sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Falsos questionamentos às vacinas e ao uso de máscaras estão de volta

Adilson Roberto Gonçalves
IPBEN Unesp Rio Claro

Dois depoimentos de empresários que são investigados por financiarem fakenews e desinformação marcaram a semana da Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado Federal. Foram ouvidos Luciando Hang e Otávio Oscar Fakhoury, declaradamente apoiadores do Presidente da República e promotores de medidas contrárias ao combate da pandemia do novo coronavírus. As íntegras dos depoimentos podem ser lidas e assistidas na página do Senado Federal (veja aqui uma e a outra).

Voltou à discussão o uso da máscara, assunto que se pensava já pacificado. O empresário Otávio Fakhoury propagou desinformação ao dizer que o uso de máscaras seria benéfico a quem está com Covid-19, mas que não protegeria quem não está contaminado. A dispersão de partículas que carregam os vírus foi amplamente estudada e a barreira física que a máscara proporciona diminui em mais de 85% a contaminação entre pessoas. Tanto é que continua a ser a medida mais utilizada entre as pessoas, ainda que tenham diminuído drasticamente o distanciamento social e o isolamento. Já Luciano Hang defende, agora, nunca ter sido contra o uso de máscaras. Porém, ao longo do depoimento, seus advogados foram advertidos por não usarem a máscara em vários momentos.

A questão da vacinação foi a mais séria no depoimento negacionista. Fakhoury afirmou categoricamente que não se imunizou - nem ele, nem sua família - porque as vacinas contra o coronavírus seriam ainda experimentais, estando em fase 3 de testes. Ele foi prontamente desmentido pelo senador Randolfe Rodrigues que recebeu e leu manifesto da Anvisa, conhecido de todos nós, esclarecendo que as vacinas aplicadas no Brasil passaram - todas elas - pelas etapas de certificação e avaliação e são seguras. A ironia é o empresário ser investigado também por ter intermediado a compra de vacinas pelo governo federal em operação suspeita de superfaturamento.

Infelizmente, a proximidade de tais empresários disseminadores de inverdades com o governo federal é nocivo ao país. Hoje afirmam que não agiram contrariamente à saúde e à segurança sanitária, mesmo sendo desmentidos pelos vídeos em que aparecem em depoimentos negacionistas. Estão sendo investigados, fato positivo, mas os quase 600 mil mortos pela Covid-19 dão a dimensão do crime praticado.

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