quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

As escolhas de Sofia da Saúde na pandemia: quem vacinar? quem tratar?

As escolhas de Sofia da Saúde na pandemia: quem vacinar? quem tratar?
Esse dilema moral da saúde pode ser evitado com a mais simples das escolhas: proteger-se. 

Adilson Roberto Gonçalves
Eduardo Kokubun
Eugenio Ramos
Márcia Correa Bueno Degasperi

Unesp


    O filme A Escolha de Sofia, estrelado pela atriz americana Meryl Streep, que ganhou o Oscar pela interpretação, sempre é relembrado para ilustrar escolhas excludentes e em momentos difíceis.

    

    Na realidade da 2a Guerra Mundial e as perseguições nazistas ambientadas no filme, Sofia com dois filhos precisa escolher qual deles viverá. É um dilema moral, onde nenhuma escolha é aceitável, cujo peso pela decisão a levará a amargura pelo resto da vida.

    Escolhas ante nossa atual realidade da Pandemia da COVID-19 sugerem situações para escolhas não ficcionais como:

  • quem será vacinado, quando não há vacinas para todos?
  • quem na UTI poderá receber oxigênio?
e podem tragicamente nos inserir na realidade dramática de Sofia, realizando escolhas que podem nos marcar para o resto de nossas vidas.

    A primeira escolha pareceu acertada de levar o imunizante para os profissionais da saúde, em especial aos que estão na linha de frente no combate à Covid-19. Mesmo assim, a contabilizar as doses de vacina disponíveis e as dificuldades econômicas e diplomáticas para a liberação de material da Índia e da China para a produção de maior volume no Brasil, prevê-se que apenas metade desses profissionais poderiam ser vacinados. A restrição dentro da escolha.

    Profissionais da saúde se habituam com escolhas difíceis quando a escassez se faz presente. Quem vai ocupar um leito, receber uma bolsa de sangue, ser anestesiado ou encaminhado para uma cirurgia. Dilemas constantes como sujeitos da ação, agora transformados também em pacientes.

    O plano A é não precisar escolher. Diplomacia e estratégias funcionando para prover vacinas para todos. Utopia que é substituída pela distopia de ações que dificultam a produção, negociação, logística e a comunicação com a população sobre a importância do combate à pandemia.

    As decisões sobre destino de recursos médicos deveriam ser dos próprios profissionais, mas quando se vê prefeitos e asseclas furando a fila da vacinação, a questão é muito mais delicada.

    Sofia não seria exposta ao dilema moral se não houvesse o algoz.
    Profissionais e gestores de saúde não teriam que fazer escolhas difíceis se houvesse insumos para imunizar e tratar a população. Melhor ainda se não houvesse doente.
    A Covid-19 é uma doença evitável.  
    Não precisamos de diploma, ocupar cargo, disputar eleições, nenhuma habilidade especializada ou complexa para evitá-la: 
  • higienizar as mãos, 
  • usar máscaras, 
  • manter distanciamento, 
  • não aglomerar. 
    Simples assim, sem nenhum dilema moral. 

     Alguém pode escolher não adotar nenhuma dessas medidas simples. É um escolha com consequências: poderá contrair o vírus ou ainda transmitir para outra pessoa. 
    Nesse caso,  poderá ter ressaca moral, aquela sensação de culpa que corrói a mente por dias e dias, por algo que fez ou deixou de fazer.







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