou menor grau, esclareceram algumas questões que nortearam as ações e omissões referentes às vacinas contra o novo coronavírus no âmbito do governo federal. Alguns aspectos relevantes são destacados aqui e os depoimentos integrais podem ser consultados no site do Senado.
A primeira oitiva foi do presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres (11/5). Ele foi muito claro e profissional, detalhando os procedimentos técnicos e científicos que a agência possui para a liberação e validação de medicamentos e vacinas. Informou que, em relação à vacina Sputnik V, a análise encontra-se parada, aguardando o envio de documentos da empresa União Química, que produzirá o imunizante. Os senadores arguiram em relação aos detalhes de como foi o processo até aqui que resultou no apontamento de vários itens da Sputnik V em desacordo com os protocolos para sua liberação. Ficou clara a inexistência de fatores ou pressões políticas dentro da Anvisa. Barra Torres disse também que não há nada que desabone a China e seus produtos, no âmbito da saúde.
Já Fabio Wajngarten, ex-Secretário Especial de Comunicação Social da Presidência (12/5), foi muito evasivo nas respostas, o que levou à conclusão, por parte dos senadores, que ele estava mentindo. A campanha "o Brasil não pode parar", veiculada em março de 2020, foi tomada por ele como um piloto que não deveria ter vindo a público. Naquela peça publicitária há evidente desaconselhamento ao isolamento social, fundamental para evitar a difusão do vírus. Ele disse que não participou dessa decisão porque estava afastado por ter sido acometido pela covid-19. Porém, foi desmentido em plenário ao mostrarem um vídeo da época em que participava de live com Eduardo Bolsonaro, afirmando estar acompanhando tudo o que acontecia na Secretaria. Ao final, a CPI decidiu enviar a íntegra do depoimento ao Ministério Público para que procedesse à avaliação de falso testemunho.
Encerrando a semana de oitivas, o gerente-geral da Pfizer, Carlos Murillo (13/5), confirmou que a farmacêutica ofereceu vacinas ao governo do Brasil desde julho de 2020, reiteradas vezes, com ênfase no mês de agosto, e somente em março de 2021 um primeiro contrato foi assinado. Os preços e cláusulas propostos foram semelhantes aos apresentados aos demais países. A presença de pessoas alheias ao ministério da Saúde nas tratativas foi confirmada por Carlos Murillo. O ex-secretário Fábio Wajngarten foi uma dessas pessoas, e incluiu, ao menos em uma reunião, Carlos Bolsonaro e Filipe Martins.
Nenhum comentário:
Postar um comentário