Eduardo Kokubun - UESP/Rio Claro
"Eu preciso ser muito claro: as vacinas sozinhas não vão tirar nenhum país desta crise.
Não são as vacinas em vez de máscaras.
Não são as vacinas em vez de distanciamento.
Não são as vacinas em vez de ventilação dos espaços."
A fala de Tedros Ghebreyseus, Diretor Geral da Organização Mundial de Saúde, cabe como mensagem de final deste ano, cheio de ameaças que insistem em não terminar. Começamos com a apreensão de que as vacinas contra a Covid-19 desenvolvidas pela ciência em velocidade sem precedente não chegassem aos braços dos brasileiros. Chegaram, com o receio de que muitos conterrâneos se recusassem a tomá-las. Porém, com as filas que se formaram nos postos de vacinação, tememos que faltassem doses. Venceu a tradição do SUS brasileiro que, mesmo com tímido incentivo central, convenceu munícipes da importância da vacinação.
No meio do caminho, aprendemos os perigos da mutação. A cepa P.1., depois batizada de Gama, deixou muitos de nossos conterrâneos do estado de Amazonas sem fôlego, porque faltou oxigênio. O lockdown voltou para muitas cidades, reeditando a tensão entre os defensores da vida de um lado e da liberdade de ir e vir do outro.
A vacinação em nosso país avançou e os números ruins da pandemia despencaram. O alívio nas restrições em países com a vacinação avançada era um prelúdio de que dias melhores por aqui chegariam. Tomamos fôlego e eis que surge a variante Delta. O mundo voltou uma casa. O Brasil passou a vez no tabuleiro da pandemia e a Delta nos deixou em paz.
Descobrimos que o efeito protetor das vacinas diminuem mais rapidamente do que gostaríamos. Enquanto o mundo, atônito, fazia os preparativos para reforçar a imunização, a distribuição desigual das vacinas pelos países mostrou sua cara. Surgiu a Ômicron, uma variante que carrega uma quantidade de mutações de dar inveja a qualquer roteirista de X-men da Marvel. O vírus teria conseguido espaço para transfigurar numa população com baixa cobertura vacinal. A OMS, endossada por cientistas, havia alertado para esse risco.
Em poucos dias, o mundo aprendeu que a Ômicon é muito, muito mais transmissível que as variantes ancestrais. Aumentou a capacidade da nova cepa reinfectar pessoas já infectadas e também de acometer aqueles com vacinação completa. Espalhando-se rapidamente pelo mundo já é considerada ameaça para as datas festivas de final de ano e podem alcançar o Carnaval de 2022. O G-7, grupo de sete países mais ricos do mundo, declarou que a Ômicron é a "maior ameaça atual à saúde pública".
Soma-se aqui no Brasil, um surto inesperado de gripe, provocado pela variante Darwin do vírus H3N2, que vem se espalhando pelo país. Em tempos sem pandemia da Covid-19, a gripe chegaria no inverno do ano que vem, com a população sendo vacinada em meados de abril.
Vacina, máscara, distanciamento e espaço ventilado são os meios que dispomos para minimizar essas ameaças.
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