No pior momento da primeira onda em 24/06, 90 leitos estavam ocupados. Ontem, 25/02 eram 87.
Eduardo Kokubun, Unesp
Desde que a pandemia desembarcou no país há um ano, lá se foram mais de um quarto de milhões de brasileiros que perderam a vida devido à Covid-19. Nem deu tempo para um refresco entre a primeira e a segunda onda como ocorreu em outros países da Ásia e Europa. Por lá, foram comuns meses de medidas duras de lockdown, palavra cujo significado começamos a aprender com o agravamento da pandemia em cidades vizinhas.
Por aqui, no Brasil, as ondas foram e continuam sendo altas. Ao contrário de nossos conterrâneos do hemisfério norte excluindo os EUA, a maré nunca recuou. No lugar de um sobre desce bem nítido, tivemos aqui um platô com a segunda onda engolindo a primeira. Um mar brabo, digno de bandeira vermelha na praia.
Nem em seu pior pesadelo, Willian Styron deve ter imaginado que pudesse existir escolha pior do que a de Sofia. O país escolheu nem salvar vidas, nem salvar a economia. Nega-se tudo, enrola, empurra-se com a barriga esperando um milagre que insiste em não chegar.
Verdade seja dita: nem tudo foi tão ruim. Mesmo com gente remando o barco em direções opostas, algum isolamento foi feito. Parte da população adotou medidas de proteção, parte da economia se ajustou ao isolamento. Cientistas, médicos foram ouvidos. A tradição do país para produzir e distribuir vacinas, ainda que cambaleante funcionou. Botaram água no feijão, para distribuir 5 vezes mais doses de vacina do que estava programado. Quase faltou água.
Rio Claro, sofre com a nação. Já passam de 8500 casos e duas centenas de óbitos. Tivemos sim um refresco entre a primeira e a segunda onda, mas não foi o bastante para varrer o vírus da cidade. O Sars-Cov2, ainda sem a mutação brasileira, levou mais de 1.100 pessoas para o hospital, cada um lá ficando por 9 dias: 9.900 dias.pessoas. Outros 250 foram para a UTI por 15 dias, sedado com aparelho empurrando ar e oxigênio para os pulmões: 15 x 250=3.750 dias.pessoa. Duzentas e cinco pessoas, perderam a batalha para o vírus.
Falta ainda muita gente em nossa cidade para ser imunizada. Precisamos de pelo menos 120 mil, vacinados ou pelo menos com anticorpo natural. Com 10 mil pessoas que tomaram a primeira dose e outros 8,5 mil que ficaram doentes, são 18,5 mil. Faltam ainda mais de 100 mil.
Enquanto isso, precisamos derrubar o contágio. Quanto mais o vírus pula de uma pessoa para outra, mais mutações ele sofrerá. É como a brincadeira do telefone sem fio: quanto mais transmito a mensagem, mais diferente ela fica. Se o vírus mudar muito, o anticorpo para nos defender não funcionará.
Ontem, 25/02, Rio Claro confirmou 68 novos casos e pelo menos 422 pessoas, os casos ativos que estão com o vírus, e podem transmitir. Cada uma transmite para outras 1,47 pessoas, podendo infectar novos 620 casos. Oitenta e quatro pessoas estavam internadas ontem. Os números são parecidos com os encontrados duas semanas antes de Rio Claro atingir o pico da primeira onda.
A velocidade de transmissão precisa ser interrompida e baixar muito. Na calmaria entre a primeira e a segunda onda, eram confirmados 10 novos casos por dia. Precisamos fazer a lição de casa. Urgente.
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