sexta-feira, 25 de março de 2022

Dimensão do número de mortes por Covid-19 e na guerra na Ucrânia

Adilson Roberto Gonçalves
IPBEN Unesp Rio Claro

O Brasil está fechando a semana com a média diária de 270 mortes por Covid-19. É um número assustador, correspondente ao número de passageiros de um avião de grande porte por dia de vidas levadas. Mas já não causa tanto impacto na mídia em função de ser um número em declínio e estar atingindo principalmente pessoas que não têm o quadro vacinal completo. É um efeito anestésico em função de tudo o que passamos. A pandemia se retrai e parece que migramos para um estágio de estar vencendo essa guerra.

Na Ucrânia completa-se um mês de outra guerra, deflagrada por interesses locais e ainda de difícil entendimento e aceitação. Questões políticas, econômicas e históricas à parte, verifica-se que não são mais fornecidos dados confiáveis do número de novas infecções e mortes por Covid-19 daquele país. Sabemos que a primeira vítima em toda guerra é a verdade e a informação epidemiológica e sanitária já não está mais acessível. No entanto, podemos comparar com dados anteriores ao início do conflito.

Segundo o repositório de dados sobre Covid-19 do Center for Systems Science and Engineering (CSSE) da Johns Hopkins University (https://github.com/CSSEGISandData/COVID-19), a média semanal de mortes por Covid-19 na Ucrânia oscilava entre 250 e 300 nos dois primeiros meses do ano. Aquele país possuía uma população de pouco mais de 44 milhões de habitantes, cerca de 20% de nossa população. Por esse parâmetro, estávamos melhores que eles.

A guerra continua matando e os especialistas calculam que mil civis lá morreram. O número de militares é mais nebuloso porque sua divulgação implica quase sempre em informação confidencial. Números que somente serão confiáveis após o fim do conflito, mas o milhar de civis oficialmente mortos na guerra na Ucrânia em um mês representa o equivalente a três ou quatro dias de mortes por Covid-19. Isso nos dá as dimensões dessas tragédias.

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