Rio Claro, 16 de junho de 2021.
A Universidade Estadual Paulista – UNESP – Campus de Rio Claro vem a público manifestar extrema preocupação com a gravíssima situação da pandemia do novo coronavírus no município, a exemplo do que ocorre no estado de São Paulo e no Brasil.
A pandemia em Rio Claro, entrou em um terceiro ciclo de aceleração, sem ter conseguido controlar a segunda onda que culminou no final do mês de março e final de abril quando. No pico da primeira onda, que ocorreu em 25/07/2020 foi registrada a média móvel de 77 casos diários, o pico da segunda onda em 21/03/2021 foi de 115 casos diários e até o momento nesse terceiro ciclo, alcançou 117 casos com crescimento de 90% em 14 dias.
O número de reprodução da epidemia (Rt), que representa a gravidade da transmissão do vírus passou de 0,58 em 08/04/2021 para 1,48 em 15/06/2021. Isso significa que em 08/04 cada 100 pessoas infectadas transmitiam o vírus para outras 58, enquanto em 15/06 a transmissão de cada 100 pessoas ocorrem para outras 148, mostrando que a infecção está em amplo crescimento. O Rt é considerado um indicador da eficácia de medidas de prevenção para a transmissão do vírus: quando elas são eficazes, apresenta valor menor do que 1, preferencialmente menor do que 0,8 por pelo menos 14 dias. No caso do Sars-Cov2, considera-se que, sem qualquer medida de proteção, o Rt será de 2,3 a 2,7. Portanto, nas condições atuais, pode-se inferir que as medidas preventivas como distanciamento social, higienização e uso de máscaras são praticamente inexistentes, ou muito pouco eficazes.
No dia 15/06/2021, existiam 952 casos ativos no município. Considerando-se o Rt de 1,48, a expectativa é que esses casos tenham transmitido ou ainda transmitam o coronavírus para outras 1,48 x 952 = 1.409 pessoas. Considerando que atualmente o número de internados corresponde a 18% dos casos ativos, pode-se antever que o número de hospitalizados alcance 1.409 x 18 % = 254 internações. A curva de internações, que cresceu 71% desde o final de abril, mostra a plausibilidade dessa suposição.
Mantida a letalidade de 2,4% em Rio Claro, dos 952 casos ativos e 1.409 casos secundários, pode-se antecipar 57 novos óbitos em apenas duas gerações de contágio, que já está em curso.
Não se pode deixar de considerar que a vacinação vem surtindo efeitos, poupando as pessoas mais idosas. Contudo, o aparecimento de novas variantes com maior transmissibilidade e maior carga viral e a queda no índice de isolamento vem anulando os efeitos positivos do esforço vacinal.
Os dados apontados acima indicam que as medidas de mitigação da pandemia no município falharam em conter a pandemia, ao contrário do que se observou entre a primeira e a segunda onda quando o Rt permaneceu abaixo de 1, portanto controlada, durante 47 dias. Neste ano de 2021, o Rt esteve na faixa de controle durante 14 dias consecutivos somente após a decretação da Fase Emergencial no Estado de São Paulo somados aos dias de medidas mais restritivas decretadas pelo Município. Disso decorre o aumento consistente e sustentado no número de casos e de internações, que favorece o aparecimento de aceleração abrupta no número de casos, seguidos pelo de internações e de óbitos.
Não existe medida cientificamente validada de contenção da pandemia do Sars-Cov2, exceto a rápida vacinação concomitante com baixas taxas de transmissão do vírus. O relaxamento das medidas de proteção como a aprovação recente projeto de lei na Câmara Municipal de Rio Claro, tornando essencial diversas atividades no município, contrariam totalmente os preceitos científicos, os mesmos que possibilitaram o desenvolvimento da vacina. É também uma clara afronta ao preceito constitucional de direito à vida e dever do poder público de prover saúde a todo cidadão.
Finalmente, a UNESP-Rio Claro transcreve e reitera os termos da manifestação pública de 3/03/2021 que, desde então, não foram implantadas ou o foram timidamente pelo município.
A médio e longo prazo, os instrumentos amplamente reconhecidos e validados de controle da pandemia e proteção da saúde, educação, economia e cultura precisam ser implementados e aperfeiçoados. Considerando que as medidas de prevenção não estão funcionando no município, é necessário realizar:
1) A revisão e atualização das normas de contenção da transmissão
2)Ampla divulgação dessas normas
3)Assegurar o cumprimento das normas com campanhas educativas e efetiva fiscalização.
Universidade Estadual Paulista/UNESP
Campus de Rio Claro
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