Eduardo Kokubun
Unesp
Adilson Roberto Gonçalves
IPBEN - Rio Claro
A segunda onda, que alguns preferem chamar de repique, da Covid-19 no Brasil fez acelerar o número de mortos. A marca de 200 mil vidas perdidas foi atingida neste início de ano.
O primeiro caso de morte pela Covid-19 foi noticiado em 17 de março e a já triste marca de 100 mil se deu em agosto. Em cinco meses, outros 100 mil. A soma (200 mil) superou o total anual de mortes devido a doenças cardiovasculares, o maior aliado do anjo da morte no Brasil.
O vírus, que parecia controlado no primeiro semestre em algumas partes do mundo, mostrou sua resiliência às tentativas da humanidade para quebrar sua corrente de transmissão. Por alguns momentos, parecia que alguns países seriam bem sucedidas em manter a curva de contágio achatada, evitando a superlotação de sistemas de saúde, até a solução definitiva da vacina chegar.
Porém, no segundo semestre de 2020, o mundo descobriu que, com raríssimas exceções, a onda de contágio e mortes começou a sincronizar. A expectativa de que a Europa conseguiria evitar a segunda onda pior do que a primeira não se concretizou. No final do ano, com o contágio por lá ultrapassando as vergonhosas marcas de nosso país, paradigmas de enfrentamento da pandemia na Ásia e Europa, lançaram apelos desesperados para a população ficar em casa e não desrespeitarem o lockdown.
Escolas foram reabertas frente às evidências dos enormes prejuízos na formação de alunos e de que os surtos entre alunos, professores e funcionários era pequena. Essa mesma ciência trouxe evidências contrárias e escolas pelo mundo voltam a ser fechadas para conter o novo avanço.
Ignorando esse vai e vem das medidas oficiais e a fadiga humana da pandemia o vírus encontrou o espaço para continuar a se transmitir e se reproduzir, acelerando as temidas mutações. Um delas, produziu uma proteína que amplificou a capacidade de transmissão, algumas semanas antes da vacinação começar.
Por enquanto, o novo coronavírus mostra-se mais resiliente do que a do ser humano de manter o distanciamento social. Ele continua a surfar na onde do instinto humano de satisfazer suas necessidades de manter uma vida normal, para a sobrevivência e relacionamentos.
A humanidade aposta agora suas fichas na ciência da vacina, aquela mesma ciência que alguns desprezaram, negando a gravidade da pandemia e propagando curas que não existem. No entanto, a longa e angustiante espera pela bala de prata, canalizou parte importante de nossas energias na busca de culpados por essa crise sem precedente. Fizemos muito pouco e teremos ainda que pagar a conta.
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